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Angelo Romero extrai sozinho o látex de 2,1 mil árvores em Indianópolis, Noroeste do Paraná

O plantio de seringueira promete dar um salto nas terras quentes do Paraná. A cultura, ainda discreta no estado com 1,4 mil hectares, tende a ganhar espaço com a instalação de novas indústrias. O ganho de terreno deve ter o apoio de cooperativas, do governo estadual, mas principalmente da promessa de altos lucros. Dependendo da floresta, a extração do látex pode gerar até R$ 1,6 mil mensal por hectare ao produtor, com baixa carga horária de trabalho, e por mais de 30 anos.

Com o mercado de látex em ebulição, a Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab) acredita que a área vai atingir 35 mil hectares no prazo de 15 anos. O principal entrave à expansão é o ciclo de produção da cultura, que começar a render depois de sete anos de plantio.

“Na sua maioria, o produtor tem visão imediatista, não vê a seringueira como uma poupança. Porém, quando ele começar a sangrar a árvore, a extração [do látex] se perpetua. A renda chega a ser superior a do milho ou da soja”, afirma Camilo Mendes Junior, engenheiro florestal do Departamento de Florestas Plantadas (Deflop) da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab).

Fora o terreno, o custo de implantação com subsídio governamental gira em torno de R$ 3,5 mil por hectare, incluindo a preparação do solo, compra das mudas e mão de obra. Sem o apoio público, o custo sobe para R$ 6,6 mil por hectare, conforme a Seab.Atualmente, o preço da muda de seringueira gira em torno de R$ 6, sendo necessárias 500 unidades para preencher um hectare (com um distanciamento de 2,5 metros por 8 metros). Ao longo dos seis anos seguintes, até o início da extração do látex, mais R$ 4,5 mil são gastos com os cuidados com a planta e mão de obra.

“O fluxo de caixa é negativo nos primeiros anos. Mas, o produtor pode conseguir crédito por meio do programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que dá carência de oito anos para pagamento. Ou seja, a primeira parcela deve ser paga quando a cultura estiver gerando renda”, ressalta Amauri Ferreira Pinto, coordenador estadual de produção florestal do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). As linhas de crédito são o Pronaf Eco, para pequenos produtores, e o Propflora, para os grandes.

Incentivo

O plantio de seringueira voltou à pauta da agricultura paranaense no último ano, quando a fabricante japonesa de pneus Sumitomo anunciou a construção de uma fábrica no município de Fazenda Rio Grande, a 30 quilômetros de Curitiba. Quando estiver em operação - a inauguração está prevista para outubro – a fábrica irá demandar a produção equivalente a 35 mil hectares de seringueiras. A produtividade média de uma árvore é de 750 gramas/mês.

Angelo Romero extrai sozinho o látex de 2,1 mil árvores em Indianópolis, Noroeste do Paraná

Quem já está na atividade comemora a notícia de mais uma opção de comprador de matéria-prima. O produtor Angelo Romero planta 2,1 mil seringueiras no município de Indianópolis, Noroeste do estado, há 23 anos. Sua “fábrica de borracha” está  espalhada em 2,2 hectares e gera 1,2 mil quilos de látex/mês. O produto é vendido a uma indústria de São Paulo e rende cerca de R$ 3 mil por mês. “Já cheguei a ganhar R$ 8 mil por mês. Hoje o preço do quilo do látex caiu um pouco (R$ 2,50 o quilo) e estou com 500 árvores paradas por conta de um vendaval que quebrou as copas. Mesmo assim, é um ótimo negócio, que demanda pouco trabalho e tem um mercado aquecido”, explica o produtor, de 73 anos, que sozinho realiza o trabalho de sangria das seringueiras.

“Hoje, o pessoal que tem floresta de seringueira não precisa sair de casa. Os compradores vão atrás”, garante o coordenador da Emater.

35 mil hectares é o terreno que as seringueiras precisam conquistar no Paraná nos próximos 15 anos. Somente uma indústria a ser inaugurada na Grande Curitiba garante a compra da produção dessa área. Hoje, o estado tem menos de 2 mil hectares plantados.

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