Turismo

Território sem país e destinado à pesquisa, Antártida atrai cada vez mais turistas

Carolina Werneck
09/04/2018 17:00
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Turismo no continente tem como atrativos a fauna antártica e a experiência única de conhecer lugares pouco explorados. Foto: Divulgação

Infinitos brancos que contrastam com o azul profundo do oceano e o azul claro de alguns pontos dos icebergs. Esta é a paisagem predominante na Antártida. Único pedaço de terra banhado pelos três oceanos do mundo, esse é possivelmente um dos lugares menos explorados até hoje.
Mas o turismo no Polo Sul é possível e atraiu mais de 36 mil pessoas só na temporada 2016/2017. As informações são da Associação Internacional dos Operadores de Turismo Antártico (IAATO, na sigla em inglês).
Faz menos de 30 anos que a Antártida se tornou um destino turístico. Até o começo dos anos 1990 só pisavam no continente cientistas e alguns poucos destemidos, a convite de governos ou organizações de pesquisa. É que o território antártico não pertence oficialmente a nenhum país. Até 2040 não pode ser reivindicado por ninguém e destina-se exclusivamente à pesquisa. Isso de acordo com o Tratado da Antártida, assinado em 1959 por mais de 50 países.
As paisagens antárticas são de tirar o fôlego. Foto: Divulgação
As paisagens antárticas são de tirar o fôlego. Foto: Divulgação

Como chegar à Antártida?

A maior parte das saídas para o continente gelado é feita a partir de Ushuaia, na Argentina, cidade mais austral do mundo e fica a apenas mil quilômetros do Polo Sul. De acordo com Zelfa Silva, que coordena pacotes para lá por meio de dois operadores membros da IAATO, essa é uma viagem única. Ela mesma já fez essa travessia nada menos que 15 vezes.
É em navios que a maior parte dos turistas chega à Antártida. Foto: Divulgação
É em navios que a maior parte dos turistas chega à Antártida. Foto: Divulgação
“Antigamente era um passeio para quem já tinha viajado o mundo todo, mas isso mudou. Hoje vai muita gente jovem, jovens empresários, casais jovens e sem filhos. É uma viagem de aventura, de natureza”, conta Zelfa. A nacionalidade dos interessados também mudou. Antes eram principalmente australianos, americanos, canadenses, alemães, ingleses e suíços. Nos últimos cinco anos há muitos chineses e muitos hindus.

Quanto custa?

Como a viagem é uma joia, o preço tampouco é de bijuteria. Ver de perto as terras antárticas custa em torno de US$ 8 mil ou US$ 9 mil dólares por pessoa (algo entre R$ 27 mil e R$ 30 mil). E os aéreos de ida e volta para Ushuaia não estão inclusos.
Por outro lado, fazem parte do pacote três refeições ao dia, além do chá da tarde, tudo sempre a bordo do navio. O próprio navio serve de hotel — e não qualquer um. “É um hotel cinco estrelas, porque estamos indo para o fim do mundo, em clima totalmente inóspito, então se valoriza muito a parte da experiência”, diz Zelfa.
Não há hotéis na Antártida. Por isso os viajantes permanecem nos navios e descem apenas para incursões rápidas. De acordo com a IAATO, “um pequeno número de pessoas (452 na última temporada) voa para o interior do continente, onde fica em acampamentos”.
Muito gelo, muito branco e muitos tons de azul no continente gelado. Foto: Divulgação
Muito gelo, muito branco e muitos tons de azul no continente gelado. Foto: Divulgação
Mas é preciso planejamento. A maior parte das pessoas costuma reservar suas vagas com antecedência de quase um ano. Isso porque as viagens só podem ser feitas no verão. Vários dos pacotes coordenados por Zelfa para a temporada 2018/2019, por exemplo, já estão quase esgotados. Mais informações sobre os pacotes e valores você encontra no site da operadora comandada por ela, que fica em Porto Alegre.

Que há para ver?

muito a se fazer durante o passeio. São programadas duas descidas por dia em território antártico. Para isso os passageiros usam botes infláveis e podem desfrutar tanto da paisagem quanto da proximidade com a fauna local. Pinguins são quase onipresentes, é verdade, mas também há encontros com outros animais. Com um pouco de sorte, até mesmo baleias podem ser avistadas.
Para quem quer ainda mais aventura há atividades extras, cobradas separadamente. É possível, por exemplo, navegar em caiaques, praticar stand up paddle e até mesmo acampar uma noite em solo antártico. Mas atenção: todas essas atividades só podem ser feitas se o tempo estiver bom. Quando o assunto é Antártida, nada garante que haverá sol e pouco vento.
Algumas estações científicas fazem parte do roteiro de paradas dos botes infláveis. Mas não se pode garantir visitas específicas a essas estações ou mesmo encontros com os cientistas que trabalham nelas.
Viajantes fotografam uma baleia que passa pertinho do barco inflável. Foto: Divulgação
Viajantes fotografam uma baleia que passa pertinho do barco inflável. Foto: Divulgação

Meio ambiente

Quando se fala em turismo antártico é fundamental lembrar a importância de se preservar a fauna e a flora locais. Para isso, é necessário escolher operadores que estejam ligados à IAATO. Essa filiação vai garantir que todas as medidas estão sendo tomadas para que sua viagem à Antártida seja o menos prejudicial possível ao meio ambiente.
“Cuidar do ambiente da Antártida é o motivo de a IAATO existir. Os membros trabalham juntos para criar políticas, procedimentos operacionais e requisitos de filiação para proteger a Antártida”, diz a IAATO.
A proteção ao meio ambiente é uma preocupação permanente. Foto: Reprodução/Facebook IAATO
A proteção ao meio ambiente é uma preocupação permanente. Foto: Reprodução/Facebook IAATO
Mas cabe também a cada viajante fazer sua parte para ajudar nessa proteção, afirma a associação. “Como visitante, a chave é ler e pesquisar antes de ir para lá para entender suas responsabilidades e ouvir com atenção seus guias que, se são membros da IAATO, fazem testes todos os anos sobre a associação e o Acordo da Antártida.”

Dicas práticas da IAATO:

-Assegure-se de que tudo esteja muito limpo – capinhas de câmera, sapatos e roupas. Isso evita levar sementes, plantas ou outros organismos que poderiam prejudicar o ambiente antártico.
-Mantenha-se sempre à distância mínima permitida da vida selvagem – que é de cinco metros.
-Mexa-se devagar e com cuidado para não causar transtornos aos animais e lugares históricos.
-Esteja sempre atento ao que está acontecendo ao seu redor.
-O uso de drones não é permitido, a menos que você seja um cientista ou outro profissional com uma autorização para isso.

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