Turismo

Um passeio pelo navio que serviu a realeza por 40 anos e é ponto turístico na Escócia

*Isadora Rupp, de Edimburgo
15/05/2018 18:40
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O navio serviu a família por mais de 40 anos. Foto: Marc Millar/The Royal Yacht Britannia. | Marc Millar Photography

Uma das primeiras frases que o visitante que chega ao The Royal Yacht Britannia lê dá o tom do carinho que o atual reinado tem pelo luxuoso navio: todos as rainhas e reis anteriores foram responsáveis por construir palácios e igrejas, mas nenhum outro como o atual, de Elizabeth II, pode dizer que botou para navegar uma residência real.
Em seus mais de 40 anos de funcionamento (começou em 1953), o barco navegou por  2 milhões de quilômetros ao longo do globo e recebeu personalidades como Gandhi, Nelson Mandela e Winston Churchill.
Hoje atracado em Edimburgo, na Escócia, o turista que paga as 16 libras (R$ 80 em média) no ingresso pode conhecer os mesmos espaços e dar os mesmos passos que esses líderes mundiais — no ano passado, a atração registrou quase 400 mil visitantes.
A bilheteria do navio, que virou atração turística na Escócia. Foto: Isadora Rupp/Gazeta do Povo.
A bilheteria do navio, que virou atração turística na Escócia. Foto: Isadora Rupp/Gazeta do Povo.

Passeio imperdível

Após o encerramento de suas atividades, em 1997, o Britannia virou atrativo da capital escocesa, eleito por 12 anos consecutivos pela agência nacional de turismo do país, o VisitScotland, como a melhor atração da cidade. De fato, ir à Escócia e não reservar algumas horas para o passeio é um erro: ver os detalhes da “casa de campo no mar”, como define o arquiteto do navio, Hugh Casson, é excepcional. Ou você não gostaria de ver os porta-retratos da rainha, organizados como os da casa da sua avó?
Fotos: Isadora Rupp/Gazeta do Povo.
Fotos: Isadora Rupp/Gazeta do Povo.
Ao contrário da imponência dos castelos — como o de Windsor, Buckingham e o Hollyroodhouse — o navio é, em essência, bastante simples. Foi, aliás, um dos desejos da rainha, segundo um dos guias do Royal Yacht Britannia, Roger Moran. “A decoração é de gosto muito pessoal da rainha. Ela não queria nada muito chamativo, sem ostentação”, frisou o guia que, por empolgação e detalhes na visita, parece um verdadeiro apaixonado pela Família Real.

Na sala com a rainha

Foto: Isadora Rupp/Gazeta do Povo.
Foto: Isadora Rupp/Gazeta do Povo.
A sala de estar, a preferida de Elizabeth II, de acordo com Moran, lembra uma casa de avó chique, mas sem nada demais: sofás e tapetes estampados, mesas repletas de fotos da família, lareira e quadros, digamos, temáticos (todos  da Coleção Real). “Aqui a rainha gostava de relaxar, ver as fotos da família e ficar junto da lareira”, disse.  No canto da sala, um piano, querido pela Princesa Diana, que também tocado por Nancy Reagan, primeira-dama dos Estados Unidos entre 1981 e 1989.
Os quartos são bastante simples, e até apertados: as camas de solteiro são minúsculas e há uma única cama de casal no navio: no quarto em que o Príncipe Charles e Diana tiveram a sua lua-de-mel. Foi a primeira do barco; Philip e Elizabeth (pelo menos no navio) dormiam separados em camas de solteiro.
A única cama de casal do navio foi colocada para a lua de mel de Diana. Foto: Isadora Rupp/Gazeta do Povo.
A única cama de casal do navio foi colocada para a lua de mel de Diana. Foto: Isadora Rupp/Gazeta do Povo.
Passar a noite de núpcias no Britannia foi, aliás, tradição por muitos anos. Além de Charles e Diana, a princesa Margareth, irmã da rainha, também foi para o navio depois de se casar com o fotógrafo Antony Armstrong-Jones.  Bem diferente dos casais reais recentes: William e Kate partiram para as Ilhas Seychelles e Harry e Megan Markle, segundo os jornais britânicos, devem escolher a Namíbia.

Jantar com filmes

Foto: Isadora Rupp/Gazeta do Povo.
Foto: Isadora Rupp/Gazeta do Povo.
Entre os espaços, o único de cair o queixo é a sala de jantar:  todos os detalhes da mesa gigante, para até 56 pessoas, são minuciosos. O guia conta que, em eventos mais informais somente com membros da família, a rainha também gostava de fazer uma sessão de filmes após a refeição — projetados em uma das paredes. Os títulos de James Bond foram sempre seus favoritos, revela Moran.

Sol e futebol

Foto: Helen Pugh/Britannia.
Foto: Helen Pugh/Britannia.
A proa (onde turistas tiram a típica foto do sino com a marca do Britannia) também era um lugar bastante apreciado por Elizabeth II: nas espreguiçadeiras, tomava sol e lia enquanto degustava algum drinque e observava os netos brincarem.  O seu filho, príncipe Charles, gostava de jogar futebol e os netos corriam para todo o canto. “Uma piscina era colocada para eles aqui também”, fala o guia.

Gastos

Os custos com o barco sempre foi uma questão delicada para o Reino Unido: o ex primeiro-ministro Tony Blair (que ocupou o cargo de 1997 a 2007) foi contra os gastos com o Britannia. Tanto que a embarcação foi “aposentada”  logo no início do seu mandato para economizar dinheiro —na época, o Príncipe Philip, marido da rainha e Duque de Edimburgo, declarou publicamente que a decisão “era um erro”. Porém,  o político teve apoio da opinião pública na decisão.
Fora isso, era necessária uma reforma ampla para ele continuar navegando pelo mundo: 17 milhões de libras (R$ 83 milhões em média). “O barco era muito importante para ela, como um membro da família. Por isso o encerramento foi algo que a abalou”, lamenta Moran.

Serviço

Os ingressos para a atração podem comprados diretamente na bilheteria ou pelo site da atração. O local também agenda visitas guiadas previamente para grupos.

*A jornalista viajou a convite do Visit Britain

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