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As cidades entre muralhas de Castilla y Leon
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Muralhas de Avila, onde nasceu a santa, têm 2,5 quilômetros de extensão. 

A cada passo, calçadas, ruas, praças e templos transpiram história. Locais que carregam as marcas da santa espanhola Teresa de Jesus, ou Teresa de Ávila, como é mais conhecida no Brasil. Assim é a comunidade autônoma (Estado) de Castilla y Leon, situada no noroeste da Espanha.

Em função do quinto centenário de nascimento de Teresa, comemorado em 2015, 17 cidades teresianas se uniram para criar um projeto a fim de difundir a obra e o legado da proclamada “Doutora da Igreja”. As 17 localidades que formam o roteiro religioso foram escolhidas por Teresa de Jesus para fundar conventos do Carmelo reformado – a Ordem dos Carmelitas Descalços –, deixando, assim, a sua marca na Espanha. Foram 20 anos dedicados a fundar conventos. Em cada município, recordações materiais e espirituais de Teresa. Em Alba de Tormes, por exemplo, o coração da santa é armazenado em um vidro em uma das capelas fundadas por ela.

Em uma semana pelas “Huellas de Teresa” – roteiro de turismo religioso criado em 2013 –, concluí boa parte da rota percorrida no século 16 pela santa. Em Castilla y Leon, são nove as cidades que levam as pegadas dela: Segóvia, Sória, Burgos, Palência, Valladolid, Medina del Campo, Salamanca, Alba de Tormes e Ávila. São lugares pacatos, com arquiteturas impressionantes que misturam os estilos barroco, gótico e contemporâneo.

Quem foi ela
Teresa de Jesus revolucionou a Ordem Carmelita na Espanha no século 16. É considerada uma das fundadoras dos Carmelitas Descalços, com o amigo São João da Cruz. Conquistou amizades importantes na alta burguesia espanhola, que cedia estruturas e templos para que Teresa construísse seus conventos. Em vida, a santa escreveu 20 mil cartas e tinha como ideais reformadores a igualdade entre todos, sem distinções, o culto à pobreza e a oração individual e íntima – não a mecânica. Seus livros, inclusive a autobiografia A Vida de Teresa de Jesus e sua obra-prima, O Castelo Interior, fazem parte da literatura renascentista espanhola. Na região de Castilla y Leon, assim como em outros países que seguem o legado carmelitano, muitos conventos ainda têm freiras enclausuradas. O número de habitantes por convento chega a 21 irmãs, conforme orientação da época. Em alguns casos, como em Sória, as freiras sequer podem mostrar o rosto. Divididas em 835 conventos pelo mundo, há cerca de 14 mil carmelitas descalças.

Santuário de Huelgas, em Burgos.
Santuário de Huelgas, em Burgos.

As belezas das huellas de Teresa

Percorra as cidades que mantêm o legado da santa Teresa de Ávila na Espanha

Sória
Aqui, Teresa teve uma de suas mais breves passagens e criou a penúltima fundação, a de número 16. É um município rodeado por antigos monastérios e conventos atuais. No século 15, era cercado por muros. Conhecida como uma cidade romântica, renascentista e barroca.

Burgos
Praticamente em todos os pontos de Burgos, a gigantesca catedral se sobressai em ângulos dos mais diversos. A cidade também faz parte do famoso Caminho de Santiago de Compostela, e é muito comum encontrar turistas que percorrem a rota com bicicletas. Das nove cidades visitadas na comunidade autônoma, é a que mais conta com traços medievais. Em Burgos, Teresa fundou seu último monastério, o 17º.

Medina del Campo
Localizada a cerca de 30 minutos de Valladolid, foi a segunda rota visitada por Teresa de Jesus no século 16. O município tem pouco mais de 20 mil habitantes. O que mais se destaca em Medina del Campo é o Castillo de la Mota, uma belíssima fortaleza que se sobressai na paisagem da cidade.

Segóvia
Logo de cara, é impossível não admirar o aqueduto romano, patrimônio mundial da Unesco desde 1985, erguido com cerca de 35 mil blocos de pedras ainda nos séculos 1 e 2, no reinado dos imperadores romanos Vespasiano e Trajano. Outro ponto turístico da cidade é o Alcázar de Segóvia, uma fortaleza que serviu de inspiração para Walt Disney criar o castelo da Cinderela. Em Segóvia, Teresa de Jesus criou a sua nona fundação.

Palência
Na tranquila Palência, as belas paisagens e os imponentes monumentos são os maiores atrativos. Foi o 15º destino de Teresa de Jesus. Aqui, tive o primeiro contato visual com madres carmelitas enclausuradas. Simpáticas e bastante comunicativas, 12 irmãs – entre elas duas peruanas – dedicam a maior parte do seu dia às orações. Não estão proibidas de acessar a internet ou de assistir televisão. No entanto, não colocam os pés fora do convento.

Valladolid
A capital de Castilla y Leon, com mais de 300 mil habitantes, está situada bem ao centro da comunidade autônoma. É considerada a cidade dos artistas e dos escritores. A Universidade de Valladolid, fundada no século 18, é uma das mais antigas ainda em funcionamento. A Praça Maior é ponto obrigatório de visitação – retangular, completamente rodeada por edifícios. O Museu Nacional de Escultura também é parada fundamental aos turistas. Valladolid foi sede da quarta fundação de Teresa.

Alba de Tormes
A ruína que serve de visitação aos turistas já foi palco de batalha das tropas de Napoleão Bonaparte, líder político e militar na Revolução Francesa. Esse é um dos cartõespostais de Alba de Tormes, terra onde Teresa de Jesus, enfim, descansou. Também é a cidade da poderosa e tradicional família de los Álvarez de Toledo (Duques de Alba). Artesanato feito com barro é uma antiga tradição que passa de geração para geração.

Ávila
É a cidade com mais lembranças de Teresa de Jesus. O município de nascimento da santa preserva heranças e relíquias da sua mais nobre cidadã. Antes de entrar nos domínios de Ávila, os muros chamam a atenção. A cidade de mais de 60 mil habitantes preserva muralhas com 2,5 quilômetros de extensão e 88 torres redondas, dispostas de 20 em 20 metros. As Muralhas de Ávila são patrimônio mundial da Unesco.

Salamanca
A região também oferece outros atrativos além do turismo religioso. Durante o dia, em Salamanca, a visita guiada pelas ruas é indispensável, principalmente às belíssimas igrejas, aos templos e às universidades. À noite, a praça maior da cidade ilumina os turistas. Bares e boates também são boas pedidas na mais agitada cidade de Castilla y Leon. Salamanca foi a sétima rota de Teresa.

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