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Chicago, Illinois - As colheitadeiras que varrem os campos agrícolas dos Estados Unidos há três semanas definem diariamente como será o mercado de grãos nesta safra. Maior produtor e exportador de soja e milho do mundo, o país cumpre com tranquilidade a produção planejada, apesar do frio e da umidade, que chegaram antes do normal. Os produtores norte-americanos deverão colher uma de suas maiores safras da história, sustentando as previsões de que a colheita na América do Sul vai ocorrer num período de oferta elevada.

O aumento da produtividade se confirma na fazenda de Bob Randell, que planta 809 hectares em Eddyville, no estado de Iowa – metade soja metade milho. "Estou colhendo algo perto de 5% mais no milho", afirma. Deve chegar a 15 mil quilos por hectare, três vezes a média brasileira e 1/3 mais que a média norte-americana. Na soja, o rendimento deve ser de 3,7 mil quilos por hectare, 900 quilos a mais que o alcançado pelos produtores do Brasil e dos EUA em condições nornais. Produtores como Randell fazem com que as estatísticas se sustentem, mesmo diante de relatos de queda na colheita.

Até o próximo relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), a ser divulgado na segunda semana de novembro, os números que servem de base para o mercado indicam que a produção norte-americana vai se aproximar de 330 milhões de toneladas de milho e 88,5 de soja. Até o último levantamento, que saiu no dia 9, as avaliações dos especialistas eram contraditórias. Previsões de safra recorde e de quebra se contrapunham em meio a um clima oscilante.

Chuva e frio preocupam os produtores norte-americanos mais que a neve em si. Eles afirmam que o milho ainda em desenvolvimento perde qualidade com temperaturas negativas. A neve ocorre mesmo com temperaturas positivas e traz menos umidade que a chuva. Campos molhados há duas semanas dependem de sol para a colheita. Se estivessem secos, as máquinas poderiam trabalhar mesmo com a neve. Só não há tecnologia antiatoleiro.

O atraso é calculado em até 40 dias na propriedade de Randy Phelps, em Easton, Illinois. Quando há condições, ele não pára. A entrevista à Expedição Safra ocorreu dentro da colheitadeira, equipada com medidor de rendimento. A produtividade variava de 11,3 a 13 mil quilos por hectare, conforme o monitor eletrônico. Até dezembro, ainda é possível recuperar o atraso e concluir a colheita na área de 5,5 mil hectares. Com o mercado pouco animador para quem tem grãos para vender, Jeff Matin, de Lathan, Illinois, também se concentra na lavoura de 2 mil hectares. "Vou esperar preços melhores para concluir a comercialização." Para garantir mais tranquilidade, contratou proteção de preço.

O fato de os EUA estarem produzindo cerca de 23 milhões de toneladas de milho e 8 milhões de soja a mais que na safra passada mantém as cotações do cereal menos atrativas que as da oleaginosa. Na América do Sul, Brasil e Argentina fazem apostas inversas, avalia o USDA. Os dois países devem elevar a produção em 2,4 milhões de toneladas no milho e em 25 milhões na soja. Porém, a disposição do mercado para absorver a soja pode não chegar a esse patamar. A previsão norte-americana é que os estoques finais da Argentina passem de 16 em 2008/09 para 22,7 milhões de toneladas em 2009/10 e os do Brasil de 11,6 para 15,4 milhões de toneladas.

A integração dos mercados norte e sul-americano é uma tendência clara, conforme o diretor de Commodity da Bolsa de Chicago, David Lehman. As negociações da CBOT nas plataformas da BM&FBovespa devem se ampliar, prevê. Dos 12 milhões de negociações registradas pela CBOT diariamente, cerca de 10% envolvem commodities como milho e soja. Os preços em marcha lenta, com 15% de retração no volume de negócios, fazem da integração também uma forma de aquecer o mercado, complementa.

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