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Ligação ferroviária direta com região Norte pode atrair tradings do agronegócio, avaliam especialistas. | Antonio Costa / Gazeta Do Povo
Ligação ferroviária direta com região Norte pode atrair tradings do agronegócio, avaliam especialistas.| Foto: Antonio Costa / Gazeta Do Povo

Na avaliação de especialistas, o novo Programa de Investimento em Logística (PIL), anunciado na semana passada, pode atrair novos players para o setor de ferrovias, hoje dominado por quatro empresas. Um dos trechos que serão leiloados conecta Lucas do Rio Verde (MT) a Miritituba (PA), criando uma alternativa para o escoamento da soja para a região Norte. Analistas avaliam que as empresas que comercializam grãos no país e que hoje dependem de ferrovias de terceiros para alcançar portos do Sul e do Sudeste teriam interesse em participar da disputa. Duas delas, a americana ADM e a francesa Dreyfus, dizem que "estão atentas a oportunidades" do PIL. O trecho tem 1.140 quilômetros e estimativa de demanda de investimentos de R$ 9,9 bilhões.

“É o projeto capaz de atrair o agronegócio. Grandes traders [comercializadoras de grãos] podem se interessar e reduzir a dependência em relação aos corredores de exportação de Sul e Sudeste” diz Rodrigo Villaça, ex-presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF).

A maior parte da produção de grãos é exportada pelos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR), que estão saturados. As quatro traders com forte atuação no agronegócio - ADM, Bunge, Cargill e Dreyfus - concentram operações nesses terminais, mas buscam rotas pelo Norte.

A ADM opera, desde setembro de 2014, um terminal portuário em Barcarena (PA), o que ampliou a logística de transportes de grãos ao exterior. A empresa disse que "se mantém atenta a novas oportunidades de melhorias em relação à logística de escoamento de grãos". A Dreyfus disse que "está atenta às oportunidades de negócios do PIL, incluindo, mas não se limitando, aos projetos de infraestrutura da Região Norte". A empresa faz o escoamento de grãos por portos como o de Itaqui (em São Luís, no Maranhão), Santos (SP), Paranaguá (PR), Tubarão (ES), Rio Grande (RS) e Aratu (BA), e estuda investimentos em novos corredores logísticos.

Bunge e Cargill buscam rotas alternativas que passam por Miritituba. As duas evitaram comentar a possibilidade de participar dos leilões de ferrovias, mas confirmaram seu interesse no corredor Norte.

A Bunge investiu R$ 700 milhões na infraestrutura portuária e na logística, esta última em parceria com a Amaggi, para viabilizar nova rota de escoamento. Os grãos seguem do Centro-Oeste por caminhão pela BR-163 até a estação de transbordo em Miritituba, de onde a carga é transportada em barcaças pelo Rio Tapajós até o Porto de Vila do Conde (PA). A Cargill vai construir estação de transbordo em Miritituba, mas usará o Porto de Santarém, onde já possui um terminal.

Para Renato Pavan, da consultoria Macrologística, o interesse das traders na ferrovia é real. Ele pondera, porém, que o governo deveria ter estendido o trecho a ser concedido nos dois extremos: no Pará, até Santarém, e no Mato Grosso, até Rondonópolis. Isso permitiria que a ferrovia fosse usada pelas indústrias da Zona Franca de Manaus para alcançar o mercado paulista, maior consumidor dos produtos industrializados amazonenses. Os itens iriam de Manaus a Santarém em barcaças e seguiriam por ferrovia até Rondonópolis, onde há conexão com outra ferrovia até São Paulo. Hoje, o trajeto é feito por rodovias ou cabotagem.

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