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Ministério Público investiga “esponja do BBB16” por suspeita de discriminação racial

Willian Bressan com Estadão Conteúdo
04/02/2016 15:21
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Participante de Curitiba revoltou-se com o acessório. (Foto: Reprodução/Globo)

O uso de um boneco de estética negra como esponja de lavar louças, no programa “Big Brother Brasil 16”, levou a TV Globo a ser investigada pelo Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF-RJ) por suspeita de discriminação racial. A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão enviou ofício à emissora, intimando-a a prestar esclarecimentos dentro do procedimento preparatório instaurado pelo órgão.
A polêmica, inclusive, começou antes de o programa estrear, conforme mostrou o blog Poperô, da Gazeta do Povo. Desde que o programa começou e o boneco foi exibido, diversas representações contra a TV Globo foram recebidas pela seção de atendimento ao cidadão do Ministério Público Federal. Em geral, todas alegaram que o objeto reforça um estigma de comparação entre o cabelo crespo e uma esponja de aço e amplia o preconceito contra o negro no Brasil.
O participante Ronan, de Curitiba, revoltou-se com a esponja e enxergou racismo no utensílio doméstico.“Por que tem que ser um negro? Isso aqui não vai ser usado pra lavar nada”, disse. Logo em seguida, batizou o boneco de Will e fez com que todos os participantes concordassem em dar outro fim para o utensílio que se tornou um enfeite de mesa.
Antes da instauração do procedimento pelo MPF, embora já houvesse repercussão popular contra o utensílio, a Globo havia informado que não tinha a intenção de retirá-lo do programa. Procurada pela reportagem nesta quarta-feira, 3, a emissora carioca informou que “a esponja citada, representando um dançarino disco dos anos 1970, faz parte de uma coleção que retrata ícones de gerações e culturas diversas, como uma moça descolada dos anos 60, um soldado da guarda inglesa e até a rainha Elizabeth”. Segundo a Globo, os “outros modelos estão sendo colocados na casa conforme as necessidades de uso e já podem ser vistos no ar”. Na nota encaminhada para a reportagem, a emissora não comentou a iniciativa do MPF-RJ.
Polêmica antiga
Lançado em 2012 pela marca britânica Paladone, o produto sofreu críticas e repúdio de organizações que lutam contra o racismo nos EUA. Na época, o jornal Daily Mail entrevistou o representante do grupo The Unite Against Facism, que declarou “não ser apropriado, em pleno século 21, passar imagens como essa, que reforçam estereótipos negativos”. A empresa respondeu que o produto era um sucesso de vendas e o objetivo era tornar uma tarefa diária como lavar louça “mais divertida”.