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Propriedade rural no estado americano de Minnesota.
Propriedade rural no estado americano de Minnesota.| Foto: Arquivo / Gazeta do Povo

O governo do presidente Donald Trump anunciou nesta quinta-feira (23/05) um novo pacote de ajuda aos agricultores atingidos pela guerra comercial com a China, desta vez adotando um modelo que busca não influenciar as decisões de plantio. As cotações do milho na Bolsa de Chicago caíram.

O pacote prevê US$ 14,5 bilhões em pagamentos diretos aos produtores e US$ 1,4 bilhão em compras governamentais para merenda das escolas e bancos de alimentos. Outros US$ 100 milhões serão utilizados num fundo para promover as exportações de commodities agrícolas americanas. Com a medida, desde o ano passado já são US$ 28 bilhões em socorro direto do governo ao setor agrícola.

“A China não tem obedecido as regras do comércio mundial por um longo tempo e o presidente Trump já enviou mensagem clara de que não irá tolerar suas práticas comerciais injustas, que incluem barreiras não-tarifárias e o roubo de propriedade intelectual”, afirmou o secretário de Agricultura dos EUA, Sonny Perdue. “O plano que anunciamos hoje garante que os agricultores não vão sofrer o violento impacto das tarifas retaliatórias injustas impostas pela China e outros parceiros comerciais (...) Nossos produtores trabalham duro, são os mais produtivos do mundo e é nosso propósito apoiá-los à altura de seu entusiasmo e patriotismo”.

No novo modelo, o valor do socorro financeiro para as diferentes culturas agrícolas será calculado com base no histórico de plantio dos condados e não no perfil dos produtores. A ideia é evitar que o pacote interfira nas intenções de plantio, informou o USDA.

Os agricultores devem receber seus primeiros pagamentos em julho ou agosto. “O USDA tentou ser criativo para evitar impacto nas decisões de plantio”, disse Arlan Suderman, analista de commodities agrícolas da INTL FCStone. “Não sabemos os detalhes sobre como pretendem fazer essa fórmula funcionar. Está claro que foi removido o link da decisão de plantio com o socorro financeiro. O mercado deverá voltar a manter o foco nos problemas climáticos”.

Os representantes do USDA que participaram de uma conferência de Imprensa, nesta quinta-feira, não especificaram como irão calcular as perdas comerciais, apenas informaram que vão se basear em efeitos diretos e indiretos das tarifas impostas pela China, pela União Europeia e pela Turquia. Não serão consideradas tarifas aplicadas pelo México e pelo Canadá em produtos agrícolas.

Os produtores de milho, soja e trigo vão receber pagamentos baseados num índice próprio do município onde têm propriedade rural, multiplicado pela área plantada em cada fazenda ao longo de 2019.

Leia também: Plantar ou pegar dinheiro do governo? Clima e guerra comercial criam dilema nos EUA

Segundo o USDA, os pagamentos não vão fazer diferenciação entre as culturas cultivadas e, portanto, não irão influenciar as decisões de plantio. Por outro lado, a área cultivada elegível a receber ajuda financeira não pode ultrapassar a área cultivada em 2018.

Oportunidade histórica na China
Os suinocultores e os produtores de ovos também receberão pagamentos diretos. O Conselho Nacional dos Suinocultores (NPPC) recebeu positivamente o pacote do governo, mas pediu urgência ao Congresso na ratificação do novo tratado com o Canadá e o México, assim como apelou pela resolução do conflito com a China, onde o avanço da febre suína africana deve provocar um aumento nas importações de carne.

“A situação atual na China representa uma oportunidade comercial histórica para a suinocultura americana”, disse David Herring, presidente da NPPC. “Queremos contribuir com o governo para restaurar o acesso àquele mercado, permitindo aos suinocultores capitalizarem em cima desta oportunidade”.

Secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue
Secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue | Pablo E. Piovano / Bloomberg

Os produtores americanos lutam para não submergir em meio à escalada tarifária provocada pela guerra comercial com a China, que multiplicou o empilhamento da soja colhida no ano passado. Para Trump, apaziguar seu eleitorado do interior é crucial em função das eleições do ano que vem.

Beth Ford, diretora da cooperativa Land O’Lakes, de Minnesota, diz que os produtores anseiam pela resolução do imbróglio com a China. “O que os produtores querem? Queremos comércio”, sublinhou.

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