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Brasília - Representantes dos produtores e da indústria de trigo ouviram ontem do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, a intenção do governo federal de estimular a importação de trigo da Rússia. Em contrapartida, os russos aumentariam a cota de importação de carne suína do Brasil em pelo menos 50 mil toneladas. A medida beneficiaria principalmente o estado de Santa Catarina. A considerar que o país vai precisar importar de 2 a 3 milhões de toneladas do cereal a partir do segundo semestre de 2009, "seria importante que 1/3 desse volume viesse da Rússia", disse Stephanes. Para isso, o ministro solicitou o apoio dos moinhos e das cooperativas.

A cadeia produtiva levou a Brasília propostas para a efetivação de políticas públicas para a safra de inverno (trigo, cevada e aveia). Entre as reivindicações está o reajuste do preço mínimo do trigo, dos atuais R$ 480 para R$ 600 a tonelada. Stephanes já adiantou que será difícil chegar a esse patamar, mas que acredita em algo entre R$ 510 e R$ 520. Atualmente a cotação média se sustenta próximo de R$ 560. Outra solicitação foi a destinação de R$ 2,3 bilhões para custeio e comercialização, reivindicação considerada razoável e com destinação de recursos garantida, segundo o ministério. O setor pede ainda ajustes na política de seguro, salvaguardas contra importações e mudança na legislação, como a de cabotagem. Mas a espinha dorsal do plano estaria no preço mínimo e nos recursos para custeio e comercialização. Se atendidas essas demandas, o setor entende que o governo terá feito a sua parte, como destacou João Paulo Koslowski, presidente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).

Valter Bianchini, secretário estadual da Agricultura, defende que o Paraná tem condições, inclusive, de aumentar a área cultivada com trigo neste ano. Segundo ele, o cereal pode crescer 10% em área no Paraná, para 1,3 milhão de hectares. No último ciclo, o Brasil produziu 6 milhões de toneladas, sendo 55% desse volume no estado, e importou perto de 4 milhões, principalmente da Argentina. Agora, a expectativa é que as importações não cheguem a 3 milhões, para um consumo estimado em 10 milhões de toneladas.

Para serem implementadas, algumas medidas dependem de parecer do Conselho Monetário Nacional (CMN). Essa demanda iria para votação na última quinta-feira de março. O plantio de trigo, no entanto, tem início em 10 de março. Ivo Arnt, representante da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) na Câmara Setorial do Trigo, lamenta a morosidade do sistema. De qualquer forma, Arnt, que também é produtor, avalia como positivas as propostas e a sinalização favorável do governo.

O principal entrave ao acordo entre Brasil e Rússia é a qualidade do trigo, que é questionada pela indústria. Para esclarecer, o Mapa pediu apoio à Embrapa Trigo, que irá fazer uma análise prévia do cereal. Os moinhos sinalizaram com a possibilidade de atender à solicitação do ministro, desde que o trigo daquele país chegue ao Brasil em condições de competitividade, preço e qualidade.

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