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Depois de começar o ano em alta, a cotação média das terras agrícolas recuou, mas mantém a tendência de valorização. O valor médio do hectare, que chegou a R$ 4.373 no primeiro bimestre, caiu a R$ 3.545 em abril. No final do ano passado, os imóveis rurais brasileiros valiam em média 18% mais (R$ 4.330/ha), aponta levantamento da consultoria AgraFNP. A queda no ano acompanha a desvalorização das commodities agrícolas mercado internacional, explica Jacqueline Bierhals, analista responsável pelo estudo. A soja, principal produto do agronegócio nacional, acumulou queda de 5% na Bolsa de Chicago no primeiro quadrimestre de 2010.

O índice negativo interrompe uma sequencia de duas altas, mas não reverte a tendência de recuperação nos preços das terras iniciada no último bimestre de 2009. "Quando avaliamos os últimos 12 meses, percebemos uma estabilidade nos valores, o que é um sinal positivo. Esperávamos um enfraquecimento dos preços por causa da crise", destaca a analista.

Entre os 26 estados brasileiros pesquisados pela AgraFNP, a cotação do hectare subiu em 19 e manteve-se estável em quatro (SP, MS, BA, AC). O Rio Grande do Sul registrou a maior alta no período, de 20%. Tocantins (18%) e Maranhão (17%) também tiveram boa valorização. Apenas três estados registraram queda, entre eles o Paraná. O valor médio da terra paranaense caiu 2% nos últimos 12 meses, para R$ 9.129/ha. No Pará e no Pernambuco, o recuo foi de 5%. Mas, mesmo nesses casos, a queda ficou aquém da desvalorização da soja, que caiu 8% em Chicago nos últimos 12 meses.

Novas fronteiras

Por outro lado, na avaliação de um período maior, o avanço do capital estrangeiro nos campos brasileiros fez explodir o preço da terra nas novas fronteiras agrícolas. Em três anos o valor do hectare aumentou até 238% nos estados do MaToPiBa (Maranhã, Tocantis, Piauí e Bahia) e chegou a subir mais de 600% em áreas pontuais de Mato Grosso e Amapá, mostra o levantamento da AgraFNP. O estudo revela que a procura crescente por terras nessas regiões tem se refletido no preço dos ativos em todo o país. Nos últimos 36 meses, o preço médio da terra aumentou 42% no Brasil – mais que a maior parte das aplicações financeiras.

Nos últimos três anos, a cotação do hectare subiu em todo o país. A maior variação foi registrada em Alagoas (188%) e a menor em são Paulo (7%). O Paraná teve alta de 31%, índice bem mais modesto que o observado nas novas fronteiras agrícolas do MaToPiBa. O preço médio do hectare avançou 30% na Bahia e mais que dobrou em três anos no Piauí, Maranhão e Tocantins. Na Bolsa de Chicago, a soja acumulou valorização de 36% no período.

"As terras mais caras ainda são as do Sul e Sudeste do país. São áreas consolidadas, onde a logística é melhor e o clima permite a realização de duas safras anuais. Mas nessas regiões a liquidez é mais baixa, pois há menos disponibilidade de terras. Geralmente, são negócios entre vizinhos, que envolvem glebas pequenas, diferente do que ocorre nas regiões de fronteira", observa Jacqueline.

No Paraná, é preciso desembolsar entre R$ 800 e R$ 22.500 para comprar um hectare para o cultivo de grãos. Os preços variam de acordo com condições da terra e dos benefícios (infraestrutura) nas proximidades. Na região de Cascavel (Oeste), a mais valorizada do estado, um hectare vale hoje em média R$ 22.500, 8% menos que há um ano, mas 42% mais do que valia há três anos. "Em 2006, o hectare valia metade desse valor na região", lembra Jacqueline. No ano seguinte, a cotação chegou a R$ 26 mil, mas os preços caíram com força no final de 2008. O Oeste paranaense é a região que tem a maior produtividade média de soja do estado.

Em Guarapuava, referência de produtividade de milho no Brasil, o hectare vale hoje cerca de R$ 15 mil, valor semelhante ao apurado em Ponta Grossa, também nos Campos Gerais. A cotação média é de pouco menos de R$ 20 mil em Londrina e de R$ 10 mil em Paranavaí. Em Umuarama (No­­roeste), região do Arenito Caiuá, o hectare vale entre R$ 7,5 mi e R$ 11,5 mil.

"Mesmo com as commodities em baixa, os proprietário resistem em reduzir os preços. Não estão dispostos a se desfazer de um ativo tão valioso como esse. (...) Até porque, a tendência é de valorização. Com a China e a Índia entrando fortemente no mercado consumidor, é inevitável pensar no crescimento do consumo de alimentos e na necessidade de aumento de produção", avalia Jacqueline.

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