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Santa Catarina deve colher uma safra recorde de 2,3 milhões de toneladas de soja. | Pedro Serapio/Gazeta do Povo
Santa Catarina deve colher uma safra recorde de 2,3 milhões de toneladas de soja.| Foto: Pedro Serapio/Gazeta do Povo

Santa Catarina está longe dos estados que lideram a produção de soja do país. Mas isso não quer dizer que é irrelevante no negócio. O menor dos três estados do Sul tem um papel fundamental na gigantesca safra brasileira do produto, que nesse ciclo deve passar de 100 milhões de toneladas. Se por um lado parece “pouco” produzir 2,3 milhões de toneladas da oleaginosa (previsão da Expedição Safra para 2016/17), a qualidade de boa parte desses grãos vai determinar como será a largada do ciclo seguinte. Os produtores usam o clima ideal do oeste catarinense para produzir algumas das melhores sementes da oleaginosa do país. E 2018/19 já começou com o pé direito.

Capital da semente

Coamo e C.Vale têm entrepostos em Abelardo Luz, considerada a Capital Nacional da Semente de Soja. A Cooperalfa, maior cooperativa de Santa Catarina, também está estabelecida na cidade.

Abelardo Luz, na divisa com o Paraná, é considerada a Capital Nacional da Semente de Soja. Foi em uma lavoura no município que o produtor Elisandro Luiz Fiorese fez questão de mostrar para a equipe da Expedição Safra uma soja sem ervas daninhas e com sanidade impecável. Fiorese explica que todos os seus 500 hectares da oleaginosa, cultivados no sistema de agricultura familiar, são destinados à produção de sementes. Apesar de haver várias exigências para isso, o aumento no custo de produção – de pouco mais de uma saca por hectare – compensa. “As empresas pagam uma bonificação de 30%, mas precisamos nos adequar às exigências deles. Neste ano, eu espero colher em torno de 75 sacas por hectare, cerca de 20% a mais que no ano passado”, estima.

  • Abelardo Luz, em Santa Catarina, é procurada por grandes empresas de sementes para testes de variedades novas em meio a lavouras consolidadas.
  • Em volume, o milho tem produção maior em Santa Catarina, que tem uma vocação para a produção de carnes, especialmente suíno e frango.
  • O produtor Elisandro Luiz Fiorese exibe com orgulho sua lavoura, com potencial produtivo de mais de 70 sacas por hectare.
  • É comum ver produtores apostando parte de suas terras para o cultivo do milho, o que não acontece com tanta frequência no Paraná, Sudeste, Centro Oeste e Nordeste.
  • Vilmar João Fabris conta que o custo de produção da soja para semente é maior, mas a bonificação paga pelas empresas compensa o investimento.
  • Geraldo Gotardo, produtor rural de Abelardo Luz, conta que o clima nessa temporada está perfeito até o momento e que não lembra, no passado próximo, de outro ano que teve condições tão favoráveis.
  • Expedição Safra percorreu Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul nas últimas duas semanas. Foram 3 mil quilômetros de estrada e centenas de entrevistados.
  • Um dos pontos turísticos de Abelardo Luz, a cascata fica antes da chegada na cidade para quem segue no sentido Paraná-Santa Catarina pela rodovia SC-155.
  • O presidente da Cooperalfa, com sede em Chapecó, diz que a boa safra e a melhora na economia faz as expectativas para 2017 serem otimistas.
  • A Expedição Safra seguirá nas próximas semanas para mais três roteiros: São Paulo, Minas Gerais e Goiás; Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia; e Paraguai, Argentina e Uruguai.

O coordenador do Sindicato Rural de Abelardo Luz, Henrique Fabris, conta que somente o município de Abelardo Luz possui 43 mil hectares de soja cultivados (apenas 3% foram colhidos até o momento), a maior área destinada ao plantio de soja do estado entre os municípios. E nesse perímetro, que tem como principal vocação o produto tipo semente, segundo Fabris, os produtores relatam que o clima para a cultura tem sido o melhor da última década. “Até agora tivemos o clima perfeito, com chuvas no momento certo e bom índice de luminosidade. Esperamos uma média de, pelo menos, 70 sacas por hectare no município, o que seria um recorde de produtividade”, torce. A colheita deve ser finalizada entre o fim de março e começo de abril.

Milho

Em termos de volume, o milho é o principal grão plantado em Santa Catarina. No ano passado, a quebra na produção e a escassez do produto fez o estado, com uma vocação agroindustrial na produção de suínos, aves e leite, sofrer. Por isso, neste ano, há 20% mais área de milho e a produtividade deve ser 40% maior, atingindo o recorde de 3,5 milhões de toneladas. O total, no entanto, ainda está muito distante das 6 milhões de toneladas de milho consumidas em território catarinense todos os anos. Argentina, Uruguai, Paraguai e os estados brasileiros do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná fornecem o cereal que falta para fechar a conta.

Safra embala ânimo do agronegócio

Em Chapecó, a Cooperalfa, maior cooperativa de Santa Catarina, quer aproveitar a safra cheia deste ano para continuar crescendo. A organização que celebra 50 anos em 2017, com atuação em 80 municípios de Santa Catarina e parte do Paraná, nos últimos anos tem expandido seu raio de abrangência para o Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Com capacidade de movimentar 15 milhões de sacas por ano, os planos da cooperativa são de triplicar a capacidade de processamento de grãos.

“No agronegócio fomos menos afetados pela situação econômica ruim do país no ano passado. O nosso problema maior ocorreu na Aurora, empresa da qual possuímos 30%. A crise fez cair o consumo e a alta no custo [de produção] que tivemos em 2016 não pôde ser repassada ao consumidor. Agora esse custo já está mais equalizado e nós prevemos que 2017 será um bom ano para nós”, explica o presidente da Cooperalfa, Romeo Bet.

Lair Carlos Schneider, um dos cooperados da Alfa, cultiva 104 hectares de soja e 15 hectares de milho. Formado em administração, ele não deixa passar um centavo sem ser calculado nas terras da família. Assim, se tudo continuar indo bem em relação ao clima, ele também considera que 2017 será um bom ano para seus negócios. “No começo todo mundo ficou ‘na rampa’, com medo das previsões climáticas. Com o passar do tempo as coisas deram certo e o monstro foi ficando menos assustador, mas o resultado mesmo vamos ter só na colheita”, diz sem fazer palpite de quanto deve colher de soja e milho por hectare.

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