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Valdair Nesi, produtor de Francisco Beltrão, no Sudeste do Paraná. Ele espera colher nesta no mais soja do que em 2017, quando a produção foi de 62 sacas por hectare. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Valdair Nesi, produtor de Francisco Beltrão, no Sudeste do Paraná. Ele espera colher nesta no mais soja do que em 2017, quando a produção foi de 62 sacas por hectare.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

O fim de semana foi de intensa atividade nas lavouras do Paraná. Os produtores, que há dias esperavam ansiosamente por uma janela de sol, voltaram a campo para terminar o plantio de soja, principalmente nas regiões Noroeste, Oeste e Sudoeste do estado, onde os trabalhos estão mais avançados.

Há uma semana percorrendo o Paraná, a Expedição Safra ouviu produtores, técnicos, entidades e cooperativas. Independentemente da região visitada, o discurso é parecido. O Paraná deve bater, pela terceira vez consecutiva, o recorde na colheita de soja. É claro que o discurso é feito com cautela. Mas há potencial tecnológico e climático para isso. Neste ciclo, a Expedição Safra estima uma colheita de 21,5 milhões de toneladas de soja, volume 4,5% maior que no ano passado. O volume será resultado da soma de área (que neste ano aumentou 3%, para 5,7 milhões de hectares); e produtividade (estimada em 3.760 kg por hectare, 1% acima do ano passado).

Em Campo Mourão, na Coamo, maior cooperativa da América Latina, a expectativa com a safra de soja é positiva. “Está bom até demais”, diz o presidente, José Aroldo Gallassini. Os cooperados da Coamo neste ciclo vão cultivar 2,5 milhões de hectares no Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, volume 2% superior ao ano passado. “A expectativa é receber 86 milhões de sacas de soja”, afirma Gallassini. No ano passado, a cooperativa recebeu 81 milhões de sacas.

No Oeste do Paraná, região em que o plantio começou mais cedo e praticamente terminou, o clima também é de otimismo. O produtor Agnaldo Agneli, que plantou 110 hectares de soja, aposta num aumento de produtividade. “Comecei no dia 10 de setembro, início da janela, e terminei dia 20. O plantio foi bom e o desenvolvimento também. Espero uma produtividade média de 70 sacas por hectare”, conta. Agneli, que planta em Toledo, produziu uma média de 53 sacas/ha no ciclo anterior.

Segundo o presidente do Sindicato Rural de Toledo, Nelson Paludo, as lavouras de soja do município, um dos primeiros a concluir o plantio, germinaram e estão se desenvolvendo bem. “Já fizemos a primeira aplicação de herbicida. E agora é aproveitar as janelas de sol para os tratos culturais. Se comparamos com outros inícios de safra semelhantes, visualizamos um bom ciclo”, diz. “Tivemos uma implantação adequada. O clima ajudou muito. Não houve, até o momento, nenhum fato novo. O manejo de ervas daninhas foi bem feito pelos produtores, as lavouras estão se desenvolvendo muito bem”, complementa o engenheiro agrônomo Ricardo Palma.

Custos e comercialização

Ao longo da primeira semana da Expedição Safra no Paraná, foram muitos os relatos de aumento no custo de produção para safra 2018/19. Com exceção da Coamo, onde o gerente de Assistência Técnica, Marcelo Sumiya, diz que os cooperados não sofreram com aumentos, produtores independentes e de outras cooperativas afirmam que ficou entre 10% e 20% mais caro plantar soja neste ciclo. “Os fertilizantes aumentaram demais. Muitos produtores compraram os produtos com o dólar acima de R$ 4”, diz Valdair Nesi, produtor de Francisco Beltrão, no Sudeste do estado. Ele conta que plantou 50% dos 300 hectares que vai dedicar à soja neste ano. “Meu investimento é para tirar mais do que no ano passado, quando fiz uma média de 62 sacas por hectare”, revela.

Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), em agosto o custo da instalação de um hectare de soja era de R$ 1.951. “O que mais subiu foram os fertilizantes”, reitera o presidente do Sindicato Rural de Toledo.

Com os custos mais elevados, a preocupação é com a margem que vai sobrar para o produtor no fim da colheita. Ainda de acordo com o Deral, 15% da atual safra de soja já foi comercializada através de contratos futuros, metade do volume registrado na mesma época no ano passado. “O produtor, em geral, travou os custos de produção. Mas a depreciação do real levou muita gente a esperar”, analisa o economista do Deral Marcelo Garrido. “Em algumas praças, o contrato de balcão está semelhante aos contratos futuros. E essa incerteza em relação ao dólar desestimula o produtor”, explica o técnico do Deral em Francisco Beltrão, engenheiro agrônomo Ricardo Kaspreski.

Na sexta-feira (26), a saca de soja no mercado disponível estava valendo R$ 73,50.

  • Toledo (PR).
  • O produtor Agnaldo Agneli, de Toledo (PR), que plantou 110 hectares de soja, aposta num aumento de produtividade
  • Toledo (PR)
  • O presidente da Coamo, José Aroldo Gallassini, conta que 2018/19 tem tudo para ser uma grande safra. “Está bom até demais”, diz
  • Francisco Beltrão (PR)
  • Francisco Beltrão (PR)
  • Valdair Nesi, produtor de soja de Francisco Beltrão, no Sudeste do Paraná.
  • Expedição Safra chega a Francisco Beltrão (PR)
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