Turismo

Em reserva ambiental hotel na Bahia é um reduto para as férias em família

Rafael Costa*
16/07/2017 12:00
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Foz do rio Imbassaí. Foto: Divulgação

Saia do aeroporto de Salvador e aponte para o norte: você está na Estrada do Coco, rota das praias do Litoral Norte da Bahia. A vista faz jus ao nome. Uma paliçada de coqueirais se levanta diante da costa ao longo de todo o trajeto, passando por praias como Arembepe e Jacuípe antes de a rodovia, que leva o nome oficial de Linha Verde, rumar para o Sergipe.
Logo acima, entre as famosas Praia do Forte e Sauípe, está o Grand Palladium Imbassaí — resort cinco estrelas do grupo espanhol Fiesta que abriu em 2010, na esteira da vinda de grandes empreendimentos turísticos à região nos anos 2000.
O hotel adotou o sistema “all inclusive”, que começou a pipocar no Litoral Norte nesta época. A ideia é oferecer a experiência completa dentro do complexo, do café da manhã até o entretenimento noturno, “tudo incluso” — você só precisará sacar o cartão novamente se quiser serviços mais específicos ou quando for sair do hotel.
A proposta está alinhada com a própria localização do Grand Palladium Resort & Spa, a 67 quilômetros de Salvador: construído dentro de uma reserva ambiental nos domínios do município de Mata de São João, o lugar fica isolado de áreas urbanas. O que significa, além de um patrimônio natural relativamente preservado em seu entorno, que os visitantes precisam de tudo à mão — especialmente viajando em família.
Foto: Divulgação
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Entretenimento
Não à toa, é fácil de se ver por lá casais descansando enquanto os filhos ficam entretidos pela “equipe de animação” — perto da piscina, há espaços com programação de hora em hora em clubinhos divididos por idades de 1 a 12 anos (o serviço de baby sitter tem custo adicional de R$ 35 por hora). Mais longe dali (o que faz todo o sentido), está o Teen Club Black & White — uma sala com videogames, pebolim e computadores para adolescentes de 13 a 17.
O all inclusive dá  autonomia para os rebentos, que têm máquinas de refrigerante e batata frita sempre ao alcance e podem dar um tempo para os pais.
Foto: Divulgação
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Adultos podem participar de jogos na piscina, sofrer um pouquinho na aula de spinning aquático ou ficar só assistindo à aula de axé do staff de animação sem nem sair da água (um dos 11 bares do resort é um “bar molhado”, dentro da piscina).
Dá pra passar o dia assim, ouvindo música pop nas espreguiçadeiras da enorme piscina central, com chope, caipirinha e petiscos à mão, além de um acarajé honesto servido em um dos quiosques das das 11h às 15h.
Área externa do spa.
Área externa do spa.
Longe dos olhos, perto das quadras de esporte, está uma academia bem equipada — por incrível que pareça, tinha gente de verdade fazendo exercícios lá dentro em pleno sábado à tarde.
Para quem é de sossego — o que também pode ser o caso dos vários casais que escolhem o resort —, a piscina próxima à vila só para maiores é livre de ferveção e de crianças, assim como a área do spa. Isso deve ser levado em consideração na escolha do quarto: todos são suítes espaçosas, com saleta e hidromassagem; mas os mais afastados da piscina central serão mais quietos.
Foto: Divulgação
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A praia
Com tanta coisa a poucos passos das “vilas” (os 11 predinhos de três pavimentos onde estão distribuídos os 654 apartamentos do resort), a praia pode ficar um pouco de lado. A distância do hotel até o mar, de cerca de 800 metros, contribui para isso, e é um ponto baixo para quem gosta de se hospedar com o pé na areia, ainda que o resort mantenha dois micro-ônibus indo e vindo o dia todo.
Por outro lado, o caminho a pé, quase todo por uma ponte de madeira sobre uma vasta área de mangue e restinga, é de impressionar — a surpresa fica por conta de miquinhos arredios que se aproximam na esperança de ganhar alguma coisa dos turistas.
Muita gente faz valer a ida chegando depois do café e ficando para o almoço, no restaurante da praia. É menor que os fartos buffets do complexo principal, mas fica a poucos metros dos bangalôs na areia, onde são feitas paneladas de paella e servem-se drinques em mais um bar.
