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Clima só começou a melhorar no fim de domingo (22), quando os produtores aproveitaram as últimas horas do dia para colher o que fosse possível. | Rodrigo Félix Leal/Gazeta do Povo
Clima só começou a melhorar no fim de domingo (22), quando os produtores aproveitaram as últimas horas do dia para colher o que fosse possível.| Foto: Rodrigo Félix Leal/Gazeta do Povo

Maior produtor brasileiro de soja, o município de Sorriso, a 420 quilômetros de Cuiabá, começou a colheita de soja num ritmo frenético. Até segunda-feira (23), 30% dos 600 mil hectares dedicados à oleaginosa foram colhidos, um volume bem acima da média histórica para o período, que não passa dos 20% no fim de janeiro. A pressa faz sentido. Além do estágio das plantas, que maturaram semanas antes por causa do plantio antecipado, as chuvas que atingiram a região na última semana criaram um enfrentamento direto entre produtores e o tempo.

Há uma semana não para de chover na região Norte do Mato Grosso. O clima só começou a melhorar no fim de domingo (22), quando os produtores aproveitaram as últimas horas do dia para colher o que fosse possível. E a batalha continuou na segunda-feira. As chuvas esparsas, típicas em períodos de neutralidade, como neste ano, fizeram com que, por exemplo, um produtor conseguisse colher 500 hectares em algumas horas, enquanto o vizinho não tenha conseguido tirar o maquinário do galpão.

O produtor Claudir Valdameri, que neste ciclo plantou 1.250 hectares de soja, conseguiu colher metade da lavoura. Segundo ele, o teor de umidade nos primeiros grãos beirava os 40%. “Eu não me importo, prefiro colher assim a correr o risco de perder lá na frente. Não posso perder tempo”, afirma. Ele acredita que até o fim do mês, toda área vai estar colhida e o plantio de milho safrinha concluído. “Por mim, faria sol onde estou colhendo e chuva onde estou plantando”, ironiza.

  • Apesar das chuvas dos últimos dias, o produtor Claudir Valdameri, de Sorriso-MT, já conseguiu colher metade da sua lavoura de 1.250 hectares.
  • Luimar Luiz Gemi, presidente do Sindicato Rural de Sorriso , ainda não conseguiu avançar na colheita da soja em seus 5 mil hectares cultivados.
  • Tiago Stefanello, vice-presidente do Sindicato Rural de Sorriso (esquerda) e Luimar Luiz Gemi (direita) preveem que a safra em Sorriso deve ficar dentro do normal para a região.

No mesmo dia, a poucos quilômetros dali, o presidente do Sindicato Rural de Sorriso, Luimar Luiz Gemi, que semeou 5 mil hectares da oleaginosa, não conseguiu encher uma carreta. “Começamos colher meio-dia, não deu nem meia hora e tivemos que parar de novo”, conta. “Mas em toda região está assim, ninguém perde tempo. Por causa do solo, que não retém tanta umidade, podemos colher em poucas horas depois da chuva. Os primeiros grãos tem alto teor de umidade, mas os últimos talhões apresentam níveis baixos”, diz.

A previsão é que as chuvas, comuns nesta época do ano, deem um tempo a partir de quarta-feira (25), mesmo assim, o clima deixa os produtores apreensivos. “Se o tempo não melhorar, o discurso de que não haverá perdas neste ano pode mudar um pouco. E isso preocupa bastante a gente”, afirma Claudir Valdameri.

Produtividade

Mesmo com uma situação climática desfavorável na última semana, o clima entre os produtores da região é de otimismo. Segundo o vice-presidente do Sindicato Rural de Sorriso, Tiago Stefanello, as lavouras têm apresentado bons desempenhos. “Não podemos falar em supersafra. Mas teremos um ciclo cheio, com lavouras apresentando 55 sacas por hectare, que é a média da cidade, o normal, nada de espetacular”, afirma.

O presidente Luimar Luiz Gemi diz que há produtores que conseguiram produtividades maiores, mas ainda é muito cedo. “Por enquanto, não podemos falar em perdas e nem em aumento considerável de produtividade. Mas se levarmos em consideração as duas últimas safras, que foram péssimas para à região, é possível afirmar que teremos uma safra boa, cheia”, conta.

O produtor Claudir Valdameri diz que o clico está maravilhoso, mas servirá apenas de retomada. “Vamos quitar as dívidas. E o que sobrar é lucro”, ri. Até o momento, ele conseguiu tirar 65 sacas por hectare, 22 a mais que no ciclo passado.

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