Turismo

Condições precárias do Beto Carrero colocam o parque na lista de “perigosos”

Marina Mori, especial para a Gazeta do Povo
03/05/2017 16:42
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Foto: Divulgação | Luiz Pires/FOTOJUMP

O Beto Carrero World foi considerado um dos parques de diversão que mais apresentam problemas, segundo a Proteste – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor. Condição dos brinquedos, infraestrutura e acessibilidade foram alguns dos itens avaliados pelo estudo, realizado em fevereiro de 2017 e publicado nesta semana. Além do Beto Carrero, localizado no litoral norte de Santa Catarina, outros parques receberam críticas, como o Hopi Hari, Parque da Mônica e Parque Marisa, todos de São Paulo. Todos foram escolhidos aleatoriamente e as visitas realizadas de forma anônima.
Em outubro do ano passado, a Proteste realizou um estudo sobre parques de diversão itinerantes em três estados brasileiros e encontrou uma série de falhas. Por isso, surgiu a ideia de investigar os parques de diversão fixos e de relevância nacional.
Detalhe da tenda enferrujada.
Detalhe da tenda enferrujada.
“Os parques são reconhecidos por excelência e têm aspectos positivos, mas há o que melhorar, tanto no trato com o consumidor quando na questão de estrutura”, afirma a engenheira de segurança da Proteste e coordenadora do estudo, Viviane Terra.
Brinquedos
O Beto Carrero World foi inaugurado em 1991 e fica a 207 quilômetros de Curitiba, na cidade de Penha, em Santa Catarina. É dividido em 9 áreas temáticas, com inúmeras atrações. Algumas delas foram destacadas pela Proteste devido a falta de manutenção e segurança.
Um dos escorregadores espalhados pelo parque estava com pinturas descolando, escadas enferrujadas e com ausência de materiais que atenuam o impacto de queda, como areia e grama.
O brinquedo ‘Bolha Aventura’ está com a treliça de apoio da estrutura solta, sobrecarregando as demais. Segundo a especialista, esse é um problema gravíssimo. “É absurdo. Essa falta de fiscalização pode causar um acidente e machucar gravemente alguém”, afirma.
Outro destaque negativo foi a ferrugem que tomou conta do topo de uma tenda que mantém a estrutura das lojas de “Bang Bang” e do “Sorveteiro Maluco”. “Se isso soltar, ganha força e pode se tornar um acidente fatal. É algo simples de resolver, não pode deixar chegar nesse estado.”
O teleférico, equipamento que cruza quase o parque inteiro, estava em péssimas condições, com ferrugem na estrutura que suporta a escada de acesso ao brinquedo, cabines e vidros quebrados. Em uma segunda visita, porém, a atração já se encontrava em manutenção. Para a especialista, a rápida resposta é um sinal positivo.
A Big Tower, uma das atrações mais famosas do Beto Carrero, aparentemente não teve problemas. Como a análise foi feita de forma anônima, os especialistas não puderam verificar todos os brinquedos por conta do acesso. “Acompanhamos os cliques, o desempenho do funcionário, a proteção e esses parâmetros estavam corretos, mas isso não significa que o brinquedo está em boas condições”, alerta a especialista.
Beto Carrero World. Foto: Divulgação
Beto Carrero World. Foto: Divulgação
Consumidor
Preços exorbitantes, filas intermináveis expostas ao sol e chuva e ausência de ambientes climatizados e bebedouros são as reclamações mais frequentes dos usuários, de acordo com a Proteste. Além disso, a prática do parque em proibir a entrada de alimentos e bebidas, forçando o visitante a consumir apenas o que é comercializado nas dependências, é considerada abusiva pela associação.
Com o estudo, a Proteste espera que os parques identifiquem os problemas apontados e realizem uma fiscalização interna o quanto antes. “O intuito desses locais é promover a diversão e não expor o consumidor a riscos”, diz a engenheira.
Acesso perigoso
Outro ponto reprovado no estudo foi o acesso ao parque para quem não vai de carro. Como é localizado na Rodovia Beto Carrero, quem está hospedado nos hotéis da redondeza ou quem vai de ônibus precisa cruzar a via expressa sem nenhuma segurança. “Muitas pessoas pegam as crianças no colo e correm para atravessar a rodovia. Não tem semáforos, faixa de pedestre ou um redutor de velocidade e, nesse ponto, isso é uma responsabilidade da prefeitura”, aponta.
Em resposta, a assessoria da prefeitura de Penha, município de Santa Catarina, explicou que a responsabilidade pela Rodovia Beto Carrero é do estado e, por isso, não há como intervir. Por outro lado, afirmou que há um projeto, atualmente elaborado pela Secretaria de Planejamento, para criar uma passarela que liga a rua Alfredo Brunetti, onde está a maior parte dos hotéis, à entrada do parque.
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