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Pressão: supersafra do Brasil sobrecarrega terminal ferroviário em Itiquira (MT), uma das únicas opções de saída de grãos por trens no estado | Huho Harada/gazeta Do Povo
Pressão: supersafra do Brasil sobrecarrega terminal ferroviário em Itiquira (MT), uma das únicas opções de saída de grãos por trens no estado| Foto: Huho Harada/gazeta Do Povo

Os problemas logísticos são mais certos que as estiagens previstas para a safra 2013/14, conforme avaliação do 12.º Congresso Brasileiro de Agronegócio, realizado ontem em São Paulo (SP). O setor prevê gasto 10% acima do admitido no mercado internacional para escoar a soja e o milho que serão plantados a partir de setembro, principalmente por falta de ferrovias e de estrutura de embarque nos portos.

A Associação Brasileira de Agronegócio (Abag) voltou ao tema  – principal preocupação da safra 2012/13 – para pressionar o governo a acelerar as obras e projetos em andamento. Os 10% de gastos “extras” referem-se a quanto o Brasil precisa reduzir seus custos para se tornar tão competitivo quanto Estados Unidos e Argentina na exportação de grãos à China.

Na comparação direta do custo do escoamento, o agronegócio brasileiro gasta o dobro que seus principais concorrentes (US$ 90 por tonelada), mostra avaliação da Abag.

Diante da pressão, o presidente da Empresa de Planejamento e Logística, Bernardo Figueiredo, admitiu que os atrasos nas obras de ferrovias e rodovias se repetem. Ele alegou, no entanto, que mudanças expressivas vão ocorrer a partir de 2014, com a conclusão da BR-163 entre Mato Grosso e Pará – a obra rodoviária mais esperada no Centro-Oeste, cuja inauguração ocorreria em 2010.

“A 163 vai ficar pronta em 2014, já com o porto de Santarém (PA) incorporado à logística”, apontou. “Existem atrasos, mas estamos aprendendo com eles. O grande avanço que vem ocorrendo é o senso de urgência. Agora pelo menos temos cronograma”, declarou. A conferência dos atrasos é feita a cada quatro meses, detalhou.

Para o presidente da Abag, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, o Brasil só será competitivo diante de Estados Unidos e Argentina quando “virar o jogo”. Apesar dos projetos, dos anúncios de investimentos e do planejamento oficial, ele considera que na logística de escoamento da produção houve pouca mudança no último ano. As filas em terminais para carregamento de trens em Mato Grosso, que chegaram a 20 quilômetros no último ano, e a concentração de navios ao largo dos portos, que passou de 150 embarcações em Paranaguá, deverão se repetir.

As projeções que vêm sendo lançadas sobre a intenção de plantio de 2013/14 indicam aumento na produção de soja e milho. A expectativa é de colheita entre 5 milhões e 10 milhões de toneladas mais volumosa que na última temporada. As duas principais culturas devem ultrapassar a marca histórica de 165 milhões de toneladas, com aumento de área e rendimento por hectare. Esse volume terá de ser escoado pela mesma rede de caminhões, rodovias e portos disponível em 2012/13. As concessões de rodovias, acentuadas nos últimos anos, não abriram novas rotas.

A ampliação da estrutura de escoamento vai determinar o tamanho das lavouras nas próximas safras, conforme o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Alysson Paulinelli. “O Brasil produziu tecnologia própria para ganhar a batalha ou perder?”, indagou no congresso da Abag. Em sua avaliação, o país precisa ampliar infraestrutura e produção agora para garantir participação no mercado internacional nas próximas décadas.

O jornalista viajou a convite da Mecânia de Comunicação

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