Turismo

Vale do Gigante Paraná quer atrair turistas para a área rural de Antonina

Guilherme Grandi
22/02/2018 17:04
Thumbnail

O roteiro do Vale do Gigante Paraná está localizado aos pés do Pico Paraná. Foto: Divulgação.

Com o objetivo de mostrar que a cidade de Antonina, no litoral do Paraná, vai além de apenas passeios de barco e barreado, foi lançado nesta quarta-feira (22) o projeto Vale do Gigante Paraná, um roteiro de ecoturismo localizado aos pés do Pico Paraná. A montanha é a mais alta do sul do país, com 1.877 metros de altura.
A iniciativa de cerca de 20 empreendedores quer mostrar que a área rural do município tem opções turísticas para aproveitar durante vários dias, e não apenas em um ou outro como acontece normalmente.
O roteiro conta com atrações como cachoeiras, rafting e canoagem, restaurantes de comida caseira, produção familiar de alimentos, artesanato e hospedagem. Todos os equipamentos turísticos ficam no meio da floresta atlântica preservada, um dos últimos resquícios de mata nativa do Brasil na serra do mar do Paraná.
De acordo com os empresários Wanderley Fausti e Eliani Frizon, o projeto começou a ser elaborado há pouco mais de um ano a partir de uma necessidade própria do casal. “A gente assumiu a concessão da antiga pousada da Vila da Copel em meados de 2016, e percebemos todo o potencial turístico que essa região possui, mas que nunca foi trabalhado”, conta ele ao explicar que não há qualquer divulgação da área rural de Antonina, ao contrário do centro da cidade de frente para o mar.
A vila a que ele se refere é uma estrutura construída para abrigar os operários que trabalharam na obra da Usina Hidrelétrica Governador Parigot de Souza entre das décadas de 1950 e 1970, no meio da serra que separa a baixada litorânea do primeiro planalto.
O projeto Vale do Gigante Paraná é formado por cerca de 20 estabelecimentos localizados ao longo da PR-340, em Antonina. Foto: Divulgação.
O projeto Vale do Gigante Paraná é formado por cerca de 20 estabelecimentos localizados ao longo da PR-340, em Antonina. Foto: Divulgação.
A área já é frequentada por pessoas que praticam rafting e canoagem nas corredeiras do rio Cachoeira, mas normalmente elas chegam de manhã e vão embora à noite. Há também os apreciadores de pássaros, que passam o dia observando as aves que vivem apenas na região.
Wanderley explica que o objetivo é mostrar aos turistas que eles podem pernoitar e conhecer outras atrações da região. “A gente quer que as pessoas conheçam também os restaurantes de comida caseira e caiçara, os cafés coloniais, artesãos, produtores de alimentos orgânicos, e outros passeios pela região como um todo”, conta.

Rota

O roteiro do Vale do Gigante Paraná se espalha ao longo da PR-340, entre as cidades de Antonina e Guaraqueçaba, com pouco mais de 10 quilômetros de extensão. Ao longo do caminho estão as chácaras de produtores familiares e os comércios, além das pousadas e campings. Como são pontos distantes uns dos outros, foram criados serviços de guias motorizados para levar os turistas aos passeios.
O artesão Aurélio Hilgenberg dos Santos, do ateliê Dois Capelistas (que está no grupo desde o começo do ano passado), explica que os produtores da região estão trabalhando para criar produtos que sejam atraentes para o turista. “Eu tenho um conceito de artesanato que resgata técnicas antigas com um toque mais contemporâneo, usando cipós e objetos de design mais elaborados”, conta.
Entre os vários atrativos da região, está o passeio de rafting pelo rio Cachoeira. Foto: Divulgação.
Entre os vários atrativos da região, está o passeio de rafting pelo rio Cachoeira. Foto: Divulgação.

