Turismo
Passagens aéreas ficam mais caras dependendo dos sites em que você navega
De acordo com a Anac, ainda não há companhias aéreas no Brasil utilizando o novo sistema. Foto: Creative Commons.
Os sites em que você pesquisa passagens aéreas e até mesmo as companhias em que costuma viajar podem influenciar no preço cobrado pela tarifa no futuro. Tal qual o Uber e outros aplicativos de transporte, algumas empresas já estão adotando o sistema de “tarifa dinâmica” na hora de apresentar os preços das passagens, e os rastros que deixamos quando navegamos pela internet podem influenciar isso.
A empresa de tecnologia americana Pros, responsável pelos programas utilizados por 80 companhias aéreas do mundo, anunciou que está implementando este tipo de ferramenta em seus canais de busca. Pelo menos 11 delas já utilizam este sistema.
Em entrevista ao portal Travel Weekly, o diretor da Pros, John McBride, afirmou que a plataforma consegue criar um perfil do comprador e, a partir disso, determinar um preço específico mais caro ou mais barato. “Para a compra de passagens aéreas, o preço dinâmico seria calculado a partir dos cookies do computador do usuário, considerando o histórico de voos e pesquisas já feitos por ele e até se possui ou não um cadastro em programas de fidelidade”. A reportagem do Viver Bem tentou entrar em contato com a Pros, mas não obteve retorno.
Em outras palavras, se você utiliza muito uma determinada companhia aérea, terá alguns descontos na sua próxima viagem. Se faz parte do programa de fidelidade dela, outros mais. Mas, se nunca viajou com a empresa, terá um preço mais elevado. “Por exemplo, se uma pessoa busca passagens para uma viagem de uma noite no meio da semana entre Nova York e Chicago, a plataforma pode entender que ela está viajando a negócios, e então preparar tarifas que se encaixem nesse perfil”, exemplifica o site da empresa.
Quais companhias?
O diretor da Pros afirmou que não pode revelar quais companhias aéreas do mundo já adotam o sistema, mas acredita que não vai demorar muito para que todas as 80 passem a utilizar a tarifa dinâmica. Pelo menos aqui no Brasil, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que não há nenhuma empresa com este sistema de tarifa.
Mas, a própria Anac afirma que não haveria nenhum impedimento legal para que isso fosse adotado aqui. Em uma nota enviada à reportagem, a agência reguladora diz que “a precificação dos bilhetes aéreos é feita pelas próprias companhias aéreas, tendo em vista o regime de liberdade tarifária instituído pelo Governo Federal em 2001 e ratificado por meio da Lei n° 11.182/2005”. A mesma posição é tomada pela Abear, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas.
Já a representante da Proteste – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, Lívia Coelho, diz que o artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor proíbe que haja elevação de preços sem justa causa. “Não necessariamente aos valores, mas a forma com que ocorre o aumento em virtude de alguma situação que o consumidor esteja vulnerável em relação ao fornecedor”, explica.
Como se prevenir
Especialistas em viagens afirmam que não há muito o que fazer quanto a isso. Uma recomendação simples seria frequentemente limpar o arquivo de cookies do computador. Estes são os rastros que deixamos quando navegamos pela internet, como dados digitados em formulários, senhas e histórico de acesso a todos os sites.
A limpeza destes arquivos pode ser feita no menu Ferramentas do navegador usado.
Já os aplicativos de busca de passagens para smartphones geralmente não possuem este tipo de opção.
LEIA TAMBÉM:
