Televisão

A Regra do Jogo faz boa estreia e mostra Nero livre do Comendador

Willian Bressan
01/09/2015 11:50
Thumbnail
No primeiro capítulo, Romero Rômulo salvou um grupo de reféns de um sequestro, mas o público descobriu que, na verdade, ele faz parte de uma facção criminosa. (Foto: Estevam Avellar/Globo) 
A estreia de A Regra do Jogo na segunda (31) começou surpreendendo: os capítulos terão títulos – a exemplo dos episódios das séries americanas – e cada episódio é escrito com começo, meio e fim. Uma característica já conhecida de outros trabalhos de João Emanuel Carneiro.
O primeiro capítulo deixou claro que o autor está disposto a fazer o jogo de gato e rato com telespectadores e a derrubar por terra a velha máxima do folhetim que um personagem precisa ser 100% bom ou mau. A dubiedade dos personagens  – tal qual no jogo de xadrez das chamadas e da abertura – e o lado claro e escuro do ser humano.
Quem tem coragem de julgar a mocinha Tóia (Vanessa Giácomo) que roubou quase 30 mil reais de sua patroa para pagar a cirurgia de sua mãe, Djanira (Cássia Kis) que poderia morrer a qualquer momento? E o que dizer de Romero Rômulo (Alexandre Nero), o herói do povo, que na verdade, parece ser um bom farsante? Nero, aliás, se livrou completamente do “espírito” do Comendador José Alfredo de Império e avisou ao Viver Bem  que o público precisa ficar esperto – a exemplo de A Favorita (2008) – para não ser enganado.
Quem brilhou nas redes sociais foi a personagem Atena, a vilã interpretada por Giovanna Antonelli, que chegou dando vários golpes e sendo dona de uma sinceridade áspera e que em nada lembra a sua outra vilã, Bárbara, interpretada em Da Cor do Pecado, também de João Emanuel Carneiro. Criticando Neymar, a primeira cena logo fez o nome da atriz parar nos termos mais comentados do Twitter.
A abertura inspirada no jogo de xadrez das chamadas – revelando o lado bom e ruim ou claro e escuro do ser humano – dividiu as opiniões nas redes sociais. Se por um lado é muito mais bonita graficamente e em nada lembra Babilônia, a música escolhida  – “Juízo Final” – na voz de Alcione parece não ter combinado com a proposta.
A direção de Amora Mautner – com a estreia da caixa cênica (e câmeras escondidas) – trouxe mais dinamismo à novela e bela a fotografia também merece elogios.
A proposta de fazer um “híbrido” entre reality e novela ficou claro quando uma repórter da ficção apareceu usando um microfone com o símbolo da Globo. Prática proibida durante muitos anos pelo entretenimento da emissora, por promover essa “mistura” entre realidade e ficção, a inovação ainda merece ser melhor analisada.
Como Babilônia, A Regra do Jogo estreou bem. Resta saber se terá fôlego para manter o ritmo nos próximos capítulos.