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 | Jonathan Campos/gazeta Do Povo
| Foto: Jonathan Campos/gazeta Do Povo

Expedição Milho Brasil 2013 encerrou na semana passada a sondagem de campo no Paraná. Confira os comentários do analista da FCStone que participa da Expedição, Natalia Orlovicin, sobre a situação das lavouras do cereal no estado:

Cascavel

“Iniciamos a jornada no Paraná pela cidade de Cascavel. Na quarta-feira, feriado nacional pelo Dia do Trabalho, nos encontramos com o diretor-presidente da Copavel, Dilvo Grolli. A cooperativa estima um aumento de 5% na área plantada na região neste ano em comparação ao ano anterior, o que representa um terço da área de soja na safra de verão. A produtividade média esperada é de 5,5 toneladas por hectare, 10% maior do no ano passado. Esse número ainda pode ser maior se o clima dos próximos meses for favorável ao desenvolvimento das lavouras. Cerca de 92% dos produtores plantaram na janela ideal. Com isso, 8% das lavouras estão em fase de desenvolvimento vegetativo e 38% em florescimento e precisam de chuvas abundantes para garantir um bom potencial produtivo. O restante está em fase mais avançada e se aproveitou das chuvas de março. Como o solo está com boa umidade, ainda não é possível observar perdas.

Segundo ele, o Paraná consome cerca de 15 milhões de toneladas de milho por ano, que é destinado especialmente à avicultura e à suinocultura (este em menor proporção). Como o consumo interno de milho do estado é alto, ele acredita que a armazenagem não deverá ser um problema. No Porto de Paranaguá, porém, há atrasos de atracação de navios, o que faz com que o produto tenha que ficar mais tempo armazenado.

A comercialização da safra de inverno está baixa quando comparada ao ano anterior. A tendência se inverteu e os preços do milho estão em queda. Dessa forma, os produtores optam por segurar o produto, na esperança de que os preços voltem a subir. No patamar atual e com esta expectativa de produtividade é possível cobrir os custos de produção, que ficam em torno dos R$ 14 por tonelada.”

Campo Mourão

“Na quinta-feira, a Expedição partiu para Campo Mourão e conversou com o diretor-presidente da Coamo, José Aroldo Gallassini. Segundo ele, os produtores da região enfrentaram dificuldade no plantio do milho, que foi atrasado inicialmente por causa da colheita da soja e foi agravado pelas chuvas de março deste ano, que impossibilitaram os trabalhos no campo. Com isso, a maior parte das lavouras está em situação crítica, necessitando de chuvas para o pleno desenvolvimento. A área plantada teve aumento de 3,8% na região e a produtividade média esperada pela cooperativa é de 4,8 toneladas por hectare.

Além da falta de chuvas, outra preocupação é a possível ocorrência de geadas nos próximos meses. Enquanto isso, as negociações estão paradas (5% comercializado neste ano, contra 25% no ano passado) e os armazéns ainda estão ocupados com 50% da soja da safra de verão. O cerne do problema está no fluxo de escoamento, uma vez que os portos estão atrasando os embarques de soja.

Em visita a um produtor da região, ele relatou que suas lavouras devem ter produtividade levemente menor do que na safra passada, tendo feito o plantio entre os meses de fevereiro e início de março. Ele ainda não começou a comercializar a safra deste ciclo, enquanto no ano anterior já havia vendido 20%.”

Maringá

“De Campo Mourão, a Expedição foi à Maringá em uma visita à Cocamar. Em conversa com o Emerson, coordenador técnico de culturas anuais foi possível obter um panorama das lavouras da região. Segundo ele, houve um acréscimo de área plantada neste ano próximo aos 2%, devido ao bom momento do mercado, tanto em relação aos preços quanto em relação à demanda. O regime de chuvas em março foi favorável ao desenvolvimento das plantas, especialmente para quem iniciou o plantio na segunda quinzena de janeiro. Aqueles que plantaram mais tardiamente estão enfrentando um período de estiagem na fase crítica de desenvolvimento, o que pode prejudicar a produtividade caso se prolongue por mais alguns dias. Dessa forma, as estimativas de produtividade das lavouras da cooperativa estão menores do que no ano passado, na média de 5 toneladas por hectare.

No que diz respeito à comercialização, o ritmo está mais lento este ano, que tem apenas 5% da safra vendida até o momento. No ano anterior esse número era de 10% (nesta mesma época), já que os preços estavam mais atrativos. A liquidez do mercado começou a melhorar na última semana e mais negócios estão sendo efetivados a um preço médio de R$ 20 por saca. O que tem preocupado os agricultores da região é a capacidade de armazenagem. Ainda há muita soja nos armazéns, resultado do atraso no embarque nos portos e também da desaceleração da comercialização da oleaginosa (produtores acreditam em melhora de preço e por isso seguram o produto).

Em visita a um produtor foi possível observar de perto a situação das lavouras. A região está há quase 30 dias sem chuva, o que começa a preocupar o agricultor. Mesmo tendo plantado dentro da janela ideal (mês de fevereiro), a planta ainda precisa de umidade e quem atrasou o plantio está em condições ainda mais complicadas.”

Londrina

“Na sexta-feira, a Expedição passou por Londrina, em conversa com a cooperativa Integrada. A situação das lavouras na região é semelhante ao que ocorre em Maringá. Os produtores que conseguiram plantar em fevereiro ou início de março (menor parte) estão em melhor situação. Já aqueles que atrasaram o plantio encontram-se na fase crucial do desenvolvimento das plantas, que precisam de chuvas, mas a estiagem já dura mais de 20 dias na região. Com isso, o potencial produtivo pode ser prejudicado, reduzindo a estimativa inicial de 80 sacas por hectare.

Quanto à comercialização, também foi verificado um ritmo mais lento neste ano. Apenas 17% da safra estão vendidos, contra 35% no ano passado. O cenário de 2013 é diferente do ciclo anterior, quando havia grande demanda e preços altos. O produtor neste ano está capitalizado e ainda aguarda uma melhora nos preços, o que faz com que ele segure as negociações.”

* Natalia Orlovicin é analista de mercado da consultoria FCStone e integra a equipe da Expedição Milho Brasil 2013

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