Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Uma nova chance para ser pai

Amanda Milléo
19/12/2013 02:56
Cerca de 6% dos homens que fazem a vasectomia decidem voltar atrás em busca de uma nova gestação, segundo pesquisa da Universidade de Manchester, no Reino Unido, publicada no ano passado. No Brasil, o número de ‘revertidos’ mantém a média dos britânicos e mostrou crescimento nos últimos anos, conforme percebem médicos urologistas e andrologistas que veem aumentar também o número de pais na casa dos 40 anos ou mais.
Enquanto a cirurgia de vasectomia é rápida, leva até meia hora, a reversão pede técnicas mais complexas, de uma microcirurgia, e pode durar quatro horas ou mais. “O resultado positivo pode chegar a 80% dos casos em cirurgias de vasectomia feitas até três anos antes”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), seção Paraná, Luiz Sergio Santos.
Porém, mesmo utilizando uma técnica avançada e tomando todos os cuidados, ela pode não trazer o resultado esperado. As condições dos tecidos residuais encontrados pelo médico influenciam o sucesso, bem como o tempo de intervalo entre a vasectomia e a reversão. Quanto maior for este período, menor é a possibilidade de retomar a capacidade reprodutiva.
A influência do tempo, segundo o urologista do Departamento de Reprodução Humana da SBU, Renato Fraietta, se dá pela pressão contínua dos espermatozoides. “O testículo não sabe que lá na frente o caminho está impedido e continua produzindo espermatozoides. A pressão que eles fazem pode aumentar e romper microcanais, gerando novas obstruções. O tempo desde a cirurgia da vasectomia e a reversão aumenta esta pressão no sistema”, explica.
No entanto, a situação raramente acontece e, segundo especialistas, tem crescido o número de casos de reversão com resultados positivos em até três décadas de hiato entre as cirurgias. “Muitos acham que a cirurgia de reversão só é válida até cinco anos após a vasectomia, mas não é assim. Isso depende das condições em que o tecido se encontra, a técnica utilizada e, sobretudo, da habilidade do microcirurgião, visto que é um procedimento mais complexo”, explica o urologista do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Fernando Lorenzini.
In vitro ou reversão?
O objetivo principal da grande maioria das reversões é a gravidez. Para tanto, elas são melhor opção em relação à fertilização in vitro. “No caso de a parceira ter 40 anos, a taxa de sucesso da proveta é de 5%, enquanto a da reversão chega a 23%.
Além de poupar a mulher de tomar hormônios e o bebê de poder desenvolver má formação congênita e outras complicações graves”, diz o médico assistente da Divisão de Clínica Urológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e diretor da clínica Androscience, Jorge Hallak.
Porém, não há uma fórmula única para todos os casais. Em alguns casos a mulher está acima dos 40 anos e tem trompas entupidas ou endometriose avançada, o que dificulta a inseminação natural.