Cinco pessoas morreram e quase 200 já adoeceram por causa do surto da bactéria E. coli que se espalhou por mais de 30 estados americanos, deixando as autoridades federais perplexas e sem pistas sobre a origem da contaminação.
O Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) acabou de anunciar o número de mortos, mais de dois meses depois que os primeiros casos ocorreram, em meados de março.
Apesar de as investigações revelarem que a bactéria apareceu em alfaces romanas cultivadas na região de Yuma, no Arizona, próximo à divisa com a Califórnia, a Agência de Vigilância Sanitária (FDA) não conseguiu até agora relacionar o surto a nenhuma propriedade, atacadista ou indústria – segundo um relatório apresentado há três dias pelos diretores Scott Gottlieb e Stephen Ostroff.
Com os vegetais contaminados fora das prateleiras e a colheita encerrada, o FDA pode nunca desvendar o caso, frustrando advogados dos direitos dos consumidores que pressionam a agência por novas regras que acelerem investigações em situações de intoxicação alimentar.
Segundo o CDC, 197 pessoas foram contaminadas, e quase metade precisou de hospitalização. Alguns informaram que não chegaram a comer alface, mas adoeceram após contato com pessoas que tinham ingerido o vegetal contaminado. Entre os doentes, 26 desenvolveram a síndrome hemolítico-urêmica, um tipo de insuficiência renal que pode ser fatal para pessoas com imunidade baixa, como crianças e idosos.
A maioria dos infectados está na Califórnia, onde houve uma morte, e na Pensilvânia. As quatro outras mortes aconteceram no Arkansas, em Minnesota e Nova York, segundo o CDC. No mês passado, o governo canadense anunciou que seis de seus cidadãos também adoeceram com a Escherichia coli, apresentando sintomas e “impressões genéticas” parecidos com os encontrados no surto nos Estados Unidos. Dois canadenses disseram ter ficado doentes depois de viajar para os EUA, enquanto três confirmaram que passaram mal sem ter saído do país. As autoridades canadenses avaliaram que o risco de surto da doença é muito baixo.
Surto na cadeia
Inicialmente, o FDA informou que só foram contaminadas saladas de alface prontas e pré-picadas, distribuídas por varejistas em todo o País, mas depois se constatou que um grupo de presos no Alaska também passou mal após comer saladas preparadas na hora.
Descobrir a origem da contaminação é tarefa complicada porque a maioria dos casos está ligada a saladas pré-embaladas, que passaram das mãos dos produtores para atacadistas e depois para processadores, onde foram picadas e ensacadas.
“É uma investigação trabalhosa. Exige coletar e examinar milhares de registros, e avaliar com precisão como a acelga contaminada avançou pela cadeia de fornecimento de alimentos até mercearias, restaurantes e outros locais onde foi vendida ou servida às pessoas que adoeceram”, afirmaram Gotlieb e Ostroff no comunicado conjunto.
Foi o pior surto de E. coli desde 2006, quando 205 pessoas foram contaminadas e cinco morreram após contaminação em espinafres. A bactéria é encontrada em carne mal cozida, leite cru, queijos coloniais, vegetais e frutas in natura, e água contaminada. A maior parte das bactérias E. coli não faz mal à saúde, mas o tipo conhecido como E. coli 0157: H7 produz a toxina chamada shiga, que destrói glóbulos vermelhos do sangue, causa insuficiência renal e diarreia anêmica. Outros tipos de E. coli podem provocar inflamações urinárias, doenças respiratórias e pneumonia.
Segundo o CDC, os vegetais folhosos responderam por 22% de todas as intoxicações alimentares entre 1998 e 2008, o último período em que há estatísticas disponíveis. Um estudo mais recente sobre o surto de 2013 concluiu que vegetais crus – alface, brócolis, aspargo e aipo, entre outros – estiveram ligados a 42% das ocorrências.
As autoridades de saúde consideram que crianças até 5 anos, idosos com mais de 65 anos e pessoas com baixa imunidade são os mais vulneráveis. Até agora, o surto já atingiu pessoas com idades entre 12 e 84 anos.
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