Turismo

Guia para a sua primeira viagem internacional

Camille Bropp Cardoso
18/04/2015 15:30
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Ter a entrada barrada num país estrangeiro, gastar bem mais do que se tem, ficar doente e sem ajuda, perder a viagem por causa de uma catástrofe climática. Essa é uma lista de situações possíveis de ocorrer quando se aventura para o exterior e que soam terríveis para qualquer viajante, dos mais aos menos calejados. Riscos sempre existirão, mas é possível reduzi-los com algumas lições. Para isso, o Viver Bem ouviu viajantes experientes, que deixaram claro, antes de tudo, a base de todo o planejamento de viagem: ler e reler tudo o que puder sobre o destino desejado. Confira a seguir o que você precisa saber cair no mundo:
Pacote ou por conta própria?
Depende. Quem não tem um perfil planejador ou não se importa em ter que cumprir prazos durante a viagem pode optar por pacote fechado. Há quem pesquise os preços dos pacotes para ter parâmetro – assim, fica-se sabendo se a viagem planejada por conta própria está com gastos condizentes. Os pacotes também ajudam os viajantes inseguros. “Amo planejar viagens, então não costumo usar pacotes. Mas, em 2008, usei para viajar com minha mãe e tias, porque elas não eram acostumadas a sair do país e se sentiram mais seguras assim”, conta Clarissa Comim, do blog Viagem e Viagens.
E o visto?
Atualmente, 66 nações não exigem visto de brasileiros. A lista tem estados europeus, África do Sul, Coreia do Sul, Andorra, Geórgia e Hong Kong. Países da África e os EUA têm regras rígidas sobre o documento, que demora a ser expedido. Poderia ser pior: por incrível que pareça, o passaporte brasileiro é o 21.º mais aceito do mundo, segundo o ranking da consultoria Henley & Partners. Ou seja, 146 nações não veem problemas em receber brasileiros.
Fazer seguro viagem ou não?
Nem sempre haverá escolha. O seguro é obrigatório na Europa, que exige prêmio mínimo de 30 mil euros. Agora, se puder optar, não pense duas vezes. “O custo é baixo comparando com o risco. Uma internação custaria muitíssimo mais caro”, explica Junior Caimi, editor do blog Trip Trip. “Precisei usar seguro de extravio de bagagem e para atendimento médico. Também contrato para atividades radicais, porque meu perfil é aventureiro”. Uma opção para não ter custos extras é checar se o seu cartão de crédito oferece o seguro, às vezes embutido nos serviços.
Como alugo um carro?
O seu sonho é uma “road trip”? Então confira as exigências dos países para saber se a carteira de habilitação brasileira (CNH) é aceita. Nos países do Mercosul, não há problemas. Na Europa, o documento vale, em geral, por um ano. Alguns países aceitam a Permissão Internacional para Dirigir (PID), que pode ser tirada nos Detrans a uma taxa de cerca de R$ 115. Outras nações ainda estipulam critérios (como a idade do motorista) ou exigem que o documento fique registrado na polícia. No caso dos EUA, leve as duas (CNH e PID), porque a lei muda em cada estado.
Sozinho tem perigo?
Tem, mas há jeito. A jornalista Luciana Panke, especialista em viagens solo, tem uma regra para andar por lugares mal falados: não sair sozinho à noite nem exibir câmeras, além de caminhar com “cara fechada e olhos abertos”. Países de cultura machista – dos quais até o Brasil faz parte, segundo o jornal britânico Daily Mail – são inseguros para mulheres viajarem sozinhas. “No Marrocos, me senti muito assediada. Os homens nos olhavam, falavam coisas incompreensíveis e quase nos tocavam”, diz Luciana, que também não curtiu o assédio na América Central.
Low cost vale?
Junior Caimi: voo em low cost acabou ficando caro.
Junior Caimi: voo em low cost acabou ficando caro.
Apesar de cobrarem mais barato, essas empresas aéreas têm seus poréns. Entre eles, atuar em aeroportos distantes das capitais – o deslocamento, portanto, pode diluir a economia. Também é preciso ler as regras e não ser exigente. As low costs costumam ter assentos desconfortáveis, ser mais exigentes com o peso da bagagem, dispensar serviço de bordo e deixar a ver navios clientes desinformados. “Voei de Ryanair na Europa e tive que pagar uma taxa de 90 euros porque não fiz o check-in pela internet, mas no balcão”, conta Junior Caimi. Para economizar, o viajante com tempo disponível pode adotar um hábito europeu: ficar de bobeira nos aeroportos à espera de promoções-relâmpago, lembra Raquel Apolo.
Devo ficar atento às estações?
Clarissa Comim e Omar Cassol precisaram antecipar a volta da lua de mel por causa dos furacões.
Clarissa Comim e Omar Cassol precisaram antecipar a volta da lua de mel por causa dos furacões.
Conferir o clima do país é essencial para que a viagem não seja interrompida, como foi a lua de mel de Clarissa Comim em 2012. Ela e o marido, Omar Cassol, ignoraram a temporada de furacões do Caribe, entre julho e novembro. Resultado: dos sete dias em Punta Cana, quatro foram passados no quarto do hotel, enquanto o furacão destroçava o Sul dos EUA. “Mesmo quando passou, o mar havia invadido as piscinas e havia destroços por todos os lados”, conta. Anote outros períodos a se evitar certos países: as monções no Sudeste da Ásia ocorrem de maio a outubro; janeiro e fevereiro são meses de nevasca nos EUA.
Vale a pena ler guias e blogs?
Os blogs expressam opiniões pessoais, o que pode ser válido se o perfil do turista se encaixar ao do autor. “É um texto subjetivo, que depende da experiência pessoal do sujeito que viajou”, explica Raquel Apolo, coordenadora do curso de Turismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Ainda assim, a troca de informações sempre será válida. Portanto, antes de viajar, faça uma imersão no país escolhido para ter apenas surpresas boas. Guias impressos, em especial os de editoras famosas, como os da Michelin ou os Blue Guides, são ótimos para conhecer mais sobre a história dos países e costumam se manter atualizados. A exceção pode ocorrer quando citam o “restaurante da vez”, por exemplo. Não raro, o local não é tão hype assim ou aumentou os preços no momento em que o guia cai nas mãos do turista.  Não deixe ainda de ficar atento ao noticiário do país. Afinal, ninguém quer ser surpreendido por uma crise militar enquanto visita um dos milhares de templos budistas de Mianmar (ou Birmânia), no Sul da Ásia.