Porto Alegre - Setores comercialmente menos expressivos do agronegócio aproveitam a onda de otimismo das feiras agropecuárias brasileiras para divulgar e valorizar seus produtos. O salto no faturamento das exposições vem sendo determinado pelas vendas de maquinário agrícola. Porém, representantes da agricultura familiar e de segmentos como o de roupas instalam cada vez mais estandes nesses eventos. A arrecadação é pequena não sustentaria as exposições mas o interesse do público, garantido.
O resultado a Expointer 2010, divulgado na última semana, confirmou essa tendência. O faturamento da feira gaúcha, realizada em Esteio, chegou a R$ 1,14 bilhão R$ 130 milhões a mais do que no ano passado e teve 590 mil visitações. A agricultura familiar, por sua vez, movimentou R$ 800 mil, conforme os organizadores. Esse valor é 20% menor que o registrado um ano atrás. Mesmo assim, justificou a ampliação de 167 para 193 estantes, que serão mantidos em 2011.
A Expointer consolidou faturamento acima de R$ 1 bilhão e se equiparou novamente à Agrishow, de Ribeirão Preto (SP), apontada como a feira mais rica do país. Na edição de abril deste ano, a exposição paulista viabilizou negócios que somam R$ 1,15 bilhões, conforme os organizadores. Numa conta que inclui negócios que nem sempre se concretizam, a diferença de R$ 10 milhões é considerada insignificante e acirra a disputa pelo posto de maior feira do Brasil. Especializada no setor de máquinas, a Agrishow não faz questão de ampliar tanto seu público, ainda abaixo de 200 mil visitações, mas tenta explorar melhor os interesses dos produtores. Os estandes de alimentos e roupas vêm sendo renovados.
Em Esteio, a venda de produtos que vão da erva-mate ao vinho colonial "só perde para a exposição de animais enquanto atração para o grande público", afirma a coordenadora de Agroindústria da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), Joice Timm. "As pessoas gostam de lembrar da época em que viviam no meio rural ou mesmo de manter uma ligação com o campo", avalia. O faturamento dos pequenos produtores está acima de R$ 700 mil por edição da Expointer há quatro anos, relata.
Ovelha negra
Outro segmento que briga por espaço e atenção do público em Esteio é o de lã de ovelha naturalmente colorida. "Nosso consumidor não pode, por alguma alergia, ou não quer, por defesa ecológica, usar tinta", explica a ovinocultora Maria Luíza Ramalho. Quem se especializa ganha mais dinheiro com essa lã do que com carne ou leite, relata.
O ovinocultor Volnei Merino conta que as ovelhas pardas, pretas ou vermelhas estão recobrando espaço diante das brancas. A cor do animal é sempre uma surpresa quando há cruzamento genético, porque as ovelhas podem nascer diferentes de seus familiares.
A mistura das lãs permite a confecção de roupas e tapetes de diversas tonalidades. Uma blusa de frio chega a custar R$ 200 ao consumidor. A qualidade é comparada à de peças que custam até o dobro, e que muitos consumidores buscam no exterior, diz Maria Luíza.
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