Turismo
Alguns dos lugares turísticos mais lindos do mundo não querem mais turistas
Veneza, na Itália: restrições para turistas para proteger Patrimônio Mundial. Foto: Visual Hunt
Protestos contra turistas podem parecer estranhos para quem é do Brasil, já que o país inteiro recebe menos visitantes do que várias cidades do mundo conseguem atrair sozinhas em um ano. Turismo demais, no entanto, pode ser uma coisa ruim, conforme deixaram claro cartazes e pichações em locais como Veneza e Barcelona nos últimos meses. Houve quem se referisse aos visitantes como “invasores”, e até como “terroristas”.
A onda foi chamada de “turismofobia” por jornais, e motivou uma resposta da Organização Mundial do Turismo (OMT): o crescimento do turismo não é o inimigo, argumentou; o que importa é como ele é gerenciado.
Visitantes em excesso podem fazer mal a destinos muito procurados superlotando regiões centrais, provocando aumento nos custos de moradia ou ameaçando o meio-ambiente e patrimônios culturais. É isso que alguns lugares estão tentando evitar com medidas de restrição do turismo. Veja algumas delas:
1. Barcelona
Não é de hoje que a Barcelona está preocupada com o aumento descontrolado de visitantes. A atual prefeita, Ada Colau já alertava que o turismo estava ameaçando o modo de vida da cidade antes mesmo de ser eleita, em 2015. Em janeiro deste ano, a cidade aprovou uma lei que limita o número de leitos para turistas e interrompe a construção de novos hotéis. O número de visitantes em Barcelona, que tem 1,6 milhão de habitantes, foi estimado em 32 milhões em 2016.
2. Veneza
Todos os dias, um intenso fluxo de turistas abarrota os canais estreitos da cidade histórica — muitos, despejados por gigantescos navios de cruzeiro. Estima-se que mais de 28 milhões de visitantes passem pela cidade todos os anos. Os 55 mil residentes estão fartos e a Unesco, preocupada: no ano passado, a organização ameaçou listar Veneza entre os patrimônios ameaçados caso o governo local não tomasse medidas para protegê-la. A cidade estuda medidas como maior fiscalização do comportamento de turistas, controle do número de visitantes e limitação de leitos.
3. Amsterdã
3. Amsterdã
Com uma população de cerca de 850 mil pessoas, a capital holandesa recebeu cerca de 17 milhões de visitantes em 2016. No começo do mês, moradores protestaram contra o aumento do número de turistas, que não parou de crescer apesar de medidas como uma moratória contra a criação de novos empreendimentos hoteleiros. Agora, a cidade estuda cobrar uma tarifa de até 10 euros por noite de cada visitante, além de aumentar de 5% para 6% a taxa atualmente cobrada sobre o valor do quarto, reportou o jornal britânico “The Guardian”.
4. Santorini
A famosa ilha grega implantou neste ano um limite de 8 mil visitantes por navio. A medida foi tomada para conter os mais de 10 mil visitantes que estavam chegando de cruzeiro durante a alta temporada — houve registro de 18 mil num único dia. Moradores dizem que o lugar não tem suportado tanta gente. Segundo o “Guardian”, cerca de 2 milhões de pessoas devem visitar Santorini em 2017.
5. Machu Picchu
O governo do Peru mudou as regras de visitação no santuário Inca por recomendação da Unesco, que ameaçou incluir a cidade histórica na lista de patrimônios ameaçados — título nada honroso outorgado a lugares atingidos por guerras ou abandonados por governantes. Desde julho o fluxo de visitantes passou a ser limitado e dividido em turnos, e a visita passou a respeitar rotas definidas previamente, sempre com a presença de guias autorizados.
6. Dubrovnik
Depois de atingir a marca de 10 mil visitantes em um único dia em seu centro histórico, que é considerado Patrimônio Mundial, esta cidade medieval na costa da Croácia anunciou que limitaria as visitas diárias a 8 mil pessoas em janeiro, por recomendação da Unesco. O novo prefeito da cidade quer uma medida mais radical para defender a qualidade de vida dos moradores, segundo o “Telegraph”: limite de 4 mil.
7. Islândia
O país de apenas 332 mil habitantes viu o número de turistas dar um salto nos últimos: a expectativa é receber 2,3 milhões de visitantes em 2017, o que fez o governo começar a estudar medidas para restringir o acesso a atrativos naturais mais frágeis. Dentre as opções consideradas estão novas taxas a serem cobradas dos visitantes. A Islândia também levantou restrições ao Airbnb (a plataforma é considerada um problema em lugares que precisam controlar a expansão de habitações voltadas para o turismo).
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