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Maurício De Bortoli avalia as condições da soja com base no cruzamento de dados que consegue acessar pelo tablet em tempo real. | Michel Willian/Gazeta do Povo
Maurício De Bortoli avalia as condições da soja com base no cruzamento de dados que consegue acessar pelo tablet em tempo real.| Foto: Michel Willian/Gazeta do Povo

Entre uma cuia e outra de chimarrão, o engenheiro agrônomo Maurício De Bortoli puxa o iPad do suporte na parede para mostrar dados dos 8.520 hectares de lavouras sob sua responsabilidade. O aparelho, mais do que uma simples comodidade, virou ferramenta essencial para monitorar os índices de produtividade da sementeira da família, cujas áreas se localizam em Cruz Alta, Boa Vista do Cadeado e Tupanciretã, municípios do centro-oeste do Rio Grande do Sul.

Em busca da melhor semente possível, recorre-se a uma intrincada rede de softwares, sensores no solo, máquinas e imagens de satélite. De toda a produção – são 7.480 hectares de soja – metade é transformada em semente e o restante é comercializado no mercado de grãos. O grupo Aurora planta outros 1.040 ha de milho, além de trigo e cevada, só para rotação de cultura.

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O grau de tecnificação das 9 fazendas da família é altíssimo e inclui quase 3 mil ha de plantações irrigadas e 27 tipos diferentes de cultivares de soja, com ciclos que variam de 120 a 155 dias, a maior parte destinada a outros estados como Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso , Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e sul de São Paulo. “Só mesmo desse jeito, com muita tecnologia, para conseguirmos dar conta de acompanhar tudo isso e manter o foco na qualidade fisiológica da semente”, afirma De Bortoli.

O investimento pesado na produção de sementes, que inclui aplicações de calcário com taxa variável, plantio de precisão e análises constantes de amostragem de solo, fez com que os talhões da sementeira passassem sem muitos problemas pela estiagem que atingiu a região norte do RS em dezembro, quando ficou sem chover por quase 20 dias, além de outros 23 dias em janeiro.

Mapas de fertilidade mostram onde é preciso melhorar a adubação do solo, por exemplo.Michel Willian/Gazeta do Povo

A “colheita” de dados, por assim dizer, começa nas próprias máquinas no campo, que enviam as informações sobre a produtividade em tempo real para um sistema on-line (nuvem). As fazendas possuem redes wi-fi que auxiliam na rapidez da transmissão de dados e permitem acompanhar o que está acontecendo no campo com dispositivos móveis à mão. “Daí a gente consegue pegar esses dados, interpretá-los e avaliar a nossa produtividade. Conseguimos ver onde colhemos melhor, por que colhemos melhor e onde estão os defeitos na lavoura, podendo fazer as intervenções de forma pontual”, explica De Bortoli.

A avalanche de informações é interpretada através de um software que cruza dados das colheitadeiras com mapas de satélite e material enviado por sensores enterrados na lavoura. Desse modo é possível saber quais áreas tem maior potencial produtivo, quais necessitam de melhor adubação, quais precisam de mais umidade e como anda a saúde das plantas, entre outras informações.

“Os solos aqui na região variam de argilosos para arenosos em uma questão de quilômetros”, explica Eduardo De Bortoli, irmão de Maurício, justificando a necessidade de implantar ferramentas de agricultura de precisão nas áreas cultivadas pelo grupo, que aposta em fertilidade, manejo e genética para manter as altas produtividades.

Nesse sentido, as fazendas utilizam também tecnologias de melhoramento genético de sementes e de biotecnologia, como bactérias e vírus inoculados, para combater pragas na lavoura. Na questão do manejo, são feitas de 5 a 6 aplicações de fungicidas, enquanto a maioria das propriedades na região fazem normalmente 3 aplicações. Essa tecnologia empilhada acaba rendendo uma média de 65,3 sacas/ha – com picos de mais de 100 sc/ha –, mesmo colhendo cultivares preparados para render melhor em áreas fora do Rio Grande do Sul. Mesmo assim, os índices ficam acima das 55 sc/ha que é a média de produtividade gaúcha.

Safra gaúcha

De acordo com a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), a safra gaúcha de soja este ano deve chegar a 34 milhões de toneladas de soja – 1,5% a mais que no ciclo anterior, que foi de 33,5 milhões de t. Em 2017/2018, o estado sofreu com a estiagem. Na safra atual, o problema maior foram as fortes chuvas, que atingiram principalmente a região Sudoeste do estado. A expectativa de momento é de uma produtividade média de 53,4 sacas por hectare, ante 51,7 sc/ha do ano anterior.

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