Turismo

Um dos mais altos do Brasil, viaduto cartão-postal é proibido para turistas

Agência RBS
24/06/2017 08:00
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Viaduto 13 está localizado na cidade de Vespasiano Corrêa, no Rio Grande do Sul (Foto: Reprodução)

A estrutura do Viaduto 13, localizado na cidade de Vespasiano Corrêa, no Rio Grande do Sul, serve à malha ferroviária e tem o mais alto vão da América Latina. Também ocupa uma das posições entre os viadutos mais altos do mundo: 143 metros de altura e 509 de comprimento. Esse gigante às margens do Rio Guaporé atrai milhares de turistas anualmente, mas é exatamente a presença desses turistas que tem preocupado a concessionária da ferrovia, Rumo, empresa do Grupo Cosan.
No último final de semana, o principal acesso ao viaduto recebeu reforço de segurança. A medida foi tomada como resposta a reportagens e materiais de divulgação que incentivavam a população a conhecer o lugar. O Viaduto 13 é o principal ponto turístico de Vespasiano Corrêa, mas transitar sobre o vão e o túnel ferroviário que lhe dá acesso é proibido pelas leis de segurança do transporte ferroviário no Brasil. Ainda assim, centenas de pessoas procuram o local para registrar fotos do vale ou praticar esportes.
Na base do viaduto, há riachos e uma área de Mata Atlântica que aumentam a exuberância do passeio. Contemplar essa beleza, no entanto, expõe os turistas a riscos. No topo da grande ponte, há apenas uma mureta baixa que separa turistas do penhasco. Também não há sinalização sobre a aproximação dos trens, tampouco o horário em que os vagões devem cruzar a ferrovia.
O Viaduto 13 é um dos mais altos do mundo (Foto: Wikipedia commons)
O Viaduto 13 é um dos mais altos do mundo (Foto: Wikipedia commons)
O prefeito de Vespasiano Corrêa, Marcelo Portaluppi (PP), entende que a área pode oferecer riscos, mas ressalta que não se tem notícia de acidentes por lá e teme que a medida esvazie o turismo na área. Na quarta-feira, ele organizava um ofício à concessionária, em que se colocaria à disposição para ajudar a melhorar a sinalização do lugar, já que considera impossível evitar a visitação. Portaluppi reforça que a base da estrutura, onde ficam áreas de camping, não sofre com a restrição.
“É inevitável que as pessoas visitem o viaduto. Só se tivéssemos um vigia 24 horas”, diz o prefeito.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Rumo informou que a proibição – que sempre existiu – restringe-se à área de ferrovia e que não há licença para atividades de empresas de ecoturismo ou esportes de aventura no local. A concessionária ressaltou que há um risco alto de atropelamento e também de queda, já que não é possível prever o horário exato de passagem dos trens.
Os pontos de recuo, ao lado dos trilhos, também não são adequados ao refúgio de pessoas. “O local é área operacional, destinado exclusivamente ao transporte de cargas e não deve ser utilizado sem autorização da Rumo e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Caso a área seja utilizada irregularmente, a companhia tomará as medidas cabíveis”, informou a concessionária, em nota.
A ANTT informa que não chegou a notificar a concessionária sobre a presença de pessoas no viaduto, mas reforçou, também em comunicado que, por questões de segurança da operação, “o acesso não deveria existir”.
O que fazer com os turistas?
Nas redes sociais, o aperto na fiscalização no Viaduto 13 levantou discussões em grupos de ecoturismo e aventura. O corretor de imóveis Cesar Blatt, 45 anos, sai de Santa Maria pelo menos quatro vezes ao ano com destino ao viaduto para fazer rapel. Ele desconhecia a proibição real sobre o uso do trecho, mas acredita que, diante da procura que o local tem, seria importante os órgãos competentes tentarem uma solução que contemple turismo, ecoesportes e segurança. Para ele, um trabalho de conscientização dos visitantes – tanto na base quanto no topo do viaduto – e fiscalização poderia garantir essa convivência sem risco de acidentes.
O dentista Marcus Metz, 38, morador de Lajeado, conhece o local desde criança e nota que, ano a ano, é mais procurado. “Não se pode menosprezar o potencial turístico, mas tem de se estar atento a essas questões de segurança. Tem de haver um controle”, pondera.
Jornalista e blogueiro, o capixaba Altier Moulin, 37, publicou, dois anos atrás, uma longa reportagem sobre o cartão-postal de Vespasiano Corrêa, mas tomou o cuidado de reforçar a proibição do trânsito de pessoas sobre a ferrovia. “Do ponto de vista turístico, é uma pena que seja proibido, mas quanto à segurança, a empresa está certa. Se acontece alguma coisa ali, quem se responsabiliza?”
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