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Os terminais portuários já trabalhavam com grãos armazenados anteriormente, mas à medida que a paralisação continua, os volumes caem ,enquanto a preocupação aumenta. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Os terminais portuários já trabalhavam com grãos armazenados anteriormente, mas à medida que a paralisação continua, os volumes caem ,enquanto a preocupação aumenta.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

O cenário de caminhoneiros parados e estradas bloqueadas ao longo de uma semana já liga o sinal de alerta no mercado de grãos. Veículos carregados com soja e milho simplesmente não conseguiram chegar aos portos e processadoras, empacando o andamento da safra em maio.

Por um lado, os terminais portuários já trabalhavam com grãos armazenados anteriormente, mas à medida que a paralisação continua, os volumes caem, enquanto a preocupação aumenta. No Porto de Paranaguá, por exemplo, a movimentação total havia caído 27% até quinta-feira, em função da greve. Com relação aos grãos, os estoques a 51% eram suficientes para embarcar 60 mil toneladas por dia (15 mil toneladas a menos que a média).

“Até agora, não ouvimos nada em relação a atraso de navio por causa da greve, mas, daqui a pouco, vai começar, porque já se passou uma semana sem chegar carga. Se não resolver nesse fim de semana, na próxima teremos problemas”, diz o analista da Granopar, Aldo Lobo.

Com a colheita do milho safrinha se aproximando, o volume represado de soja, dependendo da duração do movimento, pode impactar no escoamento do cereal, também, na avaliação de Adriano Gomes, da AgRural. “E tem a questão dos combustíveis. Já temos lavouras prontas de milho e o produtor precisa de diesel para colher”, diz. “Além disso, várias indústrias esmagadoras pararam porque não conseguem escoar volume e nem originar produto.”

“A gente não consegue mais mandar nada para o porto, está tudo obstruído”, afirma o secretário executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Fábio Trigueirinho. “A capacidade de armazenagem de farelo e tancagem de óleo chegou ao limite. Normalmente temos armazéns maiores para a soja, porque a gente compra e, em alguns momentos, recebe muita coisa. Agora, de farelo e óleo, a gente vai produzindo e já mandando para os clientes e para o porto, então não tem um pulmão tão grande.”

Preços

Segundo os analistas consultados pelo Agronegócio Gazeta do Povo, em relação aos preços, o mercado ainda não sentiu o peso da greve dos caminhoneiros. Ao menos por enquanto.

“Se comparar com a soja disponível em relação à semana retrasada, não tem nenhum aumento ou queda significativa”, comenta Adriano Gomes. “Não sentimos efeito direto nos preços, mas sim na presença de compradores no mercado, porque não tem produto para entrega imediata, só em prazo mais longo.”

“O maior empecilho por enquanto é que se a soja não for entregue, não há pagamento. Os compradores não estão liberando cotas”, comenta Aldo Lobo. “O prêmio [para exportação] na verdade caiu bastante. Para setembro, em que chegou a R$ 190, agora caiu para a faixa de R$ 70. Mas Chicago se recuperou um pouco e o preço do mercado acabou se mantendo.”

Em Chicago, aliás, o foco tem sido o avanço nas negociações entre Estados Unidos e China. Contudo, para os norte-americanos, uma greve mais longa no Brasil pode dar mais fôlego aos negócios.

“Hoje o foco é Estados Unidos e China, e quanto de demanda os chineses levarão para os EUA. O Brasil já exportou muita soja. Então não há uma fila de navios esperando, igual tivemos em 2015, quando a greve era no início do ano, com o pico de escoamento”, avalia o analista da AgResource Brasil em Chicago, Tarso Veloso. “Mas uma greve longa vai dar suporte às cotações, porque significa que o Brasil vai perder demanda. E os EUA devem ganhar.”

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