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A expectativa é ampliar a participação do modal ferroviário no país nos próximos anos. Mas a expansão só será viável se a estrutura for ampliada e melhorada. | HUGO HARADA/HUGO HARADA
A expectativa é ampliar a participação do modal ferroviário no país nos próximos anos. Mas a expansão só será viável se a estrutura for ampliada e melhorada.| Foto: HUGO HARADA/HUGO HARADA

O Brasil está voltando a andar nos trilhos. De acordo com a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), 25% dos grãos produzidos no país são transportados por ferrovias, isso representa 53,7 milhões de toneladas, um recorde para o setor. Ao todo, conforme números da Expedição Safra, o Brasil deve colher 215 milhões de toneladas de grãos na safra 2015/16.

Terminais no Tocantins prometem movimentar grãos no Centro-Norte

Dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apontam que, embora Mato Grosso, Goiás, Pará, Tocantins, Maranhão, Bahia e Piauí produzam juntos mais da metade da produção nacional de soja e milho, menos de 20% dos grãos provenientes dessas regiões são escoados através dos portos do Norte e Nordeste. O restante ainda utiliza a infraestrutura do Sul e Sudeste.

Para impulsionar o volume de grãos transportados através do corredor Centro-Norte, que engloba Tocantins e Maranhão em 720 km de trilhos, e aumentar a agilidade do escoamento pela ferrovia até o porto, a Valor Logística Integrada (VLI) inaugurou em março dois novos terminais intermodais, destinados ao transbordo e armazenagem, em Porto Nacional e Palmeirante (TO). De lá, os vagões seguem pela Ferrovia Norte Sul ou pela Estrada de Ferro Carajás até o Porto de Itaqui (MA). Os investimentos são impulsionados pelo potencial da região e pela demanda de transporte ferroviário, principalmente, para grãos. Além da inauguração dos novos terminais, a empresa também investiu na construção do ramal ferroviário de acesso ao Tegram.

Entre 2012 e 2015, o escoamento de grãos aumentou de 2,6 para 4,2 milhões de toneladas, 55% do volume total escoado no trecho. Com os novos terminais, eles terão capacidade para movimentar cerca de seis milhões de toneladas a mais por ano de soja, milho e farelo. “Absorver essa capacidade efetivamente dependerá da demanda por transporte na região de influência do Corredor, mas acreditamos muito no crescimento dessa nova fronteira agrícola, sobretudo, do Matopiba, por isso estamos apostando nos investimentos”, afirma o diretor comercial, Fabiano Lorenzi.

O Terminal Integrador Porto Nacional tem capacidade para armazenar até 60 mil toneladas de grãos e movimentar 2,6 milhões de toneladas por ano. Já o Terminal de Palmeirante possui um armazém de 90 mil toneladas, que já é considerada a maior estrutura de armazenagem do Tocantins, e pode expedir até 3,4 milhões por ano.

No Porto de Paranaguá, a descarga de vagões de soja saltou 67% no primeiro trimestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2015, e atingiu cerca de 60 mil toneladas. Somente em fevereiro, foram 23,4 mil toneladas, três vezes mais do que no mesmo mês do ano passado. “Estou muito otimista com o segmento de ferrovias. É o futuro”, explica o diretor-presidente do Porto de Paranaguá, Luiz Henrique Dividino.

A Rumo ALL, maior empresa de logística ferroviária do país, com 13 mil quilômetros de malha, informa que em 2015, o volume de grãos nas linhas administradas pela companhia foi de 25 milhões toneladas, pouco mais da metade de tudo o que foi transportado: 46,9 milhões. De acordo com a empresa, 15 mi de t foram para o Porto de Santos, maior corredor de exportação do país, e 7 mi de t foram para Paranaguá. A empresa envia diariamente, de Mato Grosso para Santos, nove comboios ferroviários de cerca de 80 vagões carregados com 50 mil toneladas de soja, volume equivalente a um navio carregado de grãos ou 1,4 mil caminhões.

O crescimento do transporte ferroviário de grãos é resultado do incremento da produtividade no campo, do aumento nas exportações e do baixo custo em comparação ao transporte rodoviário. Os produtos mais embarcados são a soja, o farelo e o milho.

Na Valor Logística Integrada (VLI), o transporte de soja e milho representou um terço da movimentação da companhia em 2015. Aproximadamente 15 milhões de toneladas de grãos foram embarcados no 7,2 mil quilômetros de ferrovias da empresa. “A VLI tem um plano de investimento com o objetivo de ampliar a capacidade de transporte das ferrovias de sua concessão e também tornar o sistema mais eficiente, reduzindo gargalos. Com a construção de terminais integradores de carga, melhorias na malha férrea, ampliação de portos e aquisição de locomotivas e vagões, a companhia pretende atingir uma capacidade anual de 22,5 milhões de toneladas de soja, farelo e milho”, afirma o diretor comercial, Fabiano Lorenzi.

Percalços

Segundo o diretor-executivo da ANTF, Fernando Simões Paes, a expectativa é ampliar a participação do modal ferroviário no país nos próximos anos. Mas a expansão só será viável, explica, se a estrutura for ampliada e melhorada. “A quantidade da malha brasileira é baixa e perde para vários países, inclusive para a Argentina. Apesar disso, o Brasil tem grande potencial no setor”, afirma Paes.

Para o gerente operacional dos terminais da Seara Agronegócio, Vitor Goltz, existe uma pressão muito grande sobre as ferrovias por ser um modal mais barato, mas os problemas ainda são grandes. “Claro que é uma demanda crescente, mas esbarra na questão da infraestrutura deficitária. Faltam vagões, faltam linhas e outros pontos de trasbordo. A demanda crescente, mas não consegue atender na velocidade que gostaríamos”, afirma Goltz.

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