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Roberto Custódio/Gazeta do Povo |
Roberto Custódio/Gazeta do Povo| Foto:

Foi com o desafio de implantar novas formas de transmissão de tecnologia, lidar com a falta de técnicos e de verbas públicas que o pesquisador José Renato Bouças Farias assumiu na última quinta-feira (14) a chefia-geral da Embrapa Soja, que tem sede em Londrina. Com 67 pesquisadores – para uma área de mais de 28 milhões de hectares plantados no Brasil – a instituição sofre com a falta de técnicos e burocracia para liberação de recursos. Em entrevista à Gazeta do Povo, Farias falou sobre as estratégias que vai adotar em sua gestão e da necessidade de se antecipar aos problemas da safra, que cresce em meio a ataques de pragas resistentes e de difícil controle. Natural de Porto Alegre, Farias é agrônomo, doutor em Fitotec­­nia/Agrometeorologia e pós-dou­­tor na área de Mo­­de­­­­la­­gem e Simulação de Sis­­temas Agrícolas pela Universidade da Flórida (EUA) e Universidade Esta­­dual de Campinas. Faz parte do corpo técnico da Embrapa desde 1990.

A Embrapa precisa de novos pesquisadores?

Hoje nosso maior gargalo não é na parte de pesquisa, é na parte de suporte. A gente tem deficiência principalmente no pessoal assistente, nos técnicos, onde o concurso da Embrapa já expirou e não estamos tendo possibilidade de contratar. A gente tem um grupo de funcionários, independente do cargo, da função, em que todos são importantes para os nossos objetivos. Isso nos preocupa bastante porque não estamos tendo condições e agilidade para repor esse pessoal.

Qual a estratégia para captar mais recursos?

Somos uma empresa pública, estamos presos a muitas amarras do governo, que nos impedem de usar de forma mais eficiente os recursos. Temos muita morosidade na liberação dos recursos, para efetuar processos de compra e contratação. Isso nos atrapalha.Hoje existem outras fontes de financiamento que estamos correndo atrás. Estamos firmando parcerias não só na parte técnica, mas na parte de fomento, na parte financeira, que nos ajudam a promover esse trabalho. O governo também dá incentivo, hoje temos uma condição de trabalho muito melhor que anos atrás. Se tivesse maior agilidade no uso dos recursos, com certeza isso ajudaria.

Havia uma meta de capacitações a serem promovidas pela Embrapa para o controle da lagarta Helicoverpa armigera, mas foram realizadas ações pontuais.

A lagarta surgiu no final da safra do ano passado e procuramos atender de forma mais ágil. Fizemos várias iniciativas de treinamento, de capacitações ao vivo, in loco, mas também de forma virtual. Usamos as redes de computadores para alcançar os produtores e indivíduos envolvidos diariamente com isso no campo. Criamos hotsites, comunidades virtuais, apresentações, palestras, tudo disponibilizado via web, para atender aquele produtor no ponto mais inacessível. E desenvolvemos programas de capacitação para técnicos, quem está dando assistência aos produtores. Acreditamos que há um desequilíbrio muito grande em vários ecossistemas e que causa esse distúrbio populacional de algumas pragas.

O senhor fala sobre a necessidade de se dar um salto de qualidade na comunicação de transferência de tecnologia. Como pretende fazer isso?

Todo mundo tem acesso à internet, a celular, aos grandes meios multimídia. Podemos, em parceria, também nos associar com a imprensa, utilizar ferramentas de rede, podcast, tudo para chegar mais próximo do produtor e levar de forma mais rápida a informação quase em tempo real. Não adianta nada gerarmos e deixarmos engavetado. Hoje, não temos perna dentro dessa grande área para integrar de forma mais ágil os resultados.

Como tornar o manejo agrícola mais sustentável?

Nosso foco não é mais buscar produtividade de forma cega, como fazíamos no passado. Hoje, o que nos interessa é sustentabilidade, no sentindo não só do aspecto ambiental, mas em termos de rentabilidade ao produtor. Altíssima produtividade com altíssimo custo tem um grande risco. Queremos que a renda do produtor seja cada vez maior, com um risco mínimo e que esse sistema produtivo perdure pelo maior número de safras possível.

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