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Os produtores brasileiros estão plantando mais soja do que milho, o que tem ajudado a derrubar os negócios da DowDuPont | JONATHAN CAMPOS/Gazeta do Povo
Os produtores brasileiros estão plantando mais soja do que milho, o que tem ajudado a derrubar os negócios da DowDuPont| Foto: JONATHAN CAMPOS/Gazeta do Povo

A DowDuPont Inc. anunciou um corte no valor dos ativos de sua unidade de negócios agrícolas em US $ 4,6 bilhões, isso a menos de nove meses da cisão programada de sua unidade de sementes e agroquímicos.

A mudança reflete o fraco desempenho dos mercados de produtos agrícolas desde a fusão da companhia, no ano passado, com a Dow Chemical Co., informou a empresa em um relatório oficial. A redução das áreas plantadas e atrasos no registro de produtos significam que as vendas vão crescer mais devagar, enquanto uma desfavorável mudança do cenário do plantio de milho para soja na América Latina deve derrubar os lucros.

O relatório descreve gargalos na agricultura que a DowDuPont assinalou nos últimos trimestres. Os produtores brasileiros, por exemplo, estão plantando mais soja e menos milho, para aproveitar a retaliação da China com a sobretaxação da soja americana, mais um capítulo da guerra comercial entre os dois países. A diferença cambial a favor do Brasil, considerado um mercado chave, também está afetando os negócios agrícolas da DowDuPont.

Os valores das operações da empresa foram estabelecidos há pouco mais de um ano, quando a fusão com a Dow foi concluída. Desde então, a perspectiva da economia piorou, reduzindo o valor contábil desses ativos agrícolas, conforme explica em nota Laurence Alexander, analista da Jefferies.

“Os relatórios apontam perspectivas de crescimento mais lentas, atrasos na comercialização e aumento dos custos de pesquisa e desenvolvimento como fatores-chave”, escreveu Alexander. O valor dos negócios da DuPont e da Dow juntos, com base na sua divisão agrícola, a Corteva Agriscience, não foram necessariamente afetados, demonstrando “uma confusão na contabilidade de fusão”.

Em declaração dada na última quinta-feira (18), a DowDuPont argumentou que os relatórios não mudam a expectativa de lucro da empresa. No dia seguinte, as ações da companhia em Nova York caíram 1%, de um patamar de US$ 58, oscilando para baixo de forma mais acentuada antes das negociações regulares da bolsa abrirem. As ações tinham caído 18% este ano, até a última quinta-feira, enquanto o índice Standard & Poor das empresas do gênero caiu 12%.

Alexander diz que “não ficaria surpreso” de ver outros cortes nos negócios da DowDuPont “caso a perspectiva da economia piore” nos próximos anos. Ele citou as divisão de eletrônicos e comunicações, de transportes e polímeros avançados, e de embalagens e polímeros avançados como prováveis candidadas a cortes. A última está definida para se tornar parte da nova Dow a partir de março, quando será desmembrada. As outras estão programadas para integrar a nova DuPont, que vai ficar sozinha após a Corteva se separar em junho.

Enquanto a baixa do ativo reflete informações anteriormente disponíveis, agora é evidente que a China está atrasando as aprovações de sementes geneticamente modificadas da Enlist e da Conkesta, explica o analista da Sanford C. Bernstein, Jonas Oxgaard.

A gigante química também apresentou uma declaração inicial de registro da Corteva junto a reguladores de valores e disse que a separação permanece programada para 1º de junho. O arquivo fornece uma visão geral dos negócios, bem como do histórico das informações financeiras.

A queda nas vendas de sementes da Corteva reduziu os lucros no primeiro semestre em 2,5%, para US$ 2,26 bilhões, segundo dados da DowDuPont.

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