O que fazer no Vale do Gigante Paraná

Um dos principais pontos é a colônia Cacatú, local onde iniciou a colonização japonesa no Paraná há 109 anos. É uma área de lazer aberta ao público com hospedagem e camping, alimentação, ancoradouro de barcos para acesso ao rio Cacatú e memorial em homenagem à imigração oriental. É de lá também que saem os passeios de rafting, o acesso à canoagem e trilhas de caminhada pela mata.
Outros locais turísticos da região são a observação do Pico Paraná (que só pode ser acessado pela BR-116, em Campina Grande do Sul), a Cachoeira do Saci e o passeio à Usina Hidrelétrica Governador Parigot de Souza, a primeira geradora de energia subterrânea do país, com a sala dos geradores escavada a 1,5 km dentro da rocha. É próximo a ela que está a pousada Vila Flor, de onde saem os passeios guiados para a estrutura.
Foi a partir da pousada Vila Flor, que pertencia à Copel, que começou o desenvolvimento do projeto. Foto: Divulgação.
Foi a partir da pousada Vila Flor, que pertencia à Copel, que começou o desenvolvimento do projeto. Foto: Divulgação.
Além da pousada, há também o Santuário Vitória Régia, um complexo formado por uma trilha no meio da mata, restaurante com comida caiçara e culinária Italiana, pousada e espaço para yoga e eventos. De lá também saem passeios de rafting pelo rio.
Entre as opções de alimentação, estão os restaurantes das pousadas e o café colonial Delícias da Vó Lany, com doce de banana feito no fogão à lenha, geleias de frutas variadas plantadas na região, tortas e doces. Os hóspedes da Vila Flor recebem os produtos do café na própria pousada.
A chácara Colônia Cacatú também é uma opção de hospedagem na região. Foto: Divulgação.
A chácara Colônia Cacatú também é uma opção de hospedagem na região. Foto: Divulgação.

O projeto

Em meados de 2016, o turismólogo Yuri Lobo começou a pesquisar o potencial turístico da região a pedido do casal que tinha acabado de assumir a concessão da antiga pousada da Vila da Copel. O estudo apontou que seria mais vantajoso divulgar a região como um todo, não apenas um ou outro estabelecimento. Wanderley Fausti, da pousada Vila Flor, conta que a adesão foi grande desde a primeira reunião: “todo mundo colaborou, os empresários e produtores sentiam essa necessidade”.
Para ajudar a estruturar o projeto, os empresários pediram o apoio do Sebrae, que definiu qual o caminho a ser adotado para a região. Segundo o consultor Carlos Augusto Cornelsen, a promoção do Vale do Gigante Paraná é semelhante ao que foi realizado em Morretes. “Lá eles falam que tem barreado, que tem os passeios no rio Nhundiaquara, mas não um lugar específico, o que faz com que as pessoas conheçam a cidade e escolham o restaurante que quiserem”, diz.
Os restaurantes servem principalmente comida caiçara à base de frutos do mar. Foto: Divulgação.
Os restaurantes servem principalmente comida caiçara à base de frutos do mar. Foto: Divulgação.
Cornelsen auxiliou na capacitação dos produtores e pequenos empresários para receberem os turistas com qualidade. Agora está trabalhando na elaboração de roteiros que contemplem alimentação e hospedagem, “com uma parceria entre os empreendimentos levando produtos de um para o outro”, conta.
A região do Vale do Gigante Paraná é acessível de ônibus urbano, que sai do centro de Antonina em dois horários diários, e de carro, que é o mais recomendado. Um mapa impresso está sendo elaborado para orientar o turista nas atrações.
As  diárias nas pousadas custam em torno de R$ 250, e os passeios têm valores sob consulta de acordo com a quantidade de participantes.
Serviço:
Vale do Gigante Paraná
Roteiro turístico com cerca de 20 empreendimentos em Antonina.
Ao longo da PR-340, entre Antonina e Guaraqueçaba
Informações pelo (41) 3432-7098 ou no site do projeto.
Como chegar: o Vale do Gigante Paraná fica a 87 quilômetros de distância de Curitiba. Para chegar lá de carro, é preciso pegar a BR-277 no sentido litoral do estado e acessar a PR-408 logo após o fim da serra. Após cerca de 30 quilômetros, saia à esquerda na PR-340 e siga mais 11 quilômetros até chegar à vila. Veja no mapa o trajeto completo deste caminho.
LEIA TAMBÉM: