Piratuba tem água quente

O ano era 1964 e a Petrobras perfurava poços em Piratuba, município no Meio-Oeste catarinense, em busca de petróleo. A estatal não o encontrou, mas descobriu um lençol de águas sulforosas. Anos depois, a cidade passou a investir no turismo e se estruturou para receber as pessoas interessadas em se banhar nas águas termais. A arquitetura inspirada na colonização alemã e o ar de cidade pequena encantam – são aproximadamente 4,7 mil habitantes –, mas o parque Termas de Piratuba e o Trem das Termas são dois dos grandes atrativos turísticos.

A temperatura da água no complexo termal é de 37ºC, o que possibilita aproveitar o passeio mesmo no inverno. Uma delas é coberta e nela há aulas de hidroginástica. Ao som de hits variados, turistas de todas as idades se divertem enquanto praticam a atividade física. Há piscinas para adultos – mais fundas –, outra para crianças, rampas de deslizamentos e até um chafariz com um jato que atinge 30 metros de altura. A composição da água associada à temperatura mais alta produz sensação de bem-estar. Essa combinação relaxa o corpo e faz bem para a pele – garantem os promotores do turismo local.

Ao caminhar por Piratuba logo se encontra famílias inteiras com roupões sobrepostos às peças de banho. Estranho? Não. Esses são os turistas que partem de várias regiões da cidade em direção às termas. Essa é uma dica valiosa: leve ao parque somente o estritamente necessário para não se preocupar com nada além de um demorado mergulho.

Aproximadamente 450 mil pessoas por ano visitam o município e são acolhidas nos 2,5 mil leitos dos hotéis e pousadas e nos 2 mil apartamentos e casas disponíveis para hospedagem ou locação. O turismo é responsável por 55% do PIB de Piratuba.

Outro atrativo é o “Trem das Termas”, passeio entre Piratuba e a cidade gaúcha de Marcelino Ramos. Os turistas são recepcionados com música na estação ferroviária da cidade catarinense. Minutos depois, o apito da Maria Fumaça indica que chegou a hora de todos ocuparem os seus lugares na locomotiva.

A linha férrea instalada às margens do Rio do Peixe garante um cenário bucólico à viagem. Entre a mata, o rio e as pequenas propriedades rurais, percorre-se uma distância de 25 quilômetros. Músicos e atores são as atrações nos vagões ao longo do trajeto.

Um dos momentos mais aguardados é a passagem pela Ponte Ferroviária sobre o Rio Uruguai, onde ele se encontra com o Rio do Peixe. A construção tem aproximadamente 495 metros de extensão. Logo após esse ponto, o “Trem das Termas” chega ao seu destino: a estação ferroviária de Marcelino Ramos.

A viagem de ida dura aproximadamente 1h15. Ao chegar ao Rio Grande do Sul, há um intervalo de 1h30. O turista pode ficar no local e conhecer a feira de artesanato da estação ou tem a opção de fazer um passeio extra, pago à parte. O percurso da volta leva cerca de 1h30 para ser concluído.

*A jornalista viajou a convite da Associação Brasileira das Operadoras de Trens Turísticos e Culturais (Abottc).

Quem chega com o “Trem das Termas” a Marcelino Ramos, no Rio Grande do Sul, pode ir ao Santuário Nossa Senhora de Salette ou às Termas de Marcelino. O trajeto da estação ferroviária até um desses locais custa R$ 8 e leva aproximadamente 15 minutos.

Para quem procura paz e tranquilidade, a visita ao santuário é o momento para fazer orações e pedir as bênçãos da Virgem. O local recebe peregrinos e turistas ao longo de todo o ano, mas é em setembro que o maior número de devotos chega ao município gaúcho. Aproximadamente 30 mil pessoas passam pela igreja durante o mês, de acordo com informações da prefeitura. Novenas e celebrações especiais marcam o período. Há programação especial em 19 de setembro – dia de Nossa Senhora de Salette – e também no último fim de semana de setembro (dias 26 e 27 neste ano) com missas, novenas e bênçãos.

Os turistas que chegam com a locomotiva têm aproximadamente 50 minutos para conhecer o espaço religioso. Mas os visitantes particulares e os das excursões podem aproveitar o local durante o dia todo. Com tempo, é possível coletar a água da fonte de Nossa Senhora de Salette, comprar lembrancinhas na loja do santuário, conhecer a capela – conhecida como Santuário da Luz – e a gruta. E, claro, assistir às missas que são celebradas de segunda a sábado, sempre às 19 horas, e aos domingos, às 10 horas.

Após a visita ao santuário – ou às Termas de Marcelino – é hora de retornar para a estação ferroviária e embarcar em direção a Piratuba (SC).

Onde ficar – Thermas Piratuba Park Hotel. Endereço: Rua Florianópolis, 88, Centro, Piratuba (SC). Preços: diárias entre R$ 199 e R$ 569. Informações: (49) 3553-0000.

Onde comer – Restaurante Thermas Piratuba Park Hotel. Endereço: Rua Florianópolis, 88, Centro, Piratuba (no Thermas Piratuba Park Hotel). Preço: R$ 55 por pessoa. Informações: (49) 3553-0000.

Passeios – “Trem das Termas”. Endereço: Estação Ferroviária de Piratuba, na Avenida 18 de Fevereiro, 803, Centro. Preço: R$ 75 (ida e volta). Informações: (49) 3553-1121. Termas de Piratuba: Endereço: Avenida 18 de Fevereiro, 2.455, Bairro Balneário. Preços: entre R$ 9 e R$ 15 o passaporte diário para adultos. Informações: (49) 3553-0132.

O “Trem das Termas“ é uma das 16 locomotivas em operação pelo Brasil no projeto “Trem é Turismo” – parceria entre a Associação Brasileira das Operadoras de Trens Turísticos e Culturais e o Sebrae. Outras cinco estão em fase de implantação. O objetivo é tornar o turismo ferroviário mais conhecido no Brasil e aumentar o fluxo de passageiros.