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| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O presidente interino, Hamilton Mourão, negou que a decisão da Arábia Saudita de suspender a compra de frango brasileiro tenha relação com a possibilidade de a embaixada do Brasil em Israel ser transferida de Tel-Aviv para Jerusalém.

“Não tem nada a ver com essa questão de embaixada, até porque, qual foi a declaração do nosso representante na ONU? Que existe um Estado de israel e um Estado palestino, conforme nós reconhecemos desde 1947, então nada mudou”, afirmou. 

O vice-presidente, que assumiu o Palácio do Planalto com a viagem do presidente Jair Bolsonaro a Davos, na Suíça, disse ter recebido dados de que a decisão do país árabe está relacionada ao desejo deles de criarem aves em território nacional. 

“O dado que eu tenho, que não é confirmado ainda é de que eles pretendem também produzir frangos lá na Arábia Saudita. Óbvio que vai sair mais caro mas eles têm dinheiro”, disse.

O país do Oriente Médio, maior importador de carne de frango do Brasil, desabilitou 33 frigoríficos da lista dos exportadores brasileiros para o país.

Dos 58 frigoríficos habilitados pelo Ministério da Agricultura para exportar para o país, restaram apenas 25 na lista dos árabes. Em 33 deles, a Arábia Saudita exige alguns acertos para que voltem a exportar.

Segundo Mourão, a decisão se deu depois de os sauditas visitarem o Brasil em outubro do ano passado para verificar as condições de frigoríficos e granjas.

“Eles tinham uma ideia de cortar as importações do Brasil para 400 mil toneladas, nós estamos exportando em torno de 600 mil. Então é isso que está acontecendo”, justificou.

>> Frigoríficos descredenciados: entenda o “recado” dos árabes ao governo brasileiro

A declaração desta quarta-feira (23) difere de comentário feito pelo interino na terça (22), quando ele disse que se a Arábia Saudita tomou a decisão de suspender a compra de frango por conta da questão diplomática, “está se antecipando ao inimigo”.

A promessa feita por Bolsonaro ainda durante a campanha, de copiar os EUA de Donald Trump para situar a sede da embaixada em Israel, já trouxe críticas e preocupação da comunidade árabe, com quem o Brasil mantém estreitas relações comerciais. 

A mudança não foi confirmada ainda pelo governo brasileiro. Um dos filhos do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), disse recentemente que não se tratava de “se” a embaixada seria transferida, mas “quando”.

Afirmação semelhante foi feita pelo primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, em visita ao Brasil em dezembro. 

Sobre questões diplomáticas, Mourão também negou que o governo brasileiro possa fechar a embaixada da Palestina no Brasil, como chegou a sugerir Bolsonaro durante a campanha.

No período eleitoral, o presidente disse que se vencesse nas urnas retiraria a representação de perto do Palácio do Planalto.

“Nada disso. Os dois Estados são reconhecidos o resto tudo é retórica e ilação. Aguardem os atos”, afirmou.

>> Postura pró-Israel de Bolsonaro coloca em risco as exportações para os países árabes

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