Turismo

Não precisa contar com a sorte

Gabriel Azevedo
03/01/2013 02:02
Alguns dos lugares mais bonitos (e visitados) do planeta são constantemente atingidos por fenômenos súbitos de origem natural. Só em 2012, Filipinas, Itália, China, Guatemala, Ucrânia, Romênia, Polônia, França, Alemanha, Jamaica, México, Porto Rico, República Dominicana, Cuba, Bahamas, Estados Unidos e Canadá sofreram com terremotos, inundações, ondas de calor, nevascas, furacões, tufões e ciclones.
Mas, com uma boa programação, dá para conhecer esses destinos sem correr riscos. Não é possível prever com precisão quando terremotos vão acontecer ou vulcões entrarão em erupção, mas há períodos do ano em que alguns fenômenos naturais são mais comuns em determinadas regiões. É o caso da temporada de furacões no Caribe e nos Estados Unidos, as nevascas; as ondas de calor na Europa, e as chuvas na África e Ásia.
De acordo com a gerente de produtos internacionais da operadora de turismo Schultz, Marina Leal, está cada vez mais difícil determinar as estações climáticas, mas seguindo algumas orientações sobre os destinos dadas pelos agentes de viagem é possível evitar que se acabe comprando “gato por lebre”. Isso acontece porque muitas vezes os preços baixos e promoções para períodos chuvosos ou mais propícios para incidentes naturais acabam atraindo famílias em férias. Escolha essa que, definitivamente, não é um bom negócio. “Essa não é a melhor forma de economizar”, diz. O segredo para não entrar numa roubada, conta Marina, é a informação. “Quanto mais informação o agente e o turista, tiverem, melhor”, revela.
Consultando o histórico meteorológico da região, é possível descobrir os meses de maior incidência de eventos climáticos e programar as viagens sem medo. Afinal de contas, até uma semana de chuva intensa pode acabar com viagem de férias planejada há meses.
O engenheiro florestal curitibano Guilherme Canever, 36 anos, que conhece mais de 75 países, conta que o medo de viajar diminui consideravelmente à medida que as pessoas se informam sobre a região. “Normalmente o receio está muito mais ligado com à falta de informação sobre o destino do que com o lugar em si”, diz.
No entanto, o experiente viajante lembra que o clima tem uma influência direta no planejamento do roteiro e datas da viagem. “Algumas regiões têm temporadas de chuva bem definidas. Tento montar uma logística para fugir dos períodos de chuva intensa, partindo antes de elas iniciarem”. Em outras regiões, é o frio que pode ser o problema. A neve fecha estradas, inviabilizando o transporte terrestre. O calor intenso também pode atrapalhar uma viagem em certas regiões.
Quando o desastre é a atração
Em geral, agentes e operadores de turismo tradicional têm calafrios ao ouvir falar de catástrofes naturais. Afinal, quem seria louco de visitar uma região devastada por um tufão ou ir a um lugar que pode de ter um desabamento a qualquer momento?
Mas, em muitos países, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, cresce o número de agências especializadas no chamado turismo de catástrofe, especializadas em levar pessoas comuns ao epicentro das tragédias globais, como furacões, vulcões em atividade cuspindo lava e áreas devastadas por terremotos e maremotos. É preciso ter muito mais do que disposição, pois esse tipo de visitas custa caro.
A empresa dos Estados Unidos Storm Chasing Adventure Tours (www.stormchasing.com), por exemplo, leva pessoas quase no olho do furacão por US$ 2.400, com direito a perseguição dos tornados que varrem o Meio-Oeste dos Estados Unidos.
A empresa possui radares e equipamentos de detecção próprios. São tão bons que acabam oferecendo ao turista um benefício extra: a possibilidade de estar ao lado de um dos maiores especialistas americanos no assunto, que pega carona nas atividades da Storm Chasing. Cada grupo chega a juntar 20 turistas. As fotos, algumas estão disponíveis no site da empresa, fazem inveja ao ensaio fotográfico protagonizado pela modelo Nana Gouvêa após a passagem do furacão Sandy em Nova York.
A Disaster Tourism (disastertourism.co.uk) é outra agência que oferece uma série de opções para quem quer entender o que atrai tanta gente a viver situações que afugentam a maioria da humanidade. A agência inglesa leva pessoas para conhecer áreas devastadas por tsunamis, terremotos, tufões e vulcões em atividade. Como cada pacote é planejado individualmente, só esse processo de criação sai pelo equivalente a R$ 420. Os preços dos passeios, com duração máxima de duas semanas, chegam a R$ 70 mil. No Brasil, a Maktour (www.maktour.com.br) também leva turistas para conhecer vulcões ativos no Chile e no Havaí.
Mas para aqueles que acham que as viagens são só festa, cuidado! A empresa exige respeito e consideração dos turistas com aqueles que foram atingidos pela catástrofe. “Não queremos explorar a dor e as perdas geradas pelos eventos”, avisam em seu site.