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Mesmo com as importações mais altas, preço do chocolate não deve subir para o consumidor. | Antônio More/Gazeta do Povo
Mesmo com as importações mais altas, preço do chocolate não deve subir para o consumidor.| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

O clima não colaborou, os estoques não eram dos maiores e o povo tem fome de chocolate. A combinação nada doce fez com que o Brasil fosse obrigado a importar 54 mil toneladas de cacau no primeiro semestre de 2017 para dar conta de abastecer o mercado interno. Comparativamente, nos 12 meses do ano passado, foram 57 mil toneladas importadas e em 2015, 11 mil toneladas.

As compras externas deste ano representaram metade do consumo local para o primeiro semestre (que exigiu o processamento de 113 mil toneladas de cacau) e o maior volume já trazido de fora do país para o período.

O mercado de chocolate só não amargou de vez porque, na África, onde mais se produz cacau no mundo, a colheita foi farta, o que levou a uma queda de 15% dos preços no exterior. “O preço no mercado internacional caiu muito no ano passado, então o impacto dessas importações para a indústria foi praticamente nulo, apesar do aumento da demanda interna”, diz o presidente do Sincabima, sindicato que representa as indústrias de chocolate no Paraná, Rommel Barion. “Se a gente não abastecesse o mercado interno, aí sim o preço final subiria.”

No caso do cacau, o problema em 2017 foi o excesso de chuvas, após a intensa estiagem – que também foi prejudicial – no ano passado.Letícia Akemi/Gazeta do Povo

De acordo com Barion, com estimativa de crescimento no consumo interno em torno de 6% em 2017 – cada brasileiro come em média, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 2,6 kg por ano – as barras de chocolate por aqui tendem a ficar ainda mais “internacionalizadas”. Apesar disso, o valor pago pelo consumidor não deve subir. “Tivemos aumento de custos com energia e frete, mas os insumos estão mais baratos, então estabiliza o preço. Não há previsão de aumento até a páscoa do ano que vem”, garante.

Clima rodou a baiana

Segundo a consultoria INTL FC Stone, o clima foi pouco favorável ao longo da safra. Com isso, a produção de cacau no primeiro semestre deste ano somou 65 mil toneladas e amargou o segundo pior resultado dos últimos sete anos para o período, à frente apenas do primeiro semestre de 2016, quando foram colhidas 45 mil toneladas.

“A cacauicultura brasileira foi prejudicada pelas chuvas fora de época na Bahia, estado que em 2015/16 foi responsável por 66% da produção de cacau no Brasil”, explica o analista de mercado da INTL FCStone, Fábio Rezende.

No caso do cacau, o problema em 2017 foi o excesso de chuvas, após a intensa estiagem – que também foi prejudicial – no ano passado. O volume acumulado no Sul da Bahia entre abril e agosto, meses de colheita do temporão (uma das duas colheitas anuais para plantas a partir de cinco anos), ficou em 585 mm, quando a média histórica para esta época do ano é de 470 mm. Embora ajude o cacaueiro nas épocas de mais calor, as chuvas excessivas interferem no florescimento e, consequentemente, na geração de frutos, além de atrapalharem a colheita e a secagem do cacau. O Brasil deve fechar a safra 2016/17 com 190 mil toneladas colhidas, contra 140 mil toneladas da temporada 2015/16 e 230 mil toneladas no ciclo 2014/15, conforme a Organização Internacional do Cacau (ICCO).

Estoques e preços

Com as importações dos últimos 12 meses, os estoques de cacau voltaram a ficar mais confortáveis segundo a FC Stone, passando de 66 mil toneladas no final do terceiro trimestre de 2016 para 83 mil toneladas no último mês, o que já supera a média de cinco anos de 82 mil toneladas. O resultado é que caiu a diferença entre os preços no mercado físico brasileiro e os contratos futuros de referência na bolsa de Nova York. “Em agosto do ano passado, o cacau em Ilhéus-BA exibia um ágio de US$ 361/t em relação à bolsa, valor que já recuou para US$ 176 na média de agosto”, analisa Fábio Rezende.

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