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Érico Gasparin se diz satisfeito e não pensa em trocar tão cedo a pimenta, que hoje é seu carro-chefe | Antônio More/Gazeta do Povo
Érico Gasparin se diz satisfeito e não pensa em trocar tão cedo a pimenta, que hoje é seu carro-chefe| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Depois que o mercado de cerveja artesanal virou moda e deu a chance aos paranaenses de terem onde matar sua sede pela bebida, agora é a vez de o estado provar sua vocação produtiva e a fome pela pimenta. Com molhos artesanais, grupos de amigos têm se reunido e usado a exclusividade como principal ingrediente em novas receitas. O resultado é uma variedade quente em feiras, mercados públicos e na internet. Como reflexo, para os produtores o ramo vai de vento em popa. Nas plantações, nos últimos dez anos, houve um crescimento de mais de 200% na produção do condimento no Paraná (veja gráfico). O estado é o 13º colocado no ranking nacional da especiaria, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

INFOGRÁFICO: veja como é a produção de pimentas no Paraná.

Fabrício Piccinini vende 160 molhos diferentesFotos: Antônio More / Gazeta do Povo

Em Colombo, região metropolitana de Curitiba, o agricultor Érico Luízio Gasparin percebeu essa tendência há quatro anos. Ele deixou de produzir tomates para apostar firme na pimenta. Mesmo depois de ter perdido por excesso de chuva 25 mil dos 45 mil pés que plantou este ano, ele diz não trocar a hortaliça por nada. A safra, que vai de outubro a abril, rendeu seis quilos por pé – 12 toneladas no total em uma área de 1,2 hectare. O quilo é comercializado a R$ 8,10, o que permite um lucro de cerca de R$ 10 mil. “Para este ano pretendo aumentar o plantio para 25 mil pés da variedade Dedo de Moça [mais vendida] e 25 mil pés de outras 14 espécies. O que eu produzo, vendo tudo. Venderia mais, se tivesse”, relata.

Desde que se apaixonou por pimenta ao acrescentar o condimento em um risoto, o empresário curitibano Fabrício Piccinini resolveu pesquisar o assunto. Em 2015, após muita comida apimentada, entrou no mercado. Primeiro criou uma loja virtual, hoje com 160 produtos disponíveis. As vendas inspiraram novos projetos e após o sucesso de 100 frascos de uma receita que fez sob encomenda para a banda Motorocker, ele criou a própria marca: Brutus Sause. “Hoje, a pimenta para mim é um refúgio e uma aposta no que, no futuro, pode ser o meu primeiro negócio”, projeta Piccinini.

Serviço

O site de Curitiba www.loucosporpimenta.com.br vende 160 molhos, de todas as intensidades, com marcas do Paraná, de outros estados e internacionais.

Para pesquisadores, mercado ficará ainda mais apimentado

Pesquisadora de melhoramento genético de pimentas da Embrapa Hortaliças em Brasília, Cláudia Ribeiro vê uma ligação clara entre a crescente oferta de produtos diferenciados a base de pimenta e o aumento na produtividade. Ela vê ainda uma mudança específica no mercado na Região Sul, lembrado historicamente como baixo produtor e consumidor do condimento. “Este panorama está mudando em função principalmente da identificação de novos nichos e de variedades de pimentas com características específicas e diferenciadas, que atendem as novas demandas de mercado e permitem uma maior agregação de valor ao produto processado”.

Cirino Correia Junior, engenheiro agrônomo do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), diz que pelo acompanhamento de produtores é possível dizer que pimenta é um negócio de alta rentabilidade no estado. A versatilidade do solo e do clima é indicada por ele como um fator decisivo para isso. “Temos um cálculo geral, válido para todos os tipos de temperos que produzimos no estado. A lucratividade equivale a cerca de sete vezes mais em relação a uma área idêntica em tamanho de soja.”

AS
  • Produtor rural em Colombo, Érico Gasparin deixou a plantação de tomates de lado para investir na pimenta quatro anos atrás
  • O agricultor perdeu mais da metade dos pés de pimenta que plantou neste ano, mas nem pensa em desistir do negócio
  • Gasparin relata que cultura da pimenta exige menos aplicações de produtos químicos do que a de tomate, o que torna o lucro maior
  • Fabrício Piccinini começou com um site para vender pimentas e agora está produzindo um molho de marca própria: Brutus Sause
  • No site que Fabrício mantém desde o ano passado, mais de 160 tipos de pimentas de vários países são vendidos on-line
  • No detalhe a preparação de um dos molhos, que acontece em cozinha especialmente preparada para a fabricação do alimento
  • Todos os ingredientes passam por controle de qualidade e higienização, assim como os utensílios empregados na execução das receitas
  • Cada receita de molho tem um preparo diferente e este em questão leva os frutos para o fogo junto com as demais especiarias
  • Trabalho leva várias horas e é feito por Fabrício em suas folgas de fim de semana e feriados: “pimenta para mim é uma paixão”, diz o empresário
  • Nesta etapa o molho já está em sua fase final de preparo, porém, ainda não está pronto já que receita exige tempo de maturação
  • Quando todas as etapas foram cumprias, molho é colocado em garrafas pensadas para que a quantidade exata de molho caia sobre o alimento
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