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As indústrias de máquinas agrícolas tiveram de se adaptar. Com forte queda nas vendas, submeteram-se a reduzir preços para aproveitar o filão de mercado aberto pelos programas sociais Trator Solidário (Paraná), Pró-Trator (São Paulo) e Mais Alimentos (nacional). Con­ven­­cidas de que esta é a saída para melhorar seu desempenho no segundo semestre, lançam novos modelos e se especializam em má­quinas com potência de até 75 cavalos (cv).

A New Holland abocanhou a maior fatia do novo mercado, composto por pequenos e médios produtores. Além de única fornecedora do Trator Solidário, lidera as vendas no Rio Grande do Sul, maior cliente do Mais Ali­men­tos. Ainda neste mês deve atingir a marca de 2 mil tratores por lá. O Rio Grande do Sul ficou com 43% dos 4.836 tratores entregues pelo Mais Alimentos até julho.

Reconhecida por suas colheitadeiras, a empresa mudou de perfil, afirma o gerente de Vendas Espe­ciais, Marcos Arbex. "Estávamos com um bom produto (o TL 75E) no momento em que os programas sociais chegaram." Para Arbex, ainda existem pelo menos 200 mil produtores com crédito para comprar tratores de até 75 cv no país.

O diretor comercial da Massey Ferguson, Carlito Eckert, diz que sem o apoio público, a crise seria aguda. "Perto de 60% das vendas de tratores são incremento dos programas sociais". Especialista em tratores, a companhia reforçou o marketing de três modelos que podem ser comprados com recursos públicos e juros reduzidos.

A Massey informa ter vendido 6.845 tratores no primeiro semestre – 2,6% menos que em 2008. A retração média registrada pelas indústrias foi 2 pontos maior. A Massey defende que os juros reduzidos sejam estendidos às colheitadeiras, ramo em que registrou queda de 41% nas vendas, 5 pontos mais que a média.

A John Jeere tinha apenas um modelo para o Mais Alimentos, o 5603 (75 cv), e agora possui três. Lan­­çou o 5403 (65 cv) e o 5303 (57cv) como forma de ampliar sua participação nos programas so­­ciais. "Eles trouxeram pa­­ra o mercado de novos um pú­­blico que só comprava usados", afir­­­ma o diretor comercial, Wer­ner Santos.

Ele acredita que os próximos meses ajudarão a equilibrar um pouco as vendas de 2009. "O ano foi muito sofrido até agora. Ti­­vemos que parar a fábrica de Ho­­rizontina (RS) por 45 dias". Os problemas não foram só internos. "A Argentina praticamente parou. Felizmente, o Brasil começa a mostrar melhora". A empresa investiu US$ 250 milhões para produzir 15 mil tratores ao ano em Montenegro (RS) e precisa abrir mercado.

Em quatro meses, a Valtra, marca acostumada a produzir tratores de alta potência para canaviais, pro­­jetou e lançou seu primeiro mo­­delo que cabe no Mais Ali­men­tos, o A750. Metade dos produtores que estão comprando trator querem modelos com potência de até 75 cv, estima o coordenador co­mer­cial da marca, João Luiz Bueno. "Estávamos numa fase restritiva, e agora temos uma nova di­nâmica". A produção de novos modelos transformou a crise nu­­ma fase de contratações de novos funcionários, revela.

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