Televisão

Christiane Torloni fala sobre o reencontro com Antonio Fagundes em “Velho Chico”

Estadão Conteúdo
29/04/2016 22:00
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Christiane Torloni como a personagem Iolanda: mulher “temperada”. Fotos: TV Globo/divulgação | Sergio Zalis

Estava tudo certo para Christiane Torloni participar de Haja Coração, próxima novela das 19 horas da Globo, que estreia dia 30 de maio. Mas a atriz acabou escalada para Velho Chico e, com isso, aliou o trabalho às questões ideológicas. Defensora incansável do meio ambiente, a intérprete da romântica Iolanda não esconde o orgulho que sente por poder, enquanto finaliza seu documentário de estreia como diretora, Amazônia, da Cidadania à Florestania: Um Despertar, abordar assuntos ligados aos terríveis resultados da exploração desenfreada da terra. Na entrevista a seguir, Christiane fala sobre sua personagem e o reencontro – 22 anos depois –com Antonio Fagundes, com quem fez par pela última vez na tevê em A Viagem (Globo, 1994).
Como você vê a Iolanda, de Velho Chico?
A Iolanda é uma mulher bem interessante. Já achei muito gostoso o fato de ser uma baiana, uma mulher “temperada”. A referência inicial era de uma espanhola, mas, como fiz uma há pouco tempo, em Amazônia, de Galvez a Chico Mendes (Globo, 2007), a Iolanda passou a ser neta de espanhola, como eu. Levei algumas referências da minha avó para a personagem. E aproveitei bem o nosso período de experimentação no galpão do diretor Luiz Fernando Carvalho.
Como foi essa experiência de preparação?
É importante ver a televisão preocupada em usar todos os instrumentos que os atores podem dar. Estamos muito bem aparelhados por nossa carreira, desde os que têm 5 anos de atividade aos que têm 50. Todos têm sua bagagem e aproveitamos muito disso nas oficinas que as novelas estão promovendo (em sua pré-produção). E tudo isso é comungado entre o elenco. Cada novela precisa ter sua unidade e é isso que traz uma linguagem particular para cada projeto.
Você é uma mulher muito ligada às questões da terra e da natureza. Isso contou na hora de querer fazer Velho Chico?
Olha, isso foi quase um bônus nesse convite. Uma personagem dessa magnitude dentro de um projeto sobre o Rio São Francisco parece uma árvore de Natal para mim, cheia de presentes.
E como está o seu documentário (Amazônia, da Cidadania à Florestania: Um Despertar)?
Trabalhando, meu amigo. Eu descobri por que o cinema se chama a sétima arte! (risos). É bom, estamos trabalhando muito. Ainda não tenho uma data de lançamento, quem sabe não acontece em 2017?
Você fez par romântico com Antonio Fagundes em novelas pela última vez em A Viagem, em 1994, e foi um sucesso estrondoso. Como foi esse reencontro agora, em Velho Chico?
Quase como se fossem os personagens, porque Afrânio e Iolanda se reencontraram anos e anos depois. Eu vejo um pouco dessa forma. Eu e o Fagundes nos cruzamos no cinema, na televisão e comungamos de algumas ideologias. Ele é um cara que não é só o ator que tem química com você em cena. Acho que o primeiro trabalho que a gente fez era Amizade Colorida, em 1981. Sempre que a gente se encontra é muito bom.
Antonio Fagundes como Afrânio: reencontro com Iolanda (e Christiane).
Antonio Fagundes como Afrânio: reencontro com Iolanda (e Christiane).
Falam muito que Velho Chico é uma volta ao folhetim clássico. Você, que é uma atriz que participou de diversas novelas, como analisa isso?
Eu acho muito bom. Temos tantas receitas magníficas, para que vamos mudar, por exemplo, um brigadeiro? Existem diversas formas de fazer, mas os ingredientes principais não podem ser mexidos. A Ivani Ribeiro trabalhava assim também, bebia nos grandes clássicos. E eles vivem no inconsciente coletivo. Suas heroínas eram incorretas e isso é muito interessante. A Dinah mesmo, de A Viagem, era insuportável! Esse processo de humanização dos personagens é o que faz com que o público se identifique.
Você ia fazer Haja Coração, mas depois entrou em Velho Chico. Como foi essa mudança?
Eu adoro o Daniel (Ortiz, autor), mas ele mesmo falou que eu deveria fazer Velho Chico. E o Silvio de Abreu também. É bom quando rola essa benção. Fiquei tranquila e feliz.
A Iolanda é uma personagem que balança você?
Meu amor, você já viu uma atriz interpretar uma baiana e não balançar? Se eu não balançar, você vai dizer que eu errei! (risos)
Como foi o entrosamento entre você e a Carol Castro, já que vocês dividiram a personagem?
Quando a gente usa essa expressão, me dá a sensação literal de “divisão” e não foi isso que aconteceu. Trata-se da mesma personagem e foi uma sorte porque fizemos um filme do Márcio Garcia (Angie) e ali teve um encontro que favoreceu essa afinação. Trabalhamos nosso DNA ali. A gente, da segunda fase, pôde assistir à novela antes de começar a gravar e isso foi muito interessante. Pudemos aprender vendo as atuações dos nossos colegas.