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Um dos objetivos é aproveitar melhor a palha e o bagaço da cana de açúcar para obtenção de bioetanol. Atualmente, segundo pesquisadores, o processo é caro e pouco eficiente. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Um dos objetivos é aproveitar melhor a palha e o bagaço da cana de açúcar para obtenção de bioetanol. Atualmente, segundo pesquisadores, o processo é caro e pouco eficiente.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Num momento em que as atenções do mundo se voltam para a COP 22, a conferência da ONU sobre mudanças climáticas, que começou nesta semana e vai até o dia 18 de novembro, em Marrakesh, Marrocos, Brasil e Reino Unido dão mostras de que o tema deve pautar o desenvolvimento tecnológico nos próximos anos, tanto na Europa quanto na América do Sul.

Instituições dos dois países – a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e Conselho de Pesquisa em Biotecnologia e Ciências Biológicas (BBSRC), pelo lado britânico - irão investir R$ 19 milhões em dois projetos de pesquisa voltados à produção de biocombustíveis avançados, menos poluentes, obtidos a partir de matérias-primas não convencionais e produtos químicos de alto valor.

Um dos estudos, liderado pela pesquisadora Telma Teixeira Franco, da Unicamp, e pelo professor da Universidade de Bath, na Inglaterra, David Leak, é focado na celulose e na hemicelulose, que são as principais componentes das plantas e, naturalmente, estão presentes em resíduos agrícolas, como bagaço e palha de cana-de-açúcar, de sorgo, gramíneas e restos florestais, por exemplo. O objetivo é encontrar métodos mais eficientes – financeira e tecnologicamente – para extrair desses materiais a molécula responsável pela rigidez deles, chamada lignina, e assim otimizar a fermentação, que é como se obtém o bioetanol e outros biocombustíveis.

“Queremos avaliar um processo de pré-tratamento que desenvolvemos muito diferente do que tem sido feito hoje e que permite evitar a contaminação por bactérias durante a fase de fermentação do açúcar, para obter não só etanol de segunda geração, mas também outros biocombustíveis avançados, como biodiesel e bioquerosene para aviação”, afirma Franco.

O segundo projeto será coordenado por Fábio Squina, pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), e por Timothy David Howard Bugg, professor da University of Warwick, Inglaterra, e visa desenvolver novas rotas biotecnológicas para valorizar a lignina. “Nosso objetivo é desenvolver novos métodos para valorizar a lignina usando ácido ferúlico como intermediário e que esse composto antioxidante, encontrado nas folhas e sementes de plantas, como farelo de milho, arroz, trigo e aveia e usado pelas indústrias de cosméticos, possa ser convertido em outros compostos, como fragrâncias, princípios farmacológicos e aromas”, explica Squina.

Ao todo, as duas pesquisas serão desenvolvidas pelos próximos cinco anos.

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