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O Jardim Botânico é uma das atrações de belezas naturais de Curitiba (Foto: Wikipedia Commons)
O Jardim Botânico é uma das atrações de belezas naturais de Curitiba (Foto: Wikipedia Commons)| Foto:

Em um primeiro olhar, a cidade norte-americana de Orlando não possui nenhuma semelhança com Curitiba. Por aqui não há nenhum grande parque temático. Lá não há canaletas de ônibus expressos. Mas, Curitiba e Orlando são ‘cidades-irmãs’ que compartilham de um laço bem maior do que a mera infraestrutura: o ensino superior.

Diferentes, mas nem tanto, Curitiba possui acordos de irmandade com 14 cidades espalhadas por 12 países do mundo, que permitem a troca de experiências culturais e comerciais mesmo quando elas parecem não ter nada em comum.

A ideia de ‘cidades-irmãs’ surgiu em 1973 quando a Câmara de Vereadores aprovou uma lei criando este tipo de irmandade, e apontando que é preciso ter uma identificação com “o ideal de humanismo, cultura, civismo, dentre outras características”.

A legislação aponta, ainda, que a irmandade “pode resultar na cooperação em questões urbanas, ambientais, educacionais e tecnológicas, por meio do intercâmbio de informações e ideias que promovam o bem-estar dos cidadãos. Pretende também a parceria nas áreas econômica, cultural, turística, de transporte e esportiva, com respeito às características sociais e culturais de cada cidade”. Conforme a lei 4.740/1973, somente cidades pertencentes a nações que mantenham relações diplomáticas com o Brasil podem receber o título.

Coimbra, em Portugal, foi a primeira cidade-irmã de Curitiba. Foto: divulgação.
Coimbra, em Portugal, foi a primeira cidade-irmã de Curitiba. Foto: divulgação.

As cidades-irmãs de Curitiba

A primeira cidade-irmã de Curitiba foi Coimbra, em Portugal, em 1975. Naquele ano foi estabelecido um acordo de intercâmbio de pesquisas acadêmicas com a universidade local. A irmandade entre as duas foi apontada, na época, principalmente pelo idioma português e pelas características acadêmicas semelhantes à UFPR.

De lá para cá, a capital paranaense ganhou irmãs que até possuem algumas características comuns, como o patrimônio histórico das cidades de Montevidéu (Uruguai) e Assunção (Paraguai); a forte colonização polaca da região de Cracóvia (Polônia) e italiana de Treviso (Itália); e pela urbanidade de Santa Cruz de La Sierra (Bolívia) e Suwon (Coreia do Sul). Há também irmandades com detalhes não tão visíveis, como os acordos firmados com Himeji (Japão), Hanghzou (China), Guadalajara (México), Jacksonville e Columbus (EUA) e Akureyri (Islândia).

De acordo com o secretário de relações internacionais e cerimonial da Prefeitura de Curitiba, Luiz Roberto Pinho Borges, as parcerias dependem muito das características de cada prefeito. “A postura do atual governo é o conceito de inovação, e estamos identificando cidades do mundo todo que possuem isso em suas administrações, além também do turismo, que é muito forte aqui no Paraná por conta das Cataratas”, explica.

A cidade de Columbus, no estado norte-americano de Ohio, é a "irmã mais nova" de Curitiba. Foto: Pixabay.
A cidade de Columbus, no estado norte-americano de Ohio, é a "irmã mais nova" de Curitiba. Foto: Pixabay.

Inovação e tecnologia

O acordo mais recente foi firmado em 2014 com a cidade norte-americana de Columbus, no estado de Ohio. Os então prefeitos Gustavo Fruet e Michael Colemann assinaram um protocolo de intercâmbio e cooperação nas áreas de inovação, sustentabilidade, mobilidade, educação, cultura, planejamento urbano e pesquisa. A área econômica é a que mais destaca as duas cidades, que estão entre as primeiras em qualidade de vida.

Luiz Roberto Pinho Borges conta que os acordos trazem uma série de benefícios para as cidades-irmãs, principalmente uma “troca de experiências e atividades, transferência de tecnologia, entre outros”. Ele cita o exemplo da irmandade com Himeji, em que um programa leva de oito a dez jovens daqui para estudar no Japão.

Durban, na África do Sul: ganhou, mas não levou o título de cidade-irmã de Curitiba. Foto: Creative Commons.
Durban, na África do Sul: ganhou, mas não levou o título de cidade-irmã de Curitiba. Foto: Creative Commons.

Como se escolhe uma cidade-irmã?

As cidades-irmãs podem ser sugeridas tanto pela Câmara Municipal como pela própria Prefeitura. Normalmente é a equipe do prefeito que sugere, mas a lei acaba não sendo aprovada pelos vereadores. Em meados de 2010 para 2011, Curitiba se tornou irmã da cidade sul-africana de Durban, às vésperas da Copa do Mundo da África do Sul.

O então prefeito de Durban, Obed Mlaba, destacou os prêmios internacionais que a capital paranaense recebeu nas áreas de meio ambiente e sustentabilidade. Luciano Ducci, que era prefeito de Curitiba na época, corroborou com a afirmação de seu par africano. No entanto, o atual secretário municipal de relações internacionais e cerimonial afirma que a cidade não se tornou oficialmente irmã, mas que pode se intitular assim sem causar nenhum impasse.

Há outras duas cidades que afirmam serem irmãs de Curitiba mesmo sem possui uma lei oficializando: La Plata (Argentina) e Suncheon (Coreia do Sul).

A capital da República Democrática do Congo, Kinshasa, pode ser a próxima cidade-irmã de Curitiba. Foto: Prefeitura de Kinshasa/divulgação.
A capital da República Democrática do Congo, Kinshasa, pode ser a próxima cidade-irmã de Curitiba. Foto: Prefeitura de Kinshasa/divulgação.

E a próxima?

No ano passado, a Câmara começou a discutir qual será a próxima cidade-irmã de Curitiba. Uma das possibilidades é Kinshasa, capital da República Democrática do Congo. A proposta, do vereador Dr. Wolmir Aguiar (PSC), aponta que a cidade centro-africana possui “os ideais culturais, humanísticos, políticos, econômicos e civistas da capital”.

Com uma população de aproximadamente 9,4 milhões de pessoas, Kinshasa foi fundada por belgas às margens do rio Congo, em 1881. Hoje é a terceira maior cidade da África, atrás somente do Cairo (Egito) e Lagos (Nigéria). Conforme a justificativa de Wolmir Aguiar, a capital da República Democrática do Congo é uma cidade de “muitos contrastes, com grandes ricas áreas comerciais, apartamentos de luxo e três universidades que coexistem lado a lado com complexos de favelas”.

Ele também afirma que a justificativa para torna-la uma cidade-irmã de Curitiba é que Kinshasa já possui irmandade com outros locais importantes ao redor do mundo, como Bolonha (Itália), Bruxelas (Bélgica) e Ancara (Turquia).

O projeto de lei segue em análise pelas comissões temáticas da Câmara, mas não está no radar da Prefeitura.

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