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O engenheiro agrônomo Edson Domit Draginski, proprietário da RDS Assessoria Florestal, trabalha há 12 anos com a extração de resina. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
O engenheiro agrônomo Edson Domit Draginski, proprietário da RDS Assessoria Florestal, trabalha há 12 anos com a extração de resina.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

O reflorestamento é um grande negócio. E isso não é novidade. Há anos, produtores rurais investem cada vez mais no setor. Só para ter uma dimensão, a economia florestal brasileira responde por mais de R$ 17 bilhões por ano. E o Paraná tem um papel fundamental, já que é o maior produtor de madeira em tora para a indústria de papel e celulose, com 15,9 milhões de metros cúbicos, 11,4% da base florestal do País.

Mas floresta não é, necessariamente, sinônimo de celulose, vigas, caibros e móveis. A extração de goma resina (ou oleoresina) – uma pasta viscosa de cor branca – de árvores da espécie Pinus elliottii cresce exponencialmente no país e no Paraná. A resina é como um mecanismo de defesa desta árvore, natural dos Estados Unidos, e é expelida quando o tronco é cortado.

Utilizada na fabricação de remédios, perfumes, colas, tintas, vernizes, plásticos, entre outros, a matéria-prima ganhou preço nos últimos anos. Atualmente, a tonelada custa mais de R$ 3 mil. O Paraná, terceiro colocado no ranking nacional, produz 12 mil toneladas, atrás do Rio Grande do Sul (45 mil t) e de São Paulo (110 mil t). Embora modesta, a produção paranaense triplicou na última década.

O engenheiro agrônomo Edson Domit Draginski, proprietário da RDS Assessoria Florestal, trabalha há 12 anos com a extração de resina. Atualmente, um terço da produção paranaense é monitorado pela empresa dele. “É uma atividade extremamente sustentável. Em 22 anos é possível ter o rendimento de três florestas, duas com a extração de resina e uma com as toras”, conta. “O papel social também é importante. Todo o trabalho é manual. E isso gera emprego e renda. São necessárias duas pessoas a cada 10 mil arvores”, diz.

Atividade

Segundo Draginski, o produtor que começar a atividade deve prestar atenção no material genético, que precisa ser forte e de qualidade. O segundo passo é ter uma estratégia que alie a extração de resina à de madeira. “É possível extrair resina a partir do sexto ano, mas essa árvore terá uma vida útil mais curta e um preço de mercado menor, por causa do diâmetro”, revela.

O engenheiro agrônomo, que também produz resina, conta que a melhor estratégia é esperar a árvore atingir 10 anos. Mais robusto, o pinus vai produzir em volumes maiores e durante mais tempo. “Por até 12 anos. E com um diâmetro maior, a tora será vendida por um preço muito melhor no final”, explica. Em áreas planas, o ideal é plantar 1.111 árvores por hectare. Em terrenos mais íngremes, 1 mil. “Para o trator trabalhar sem afetar a produção”. javascript:void(0)

Cada face do pinus produz, em média, 4 kg de oleoresina por ano. Realizada de janeiro a dezembro, a coleta funciona assim: de 15 em 15 dias, um novo corte é feito em uma das faces da árvore, que recebe um líquido que estimula a produção da goma. O processo conta com o auxílio de um saquinho, colocado ali para que a resina liberada nos cortes seja armazenada. Em 90 dias, é possível recolher o material.

Do produtor, o produto é enviado para as empresas que destilam a resina. Quase 70% dela vira breu, um material de amarelado e sólido, que é transformado em cola para a fabricação de papel, tintas, adesivos, e borrachas. Outros 20% viram terebintina, um líquido transparente usado na indústria farmacêutica. O resto, grande parte detritos, é descartado. Atualmente, 65% da produção brasileira é exportada.

Como em toda a atividade agrícola, a extração de resina não está imune a problemas. “No caso de seca, estiagens muito fortes, não tem como irrigar. O risco de incêndio também existe, por isso é importante estar alerto. Durante o plantio, existe o risco de pragas como formigas. Na vida adulta, vespas e macacos causam os maiores prejuízos”.

Aposentadoria

O produtor rural e engenheiro agrônomo Jorge Samek cultiva 240 hectares de Pinus elliottii em Cerro Azul, na Região Metropolitana de Curitiba. Ele conta que descobriu a área ainda na faculdade, quando desenvolveu um projeto social na região. “Naquela época, não tinha nada lá. E eu me lembro de um professor na faculdade que falava no reflorestamento como uma oportunidade de aposentadoria. Um projeto de longo prazo, principalmente porque o Paraná vivia um bom momento de investimento de grades fábricas de celulose. Eu coloquei como objetivo comprar 5 alqueires por ano e reflorestar, mas o objetivo não era a extração de resina”, conta.

Com 100 mil árvores e 240 mil faces em produção da goma, Samek diz que descobriu o potencial da matéria-prima há uns dez anos, quando a cotação começou a subir. “Foi quando me interessei realmente pelo assunto, fui atrás de informação de mercado, manejo, tecnologia. E é algo surpreendente, porque não paramos de ganhar dinheiro com a madeira, muito pelo contrário, melhorias na estrada, combustível, funcionários, investimentos, tudo se paga com a resina. É uma atividade fantástica”, diz.

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