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Produção de cafés especiais em Ribeirão Claro, no Paraná | Bunno Covello/Gazeta do Povo
Produção de cafés especiais em Ribeirão Claro, no Paraná| Foto: Bunno Covello/Gazeta do Povo

Nesta quinta-feira, 24 de maio, é celebrado o dia de uma das bebidas preferidas do brasileiro - e não é a cachaça: é o Dia Nacional do Café. Em média, cada habitante consome 81 litros por ano, segundo estimativa da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic).

Também não é segredo que o país é o maior produtor mundial do grão, com mais de 30% do total. Ano após ano, a produtividade aumenta:

Dados de maio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) preveem recorde de 58 milhões de sacas de 60 kg para a safra 2018/19 - crescimento de 29,1% em relação à passada. Desse total, 60% são exportados, informa Marcos Matos, diretor do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil - Cecafé.

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‘Calcanhar de Aquiles’

Apesar dessa produção vasta, o café industrializado moído e torrado do Brasil ainda não ‘pegou’ no resto do mundo. Enquanto o café verde em grãos teve mais de 27 milhões de sacas de 60 kg exportadas nos últimos 12 meses, foram apenas 20 mil sacas dos tipos torrado e moído, segundo a Cecafé. Pelo menos, há um bom motivo para isso: o brasileiro ‘não deixa’.

“A exportação de café industrializado está concentrada no tipo solúvel, onde somos o maior produtor mundial (foram 3,5 milhões de sacas nos últimos 12 meses). Já o café torrado e moído de mercados tem exportação muito pequena, quase desprezível em função do grão cru e porque nunca tivemos essa cultura exportadora pelo mercado interno ser bastante grande. Falta realmente um esforço de marca para explorar esses mercados onde existem concorrentes em vários países do mundo”, afirma Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic.

Café gourmet brasileiro tem alta demanda local, fazendo com que as empresas nacionais ainda invistam pouco na exportação do café moído e torrado
Bunno Covello
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Gazeta do Povo

A associação tem cerca de 850 marcas certificadas. “Uma terça parte são de cafés gourmet de alta qualidade”, garante Herszkowicz. E por que elas não avançam as fronteiras? Marcos Matos reforça a visão do colega, valorizando o mercado interno:

“O Brasil é o segundo maior mercado consumidor do planeta, atrás apenas dos Estados Unidos. É um mercado tão segmentado e tão grande que as empresas por aqui têm ofertado as mais diferentes formas [do produto]”.

Vai e volta

A demanda por café é tanta que na modalidade torrado o Brasil precisou importar, entre janeiro e abril de 2018, o equivalente a US$ 18,81 milhões do produto (911 mil kg), enquanto as exportações do mesmo tipo de café somaram US$ 4,24 milhões (568 mil kg), conforme dados do Ministério da Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

Se por um lado esses dados comprovam que o grão sai do Brasil em um navio e volta moído e torrado em outro, os especialistas garantem:

“O Brasil está alinhado absolutamente com o que existe de mais moderno no mercado mundial de café, seja torrado, moído, grão ou cápsula. As embalagens que vem do exterior são as mesmas utilizadas daqui. A qualidade dos cafés gourmet tornam os cafés brasileiros aceitos em qualquer país do mundo. Eu não vejo que a inovação tenha passado ao largo do Brasil. O que falta são recursos maiores para as empresas investirem”, defende Nathan Herszkowicz.

“Existem muitas variáveis históricas, tudo é uma questão de estratégia comercial de inovação e abordagem de marketing, como no caso das cápsulas. Nossos cafés são diferenciados e é possível agregar valor”, garante Marcos Matos.

Essa aposta em diferenciar a qualidade é, inclusive, parte de uma nova campanha de marketing da Abic para reforçar a indústria nacional, segundo o diretor-executivo da entidade. Nesse sentido, os diretores de ambas as entidades garantem: o Brasil está bem servido. Quantidade para produzir com qualidade é o que não falta: há 20 anos, a produção por hectare era de sete sacas. Na última safra, foi de 29 sacas por hectare.

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