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| Foto: Josua© Teixeira/gazeta Do Povo

A partir desta temporada, os produtores de cevada do Paraná devem olhar com mais atenção para a Bolsa de Chicago (CBOT), onde são formados os preços das principais commodities agrícolas. A indústria cervejeira que atua no estado e consome mais de 90% da produção local, decidiu estabelecer nova política de comercialização do grão. Vai permitir que os negócios do cereal sejam balizados pelo mercado futuro. Os preços do trigo serão usados como referência, já que não há cevada nos negócios da bolsa norte-americana. Ambos os produtos têm praticamente o mesmo calendário de plantio, colheita e comercialização.

Nas temporadas anteriores, o valor pago pela cevada era definido pela empresa compradora no início do ciclo, ainda quando as sementes estavam ganhando o solo. Agora, o produtor tem da data de assinatura do contrato até o dia 23 de novembro para escolher o melhor momento para fixar volume e valor da venda do produto.

“Usar a bolsa é um avanço como trocar a enxada por um trator. Vai permitir que o produtor faça melhores negócios”, avalia Luiz Carlos Pacheco, analista da consultoria Trigo e Farinhas.

A iniciativa faz parte da política de incentivo ao plantio de cevada da Ambev, que busca autossuficiência da principal matéria-prima usada. Além do Paraná, quatro regiões do Rio Grande do Sul (Norte, Planalto, Centro e Sul) poderão vender a produção no novo modelo. Os dois estados são considerados celeiros da cevada. De acordo com projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra paranaense deste ano irá render 181 mil toneladas, enquanto a gaúcha deve chegar a 120 mil toneladas.Hoje, a empresa importa 40% da cevada utilizadas nas suas indústrias, principalmente da Argentina e, em eventual insuficiência, da Europa.

“Trabalhamos para ser autossuficiente. Temos ensaios em Londrina e Cascavel para ampliar o leque de fornecimento. Além disso, há vastas áreas para expansão nos Campos Gerais, região que o clima favorece. Nossa projeção é 20% de crescimento da produção paranaenses ao ano“, aponta Dércio Oppelt, especialista agronômico da multinacional.

Ele lembra ainda que o produtor terá autonomia para fazer a opção de travar parte da produção com o preço fixo e outra com os valores da bolsa. Atualmente, os fornecedores são obrigados a comprar sementes da empresa, que justifica a condição como forma de garantir pureza e qualidade da cevada.

Aval

A nova fórmula de negociar a cevada interessou ao produtor Fábio Schmidt, de Ipiranga, na região dos Campos Gerais, envolvido com a atividade desde 1975, quando seu pai ingressou na cultura. Como é a primeira experiência, ele optou por uma fórmula mais conservadora e irá vender 25% da produção com base no mercado futuro. Os três quartos restantes foram fixados ao preço de R$ 31,20 por saca. Ontem, a cotação do trigo em Chicago era equivalente a R$ 33,31 por saca.

“O sistema é interessante porque permite acompanhar o mercado diário e travar na alta. Como é o primeiro ano, para não correr risco, fixei a maior parte para pagar os custos de produção. Mas a intenção é escalonar nos próximos anos até chegar a 100% da produção por Chicago”, afirma. Ele destinou 400 hectares da sua propriedade de 1,1 mil hectares para cevada neste ano e tem expectativa de produzir duas mil toneladas.

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