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Restos da manga agora podem virar plástico. Solução foi desenvolvida em parceria pela Embrapa, Universidade Federal do Rio de Janeiro e Centro de Tecnologia Mineral (CETEM). | ANIELE NASCIMENTO/GAZETA DO POVO
Restos da manga agora podem virar plástico. Solução foi desenvolvida em parceria pela Embrapa, Universidade Federal do Rio de Janeiro e Centro de Tecnologia Mineral (CETEM).| Foto: ANIELE NASCIMENTO/GAZETA DO POVO

Com mais de 1 milhão de toneladas de manga produzidas por ano no Brasil, o que fazer com o caroço? Pior: e quando o processamento industrial utiliza apenas de 40% a 60% do volume da fruta?

A resposta está pronta, no que depender de uma equipe multidisciplinar formada por unidades da Embrapa nos estados do Rio de Janeiro e em São Paulo, Universidade Federal do Rio de Janeiro e Centro de Tecnologia Mineral (CETEM). A solução é transformar a casca e a amêndoa que fica dentro do caroço da manga em plástico biodegradável, fazendo de “restos” um substituto do petróleo para a indústria plástica.

“Esse projeto tem pegada ambiental. Temos que olhar para grandes sistemas de produção, já que nem tudo é lixo se soubermos usar. E a manga traz um volume grande de resíduos que pode gerar problemas ambientais no descarte. Como são muitos caroços, inclusive pode gerar proliferação de ratos”, afirma Edla Lima, pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos e uma das líderes do projeto.

Em pouco mais de dois anos e meio de trabalho, os cerca de 30 integrantes envolvidos no projeto, entre estagiários e pesquisadores, conseguiram desenvolver um tipo de plástico biodegradável, feito da amêndoa do caroço de manga em mistura com biopolímeros (moléculas produzidas por seres vivos ou matérias primas renováveis que podem ser utilizadas para a fabricação de embalagens plásticas). Utilizando também argilominerais - ou seja, minerais que vêm da argila -, a equipe conseguiu chegar à solução.

“Vamos modificando as propriedades e a estrutura do material até que ela seja equivalente em suas características elásticas”, explica a pesquisadora.

Vídeo: Professora Rossana Thiré, da Coppe/UFRJ, explica como funciona o processo de mistura com biopolímetros

Larga escala

Até o momento, as atividades tiveram investimentos baixos, em torno de R$ 120 mil, com recursos da Embrapa - sem contar o uso de equipamentos e pessoal de todas as entidades envolvidas. A pesquisa já foi apresentada em três revistas científicas internacionais e, agora, parte para uma nova etapa: a busca por novos parceiros para atingir a indústria e o comércio. “Estamos indo para a segunda fase do projeto, algo mais robusto para testar volumes de produção”, explica Edla.

Para chegar ao mercado, a indústria precisa adotar a inovação. A ideia é negociar restos da manga junto a fabricantes de sucos e de polpa. “Essas indústrias geram toneladas de caroço”, afirma a pesquisadora, que já sabe até mesmo os estados onde seriam coletadas: “Em plantas de São Paulo, Ceará e Bahia, estado que inclusive tem população carente de emprego e mão de obra”, explica, reforçando a sustentabilidade da iniciativa.

E já nos próximos dias podem haver novidades, segundo Edla. O projeto foi apresentado a uma multinacional que poderá bancar os investimentos dessa segunda fase de desenvolvimento, para, no futuro, fabricar plástico de caroço de manga em escala industrial. A resposta sobre o aceite (ou negativa) deve sair já nas próximas semanas.

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