A praia é belíssima e vazia, mas é de tombo e o mar é bravo — pouca gente se arrisca a enfrentar as correntes e mergulhar além das canelas. Para a esquerda, depois da Reserva Imbassaí (quatro condomínios residenciais de luxo fazem parte do empreendimento), é deserto e o passeio não é indicado. Para a direita, chega-se à foz do rio Imbassaí depois de cerca de 20 minutos de caminhada.
Vizinhança
Outra forma de chegar até a foz, um dos pontos mais procurados para banho, é pegar uma jangada na vila Imbassaí, que merece uma visita. Desde o desembarque do empreendimento imobiliário à área, o povoado — antiga região de pesca e extrativismo — vem se transformando. Seu desenho ainda guarda algo da Bahia arcaica que resiste no imaginário, mas a ideia é que suas atuais lojinhas, pousadas e restaurantes deem origem a uma nova Praia do Forte — vila dez quilômetros abaixo que começou a receber investimentos públicos em urbanização com fins turísticos já nos anos 1970, e hoje tem ar totalmente contemporâneo.
Jangadas no rio Imbassaí.
Jangadas no rio Imbassaí.
O Grand Palladium mantém no povoado da reserva o Instituto Imbassaí, que promove programas de treinamentos para jovens da comunidade local — o hotel diz que trabalha com uma base de 80% de funcionários moradores do município de Mata de São João. É uma das contrapartidas aos impactos sociais e ambientais do resort na região, que vem se desenvolvendo em meio a complicadas conciliações entre grandes empreendimentos imobiliários e a legislação ambiental desde meados da década passada.
A Praia do Forte é visita obrigatória, ao menos para quem não conhece. Se a viagem incluir o aluguel de um carro, todas as praias da Linha Verde são uma opção, mas é fácil chegar à Praia do Forte saindo do Grand Palladium. A Grou Turismo, que presta serviços de translado do resort para o aeroporto (R$ 170) e city tour por Salvador (R$ 100), tem um serviço de shuttle bus por R$ 35 (ida e volta) para a Praia do Forte com saídas pela manhã e pela tarde.
Dá para sair às 8h, conhecer a praça da Igreja São Francisco de Assis, passear pelo centrinho, visitar a Casa da Torre de Garcia D’Ávila (o forte), ver tartarugas de 170 quilos no Projeto Tamar e voltar a tempo do almoço. Também é possível ir de táxi, mas o serviço é tabelado e caro demais — um pulinho até a vila Imbassaí chega a custar R$ 80.
Comer
Além do restaurante da praia, três buffets servem almoço no Grand Palladium entre 12h e 16h (o Agdá, mais completo, fecha às 15h e reabre às 18h30 para a janta). O cardápio é variado e manda bem nos peixes e frutos do mar, mas não aposta na comida baiana, que não ganha mais que um cantinho discreto entre os pratos quentes.
Foto: Divulgação
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A gastronomia superior fica para os restaurantes à la carte, que precisam ser reservados. O mais disputado é o Sumptuori, o japonês, mas o seu preferido pode ser o Portofino, de cozinha mediterrânea. O Bahia e Brasa tem cozinha brasileira e rodízio de carnes. Estes jantares, em ambientes temáticos caprichados, são divertidos e não podem ficar de fora da visita, mas os pratos não chegam a empolgar.
Sumptuori, restaurante de cozinha japonesa do Grand Palladium. Foto: Divulgação
Sumptuori, restaurante de cozinha japonesa do Grand Palladium. Foto: Divulgação
Assistir
A equipe de entretenimento do hotel, People of Palladium (Pop), também promove apresentações musicais no teatro ao lado da luxuosa recepção. Os shows são temáticos e envolvem principalmente dança — é engraçado ver os hóspedes tentando acompanhar as estripulias quase atléticas dos dançarinos (o público do hotel se divide mais ou menos na metade entre brasileiros e estrangeiros).
Este mesmo grupo pode aparecer durante o dia, sem aviso — durante a visita da reportagem, em pleno São João, foi para tirar os hóspedes mais animados para um arrasta-pé.Este tipo de ação, junto com outros mimos e surpresas mais personalizados, são o tipo de coisa pelo qual o hotel quer ser lembrado, segundo explicou ao Viver Bem o diretor geral, Jesus Zalvidea. Estão criando um departamento só pra criar essas experiências. Se você entrar na brincadeira, dá para se empolgar tanto quanto as crianças, que se divertem demais com isso tudo. Se quiser só descansar, a hora também é essa.
*O jornalista viajou a convite do Grand Palladium.
Grand Palladium Imbassaí Resort & Spa
Cotação para 3 noites:
— Para 1 casal e 1 criança até 2 anos e 11 meses (que não paga) – a partir de R$ 2.877;
— Para um casal com 2 crianças com mais de 2 anos e 11 meses – a partir de R$ 4.316
Mais informações: www.palladiumhotelgroup.com