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Londrina - Um organismo microscópico, mas que pode causar estragos milionários nas lavouras de soja. Esse vilão quase invisível é o fungo Phakopsora pachyrizi, que provoca a ferrugem asiática da soja. Só no Paraná, na safra passada, o microorganismo foi responsável por prejuízos estimados em aproximadamente R$ 800 milhões, volume resultante da quebra da produção e dos custos do controle da doença.

Na semana passada, cerca de 100 integrantes do Consórcio AntiFerrugem estiveram reunidos, em Londrina (Norte do Paraná), durante dois dias, no 6º encontro anual do grupo. A recomendação dos pesquisadores presentes na reunião é de que os produtores continuem monitorando suas lavouras e, principalmente, respeitando o vazio sanitário.

Desde que foi identificado no Brasil, em 2001, nas lavouras paranaenses, o fungo tem mobilizado pesquisadores de diversas regiões do país no monitoramento de seu avanço, e na busca de soluções que minimizem seus efeitos. Em 2004, foi formado o Consórcio An­­tiferrugem, que conta com a participação de instituições públicas e privadas de todas as regiões do país, e tem como objetivo combater a doença.

Durante a reunião em Londrina, os participantes avaliaram a evolução da ferrugem, debateram novos métodos de manejo e controle. "A reunião que fazemos anualmente é uma oportunidade que temos para uniformizar o conhecimento sobre a doença, discutir temas mais relevantes como a maior tolerância do fungo aos fungicidas e o desenvolvimento de novas cultivares resistentes à ferrugem", afirma a pesquisadora da Embrapa Soja, Cláudia Godoy, coordenadora da reunião.

A grande novidade foi a apresentação da cultivar BRSGO 7560, desenvolvida por um grupo de pesquisadores da Embrapa Soja em parceria com a Secretaria de Agricultura do Estado de Goiás e o Centro de Tecnologia e Pesquisa Agropecuária daquele estado (matéria abaixo). Mas, como essa cultivar, segundo o pesquisador da Embrapa Soja, Odilon Lemos, apresenta maior resistência, mas não está completamente imune ao ataque do fungo, a orientação dos pesquisadores é de que medidas preventivas e o monitoramento da lavoura sejam praticados.

O pesquisador da FESURV (Universidade de Rio Verde – Goiás), Luiz Henrique Carregal, alertou aos produtores que a adoção do vazio sanitário é "fundamental" para um controle mais eficaz da disseminação e ataque da ferrugem. "Como o fungo fica ativo por até 50 dias fora da planta, o vazio sanitário não pode deixar de ser respeitado para um manejo adequado", recomenda. Carregal observa ainda que soja involuntária deve ser eliminada. No Paraná, o vazio sanitário começou no dia 15 de junho e termina em 15 de setembro.

Outro fator que o pesquisador levantou como preocupante no levantamento que realizou com sua equipe na região Centro-Oeste é a redução no número de aplicações de fungicidas e o uso isolado de um único defensivo. "O triazol é o mais aplicado. Mas, no entanto, apresenta eficácia cada vez mais baixa", comenta.

Por isso, Carregal recomenda, para um controle mais eficiente, além da aplicação da mistura de estrobilurinas com triazois, a adoção de produtos comerciais diferentes. "O produtor não deve utilizar os mesmos produtos comerciais em mais de duas aplicações dentro da mesma safra", afirma.

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