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 | Anta´nio More/ Gazeta Do Povo
| Foto: Anta´nio More/ Gazeta Do Povo

Depois de ter sido ultrapassado pelo porto de Rio Grande (RS) nos embarques de soja no ano passado, o Porto de Paranaguá corre em 2014 para recuperar sua posição de segundo maior exportador do produto no Brasil, abaixo de Santos (SP). O corredor de exportação paranaense tem a missão de elevar sua movimentação de cargas, diminuir os custos gerados pela fila de navios em alto mar e agilizar os embarques na Baía de Paranaguá. As obras estruturais não são muitas. A principal aposta do porto está na gestão. Em entrevista ao Agronegócio Gazeta do Povo, o superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Luiz Henrique Dividino, fala sobre os desafios para este ano e qual será o foco de trabalho do porto, que precisa fazer “troca de pneus com o carro andando” e ainda contar com a ajuda de São Pedro para ganhar produtividade. Confira os principais trechos da entrevista.

Qual a meta para movimentação deste ano?

A nossa movimentação estimada fica ao redor de 48 milhões a 49 milhões de toneladas [em 2013, foram 46,1 milhões de t]. Obviamente estamos observando agora a colheita. Temos previsão que por enquanto dá sinais positivos. Os embarques de açúcar, em função do acidente do terminal em Santos, devem crescer, mas nós queremos mantê-los nos berços 201 e 204 para que isso não venha prejudicar de nenhuma forma o produtor paranaense. Esperamos que São Pedro ajude e não chova tanto para que a gente consigamos fazer uma movimentação maior.

Esse acidente em Santos já elevou os embarques de açúcar em Paranaguá?

Sim. Na verdade, está elevando gradualmente porque não conseguimos virar a operação tão rapidamente como eles gostariam. Até porque nós já tínhamos contratos todos já estabelecidos até o final do ano [2013]. Esse acidente de Santos deixa uma lição muito importante, que é a fragilidade do sistema. Basta sair um terminal do ar lá em Santos para provocar um efeito devastador no interior de São Paulo, para quem estava produzindo, para os contratos e para os portos vizinhos, que não tinham aquela movimentação, mas vão ter de se esforçar para fazer.

Em quanto Paranaguá ainda pode ajudar Santos?

Da demanda que eles tinham programado, acredito que 1 milhão de toneladas ou um pouco mais a gente consegue encaixar aqui. Pode parecer pouco, mas é muito.

O que muda na estrutura do Porto de Paranaguá em 2014?

Pela primeira vez na história vamos entrar 100% dragado como ele deveria ser, de acordo com o projeto geométrico. Vamos instalar o primeiro shiploader [carregador] novo no primeiro semestre, dando nova potência ao sistema, trocando balanças, reformando portarias, reformando os pavimentos, que estão arrebentados hoje. Estamos concluindo o projeto que vai ampliar o pátio de triagem. Mas o maior deles é a forma como estamos tratando o ‘problema’ da safra de 200 milhões de toneladas junto com os operadores. Nós temos reuniões diárias para minimizar as perdas, no sentido de fazer o melhor para o produtor. Acho que nunca houve tanta sinergia nesse sentido. E esse vai ser o grande desafio de 2014.

Os portos no Arco-Norte podem desviar o olhar do governo federal do Sul?

Acredito que não. Esses portos quando estiverem funcionando, e isso deve demorar um pouco, porque precisa se terminar estrada e ferrovias, vão atender o segmento do Norte de Mato Grosso e as novas fronteiras, no Pará, Maranhão, e a região do Mapito [Maranhão, Piauí e Tocantins]. A nossa ideia é melhorar o nível de serviço aqui, de atendimento, para que o cliente possa reputar um preço maior no seu produto, ou seja, vamos nos preocupar com a entrega do produto. Eles lá vão trabalhar no conjunto de commodities. Nosso mercado é cativo, nosso principal cliente é o Paraná e continuará sendo, pelas condições e características. E como o porto é nacional, nós atenderemos os demais também. Não acredito de nenhuma forma que seremos prejudicados por A, B ou C.

E como fica Antonina?

O terminal privado está fazendo grandes investimentos em armazenagem. Em função do aumento, estamos conseguindo reativar o terminal Barão de Tefé, que sempre foi um sonho. Toda vez que aquilo começava a funcionar, dois meses depois parava. Agora, com essa movimentação já estamos fazendo o primeiro armazém. Arrumamos a sede, porque as pessoas não tinham onde ficar, não havia um banheiro para os motoristas. Antonina se posicionou na importação de cloreto de potássio, que é muito importante para Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e deve ter um destaque especial para isso, porque é uma plataforma de descarga que vai baratear o custo no final da ponta, que é o cooperado, o produtor rural.

Embarques: Confira o balanço da Appa sobre as exportações de soja, milho e farelo de soja no ano passado.

Qual o balanço que você faz de 2013 em relação à movimentação de cargas em Paranaguá?2013 foi um ano de muita produção de todos os segmentos de graneis de exportação. De trabalho e cooperação entre as empresas, operadores portuários privados, porque os volumes aumentaram. Nós tínhamos que fazer isso de forma adequada. Apesar da movimentação maior, acabamos o ano sem filas de caminhões. Se a gente comparar os navios que esperavam em 2012 e os que esperam em 2013 com uma carga maior já movimentada, o número atual é bem menor. Ou seja, estamos conseguindo atender o cliente de forma mais organizada e menos onerosa, com uma sistemática que a gente busca para o porto.

A movimentação de cargas poderia ser maior?Eu acho que não. Estamos fazendo o ideal. Aumentamos muito a movimentação do farelo de soja. Toda vez que aumentamos farelo, pela característica do produto, temos de deixar de movimentar os grãos. O lado bom de movimentar esse produto, é que o valor agregado é muito maior. Isso deixa divisas, gera emprego. Vamos bater o recorde no farelo, que é uma das cosias mais importantes para o estado.

Por que as exportações de farelo de soja crescem tanto em Paranaguá?O estado tem essa tradição de movimentação alta. Neste ano, eu acredito que pelos preços estarem positivos, nós estamos exportando muito farelo segregado. Temos hoje farelo que atende a alimentação para peixes, proteína animal como um todo. Enfim, é um complexo novo no sentido de novos mercados, clientes específicos, melhores preços... E o porto não escolhe a carga. Se hoje o melhor é exportar farelo, nós vamos fazer assim.

Quem são os novos clientes?Eu não posso falar o nome de nenhuma das empresas grandes. Mas a maior parte está no mercado europeu. O mercado asiático ainda está ainda na commodity tradicional, está no grão. Eles têm lá a parte de moagem muito grande, mas o conjunto europeu está preocupado com o farelo, é o caso de França, Alemanha. Os portos do Norte da Europa são grandes compradores do farelo brasileiro.

E por que Paranaguá não está conseguindo acompanhar o ritmo de exportações nacionais de milho?É uma questão de opção. Nosso cliente optou pelo farelo e soja, mais do que o milho. O milho está com problema de preço. Como disse, a gente não escolhe a carga. O milho está com dias mais difíceis de preço, mas vai retomar, apesar de os EUA estarem retomando a produção. O porto é resultado da comercialização, do mercado.

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