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As lâmpadas se acendem e despertam os pintainhos para o consumo de ração e água. Duas ou três horas depois, um sistema automático desliga as luzes elétricas e as aves se acalmam e dormem, como ao cair da noite. Cortinas de lona impedem a entrada de sol no aviário, permitindo a repetição do come-dorme 24 horas por dia.

O novo sistema de criação de frangos de corte, conhecido como dark house, ganha expansão no Paraná. Mais de 200 aviários já foram equipados com cortinas de lona e painel eletrônico para controle da luz, água, ração, temperatura e ventilação nas regiões Oeste e Noroeste do estado. Os frangos só vêem sol quando chegam no aviário ou quando são transportados para o abatedouro, isto se o transporte não for realizado durante a noite.

As vantagens de quem cria frango no escuro vão da redução do ciclo de 42 para 40 dias à queda da mortalidade de 6% para 4%. Além disso, há economia de ração – uma vez que as aves ficam dois dias a menos no aviário. E de espaço – a calmaria autoriza a concentração de um animal a mais por metro quadrado. Criadores, cooperativas e técnicos relatam que os casos de descarte são menos freqüentes, porque os animais ficam mais calmos e, com isso, se machucam menos.

Ainda não há estatísticas gerais, mas a estimativa é de que o dark house rende o equivalente a um lote de frango a mais por ano, considerando um aviário que recebe entre sete e oito lotes anualmente. Só em tempo, são economizadas duas semanas.

O investimento necessário, que chega a R$ 225 mil na construção de um aviário climatizado comum para 18 mil frangos, aumenta cerca de 10% na implantação da casa escura. O consumo de energia elétrica também cresce. No entanto, essas desvantagens seriam compensadas com sobras na redução de outras despesas.

"Perto de 30% dos nossos 500 aviários já funcionam nesse sistema. Vamos ampliar a adoção do dark house, pela série de vantagens que constatamos", afirma Alexandre Rafael Lage Paixão, da cooperativa CVale, com sede em Palotina (Oeste). No abate de 230 mil frangos por dia, as vantagens ganham expressão. Cerca de 70 mil aves vêm dos aviários escuros. Com a redução do ciclo em dois dias nesses criadouros, é possível alcançar a mesma produção diária com 140 mil animais a menos em campo.

O sistema foi desenvolvido nos Estados Unidos e começou a ser experimentado no Paraná há cerca de dez anos. A cooperativa Copacol (Cafelândia, Oeste), por exemplo, adotou o dark house para criação de matrizes em 1998. A empresa confirma a redução no consumo de ração e o melhor aproveitamento do espaço dos aviários.

"O sistema começou a ser usado em matrizeiros e agora se expande na criação de frangos de corte", observa o biólogo Levino Bassi, técnico da Embrapa Suínos e Aves, com sede em Concórdia (SC). As vantagens da cortina de lona e do painel eletrônico de controle estão relacionadas ao maior conforto oferecido às aves, avalia.

O sistema conseguiu ampliar os resultados perseguidos pelas pesquisas sobre genética e nutrição, que reduziram o ciclo de vida do frango de corte de 50 para 42 dias na última década. O bem-estar dos animais, relacionado à luz, à temperatura e à disponibilidade de comida e água na medida certa, ganhou um dispositivo a mais: o controle da luz, que funciona como um gatilho para despertar e acalmar as aves.

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