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Produtor Rogério Pacheco confere sulcos de plantio de soja sobre a palha, em Carazinho, interior do Rio Grande do Sul | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Produtor Rogério Pacheco confere sulcos de plantio de soja sobre a palha, em Carazinho, interior do Rio Grande do Sul| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Em Carazinho, no Noroeste do Rio Grande do Sul, o produtor Rogério Pacheco não esconde o segredo de anos sucessivos de altas produtividades. “Palha”, diz o agricultor, orgulhoso ao mostrar com as mãos as minhocas num solo extremamente fértil. No ano passado, ele obteve uma média de 75 sacas de soja por hectare, marca que pretende passar neste ciclo.

Defensor do plantio direto,Pacheco destaca que a cobertura do solo com palha protege contra a erosão, ajuda no controle de ervas daninhas e recicla nutrientes. Ele também é adepto da rotação de culturas. Neste ano, dos 850 hectares da área total, 650 estão sendo ocupados com a oleaginosa e o restante com milho. “A rotação é fundamental. E o milho verão também é um bom negócio. Ano passado tive uma média de 225 sacas por hectare”, diz. O produtor não planta trigo, que segundo ele, só trouxe dor de cabeça no passado, por causa do preço, além de não render uma boa cobertura. “Prefiro uma boa palhada com centeio, aveia e outros forrageiros para uma excelente safra de verão”.

Tecnificado e adepto às novidades, ele conta que poderia comprar um caminhão, mas preferiu investir na inoculação(bactérias fixadoras de nitrogênio adicionadas às sementes) através de sulco nas plantadeiras. “É um investimento que vai me trazer muito mais resultado no futuro”, conta. “Espero uma safra muito boa. Vejo que os produtores gaúchos estão investindo cada vez mais em tecnologia, e isso é muito bom para aumentar a produtividade”, aposta.

No ciclo 2017/18, se não fosse a quebra da safra na região Sul do estado, o Rio Grande do Sul teria colhido a maior safra de soja da história. Nas regiões mais consolidadas, como Noroeste, Norte, Vale do Rio Uruguai, as médias foram acima de 70 sc/ha. No Sul, houve lavouras que não colheram 20 sc/ha. Segundo dados da Expedição Safra, no ano passado, a média de produtividade do estado foi de 3,1 mil kg/ha. Neste ano, se tudo correr bem, a média esperada é de 3,3 mil kg/ha. Um crescimento estimado de 4%. Nenhum outro estado do país deve registrar uma oscilação tão positiva.

O estudo “Produtividade da soja no Rio Grande do Sul: genética ou manejo?”, publicado no ano passado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), revela que a produtividade média de soja no estado teve significativo aumento nos últimos 40 anos devido a importantes mudanças nos padrões e sistemas de cultivo e no manejo da adubação, que proporcionaram um ambiente mais adequado ao desenvolvimento da cultura.

Mas não foi só isso. “A disponibilidade de genótipos de soja mais adaptados e responsivos aos fatores de produção, com maior resistência a pragas e doenças, elevou a produtividade média da cultura, que era de 1 mil a 1,6 mil kg/ha em 1970 para 3,5 mil kg em 2017”, afirma o estudo.

Segundo o engenheiro agrônomo e supervisor técnico da Cooperalfa no Alto Uruguai, região com 32 municípios no Norte do estado, Juliano Mezzalira, os produtores realmente estão investindo em tecnologia para essa safra de verão. “Em Erechim e em cidades da região, nós tivemos produtores com médias superiores a 75 sacas por hectare. E neste ano, o investimento é grande para repetir o feito”. Atualmente, apenas 5% dos 240 mil hectares dedicados a soja na região foram plantados. “A colheita do trigo está um pouco atrasada, mas assim que for retirado, as plantadeiras entram com força. A expectativa é de um plantio e uma safra muito boa”, complementa.

Em Erechim, maior cidade do Alto Uruguai, 10% dos 9.770 hectares foram plantados. Segundo dados da Emater, o plantio está dentro do padrão e em ótimas condições. “Ainda dependemos do trigo para a semeadura, mas tudo leva crer que será uma boa safra”, diz o gerente da Emater na cidade, Gilmar Tonello.

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