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Clarke, Santa Fé, Argentina - Com 60% das terras produtivas nas mãos de arrendatários, a Argentina começa a perder competitividade no mercado internacional de grãos. Mesmo em anos de boa produção, como este, o aluguel de áreas consome quase metade do rendimento da lavoura. O custo do arrendamento, fixado em quilos de soja por hectare, aumentou significativamente nos últimos anos e reduz a lucratividade da safra. "O custo da terra alugada está no limite da rentabilidade", diz o produtor Alejandro Calderón.

Calderón planta soja e milho em Pergamino, na província de Buenos Aires, uma das regiões mais férteis do Pampa Úmido argentino. Com 75% da área arrendada, ele é um retrato da realidade da agricultura do país. Dos 1,2 mil hectares cultivados neste ano, 900 são alugados. Para cada hectare, ele tem que desembolsar o equivalente a 1,6 mil quilos de soja, 40% da produtividade esperada para esta safra. O valor, ainda que mais baixo que no ano passado, quando o custo do arrendamento chegou a 2,2 mil quilos por hectares na região, é muito maior que o praticado há alguns anos. A seca no ano passado descapitalizou o produtor e forçou a redução no preço do aluguel da terra.

A elevação dos custos do arrendamento incentivou o produtor Juan Trossero a investir na compra de terras. Dos 815 hectares que cultiva em Clarke, na província de Santa Fé, menos de 10% são arrendados. O aluguel do hectare, relata, custa entre 1,2 e 1,6 mil quilos de soja na região. Para comprar um hectare de terra no Pampa Úmido, o produtor precisa desembolsar entre US$ 10 e US$ 15 mil, calcula Trossero. A preços atuais (Bolsa de Rosário), entre 29 e 43 mil quilos por hectare.

"O custo do arrendamento tem aumentado muito na Argentina. Há seis ou sete anos, o preço do aluguel era fixado sobre um porcentual da produção, ou seja, proprietário e arrendatário compartilhavam os riscos. Hoje o valor é fixo, e isso tem aumentado a procura por seguro agrícola", relata Andrés Martino, da Sancor Seguros. Atualmente, mais da metade dos 33 milhões de hectares cultivados na Argentina são segurados.

Grande parte dos produtores argentinos contrata seguro rural não apenas para cobrir os custos variáveis, mas também para garantir o pagamento do arrendamento da terra, constatou a Expedição Safra. Os gastos com o aluguel oneram os custos de produção no país vizinho, mas são parcialmente diluídos com outras vantagens logísticas, como a proximidade dos portos, principal via de escoamento da produção de grãos, e a fertilidade dos solos, que diminui o desembolso com fertilizantes e reduz os custos variáveis do produtor argentino.

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