Turismo

Turbulência derruba avião? Aperte o cinto e confira o que dizem especialistas

Rafael Costa
12/08/2017 08:00
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Uma turbulência severa durante um voo da companhia aérea American Airlines entre a Grécia e os Estados Unidos levou dez pessoas para o hospital na última semana. Os relatos de passageiros sugerem que a tripulação foi pega de surpresa: parece que mal soou o aviso de afivelar os cintos e os solavancos começaram.
Quem já passou por turbulências pode imaginar o frio na barriga que o episódio deve ter causado neste voo — um passageiro disse que o agito foi tão forte que arremessou gente contra o teto.
Não cai
Mas, apesar do desconforto e os riscos para quem está de pé no avião, não há motivos para ter medo de turbulências, explica Fábio Augusto Jacob, coordenador do curso de Pilotagem Profissional de Aeronaves do Centro Tecnológico Positivo.
Por mais fortes e assustadores que sejam, estes eventos não colocam o voo em risco, garante Jacob, que é oficial aviador da reserva da Força Aérea Brasileira (FAB).
“Não se tem notícias na história recente de qualquer avião que tenha caído por causa de turbulência”, explica. “Os aviões de hoje são projetados para suportar esse tipo de turbulência sem problemas.”
O que acontece
A turbulência ocorre quando camadas de ar diferentes se deslocam, criando descontinuidade na massa de ar que sustenta o avião — daí os chacoalhões e aquela sensação vertiginosa de que a aeronave “cai” um pouquinho.
Do ponto de vista do piloto, é mais ou menos como passar por um buraco na estrada ao dirigir um carro: os passageiros vão sentir e o veículo pode até sofrer algum desgaste em casos mais sérios, mas a viagem vai continuar sem problemas.
Detectores
Embora sejam uma situação banal de pilotagem, as turbulências são evitadas pelos comandantes — o objetivo é preservar a aeronave de maiores desgastes e evitar preocupação e desconforto para os passageiros.
É possível perceber zonas turbulentas visualmente, mas há as que são invisíveis — as chamadas Turbulência de Céu Claro. Aparelhos do avião, no entanto, permitem detectá-las com alguma antecedência. É por isso que o piloto geralmente tem tempo para pedir que todos se sentem e também para desviar.
O que ocorreu no voo da American Airlines, então? “Eventualmente, algumas turbulências severas podem passar despercebidas e surpreender a tripulação, machucando alguém a bordo”, explica Jacob. “É raro, mas acontece.”
Natural
A atividade atmosférica que gera as turbulências acontece em todos os lugares e o tempo todo, mas há rotas em que a chance de o avião balançar é maior.
Segundo Jacob, é o caso do sudeste asiático e, no Brasil, da região Norte e do Vale do Paraíba, no Rio de Janeiro.
“Mas a atmosfera terrestre é muito dinâmica. Devido à complexidade da formação meteorológica, é muito difícil saber com exatidão onde vai ter turbulência ou chuva. Vai ser sempre mais próximo”, explica.
Em resumo: pode se preparar, porque turbulências vão acontecer. E e o avião não vai cair.
Claro que é difícil evitar um sustinho aqui e ali — qualquer coisa que pareça minimamente fora do normal é capaz de meter medo quando se está num avião. “O receio de cair é natural do ser humano”, diz Jacob.
Mas você pode aumentar o volume da música e relaxar durante a próxima turbulência, se conseguir.
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